Parte II - Epílogo

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O governante das trevas encarou o portão do submundo e logo depois o corpo daquela jovem.
Uma garota que morreu por alguém destinado a odiar a pobre jovem.

Uma vez mais quebrada, perdida, a deriva... Até alcançar esse amor cruel.

Ela foi uma humana que inconscientemente tinha o que ele necessitava muitos séculos atrás, onde tudo começou.

Onde Lilith o levou até aquela família peculiar e bastante especial.

Grandwood.

Aquela jovem tinha um céu em seu coração, e um amor puro pelas pessoas que a cercavam.

E por ser demasiado sensível e sentir tudo em profundas dimensões ela caiu no amor por alguém que foi criado para a destruir. Para que ela nunca morresse eternamente. Um amor que a fez negar a luz e a escuridão.

Presa no plano terrestre e alimentando assim um pouco de luz que o submundo necessita para manter algum equilíbrio.

O ser obscuro da noite e da escuridão pode inclusive sentir a dor de Elise mesmo que sua alma não se encontre mais naquele corpo

Ele sabia que esse ciclo estava terminado.

Eles já viveram mil vidas, mil vidas em que ela morreu por Adriel, e ele viveu esperando por ela. Odiando a garota.

Com a diferença que em cada vida que ela ganha, ele vai gostando um pouco mais dela, até que finalmente Elise possa conseguir seu amor.

E isso é algo que ele não quer...

E agora...

Finalmente ele morreu.

O ciclo estava em seu final.

Ele recuou um passo, sentindo como aquela jovem era tão especial...

Ela era a conexão que ele tinha com o plano terrestre.... A luz que ele não podia nunca alcançar.

Quando está prestes a deixar Tártaro, um lugar sombrio, onde os injustos são mantidos em agonia e tortura enquanto aguardam seu julgamento final, uma mão toca em seu ombro

Ele observa seu servo demoníaco que o segue para todo lugar, surgindo do seu lado

-O que vai acontecer agora, mestre? Digo em relação ao que ela carrega...

Seu servo aponta na direção do enorme ventre da jovem.

-Seu corpo vai trazer ao mundo aquele bebê. Ele explica

-A escuridão do submundo tem poder suficiente para manter vivo aquele bebê no ventre da humana morta. Seu servo suspira perante sua própria confissão. - O que vai acontecer ao bebê depois que nascer no submundo?

-Será levado para o plano terrestre. Seu mestre responde pensativo.

-E o corpo de Elise?

-Se desintegra assim como aconteceu com Adriel. Ela morreu.

Seu servo anui com algum pesar.

- Ela pode levar você até ao final?- Ele observa o ventre enorme na sua frente

O governante do submundo sorri ao ouvir aquela afirmação tão clara para ele.

-Ela já me levou, para existir escuridão é necessário luz, Elise foi criada para a luz, o bebê que ela carrega é a escuridão, e consequentemente me deixou mais perto.-

Seu servo encara o Caronte, que é o responsável por transportar as almas dos mortos pelo rio Aqueronte, que separa o mundo dos vivos do mundo dos mortos.

-Lilith criou os vampiros para fortalecer meu mestre. E depois disso surgiu a magia e os lobos, todos esses seres obscuros alimentam seu poder.

O ser obscuro, anui pensativo.

-Lilith negou o céu, e então incapaz de aceitar a solidão criou filhos sangrentos, eu neguei o céu e fiquei com a morte. No final não somos muito diferentes da humanidade.

-Como?

-Todos tememos a solidão.

E com isso o ser obscuro se afasta, entrando no portal do submundo

Seu lugar é a morte, até conseguir obter o que tanto procura.

Até encontrar seu próprio equilíbrio.

Lágrima Negra ( LIVRO I E II) Onde histórias criam vida. Descubra agora