Lágrima Negra ( LIVRO I E II)

Parte II - Capitulo 16

Nos dias que se seguiram, eu tentei de alguma forma esquecer o que tinha acontecido naquele dia, e ao mesmo tempo tentar perceber o que tinha acontecido com Adriel, depois que ele tratou de mim tão ternamente, ele simplesmente foi embora sem nunca mais voltar.

Ele não se preocupa como estou? Como me sinto depois que aquele nojento tentou me tocar?

Adriel não se importa... Ele apenas me odeia.

Já havia anoitecido, Nolan, o novo rapaz de confiança de Adriel, o mesmo que estava substituindo Gabriel, havia acabado de sair do meu quarto, com a bandeja de comida completamente vazia.

Percebi que deixar de comer não era solução, eu não quero nem vou morrer pelas mãos de Adriel ou qualquer outra pessoa.

Tomei um banho longo, e sem nenhum pijama para vestir, coloquei o único vestido limpo que tinha no momento em meu quarto, era branco, curto, na altura das coxas.

Eu ainda não me acostumei, com os vestidos extremamente curtos que Nolan sempre trazia.

Percebendo minha carranca, ele sempre dizia " Foi o senhor Adriel que escolheu"

Diferente de Gabriel, Nolan era amigável, me tratava muito bem, e por vezes quando ele percebia que eu estava a ponto de enlouquecer sozinha nesse quarto, ele me fazia companhia.

Revirei-me na cama várias vezes, não consegui dormir, empurrei as cobertas para longe, e aproximei-me da janela que dava acesso para a varanda

Como eu iria sair daqui?

Eu comecei a andar pelo quarto, isso ajudava-me a pensar melhor.

"Droga" rosnei frustrada

Porque simplesmente eu não me lembrava de alguma ideia. Sentei na cama, e olhei para a minha própria sombra refletida no escuro.

Como eu não me lembrei disso antes.

Longe de Adriel, as sombras poderiam me obedecer certo?

Eu cerrei os olhos, e chamei pela escuridão dentro de mim, nada.

Então eu me concentrei com mais afinco, pensei em milhares de sombras, senti a escuridão me abraçando, me envolvendo como uma só carne.

"Me ajudem a sair daqui." Pedi

Meus olhos involuntariamente se abriram quando ouvi o barulho da porta sendo aberta.

Levantei da cama, pensando que se tratava de Adriel, mas ninguém entrou no quarto, em vez disso, várias sombras saíram de mim, e seguiram na direção da porta.

Não pude deixar de sorrir, a escuridão estava me ajudando.

Segui as sombras pelo corredor, elas pararam numa porta, e essa se abriu sozinha.

Entrei no cômodo escuro, tratava-se de um quarto, havia uma cama de dossel no meio do quarto, as sombras passaram por ela, tive vontade de pular de alegria, quando elas abriram a janela. As sombras voltaram a entrar dentro de mim. E eu soube que essa era minha chance.

Aproximei-me da janela, diretamente abaixo dela tinha uma grossa folhagem de algum tipo.

Eu não conseguia ver claramente e só esperava que não fosse uma roseira ou algo igualmente afiado.

Eu subi na beirada, e quase podia sentir o gosto da liberdade.

Suspirei e saltei da janela.

Grunhi quando atingi o chão.

Doeu.

O arbusto não era particularmente afiado e pontudo, mas não era suave, mas suavizou um pouco minha queda.