Lágrima Negra ( LIVRO I E II)

Parte II - Capitulo 1

5 MESES DEPOIS

O sol está nascendo no céu, sua luz quente pronta para tocar no rosto, e iluminar o caminho de tantas pessoas, é apenas mais um dia no meio de tantos outros.

Eu conduzo no meio da pequena cidade deserta de Hoodsport, as pessoas não acordam tão cedo, ou pelo menos não revelam seu rosto pela calçada enquanto o sol rouba o lugar da noite.

Alguns minutos depois estaciono meu carro no jardim

Eu ando em bicos de pé para não acordar ninguém, meus sapatos de salto estão em minha mão, enquanto subo as escadas para o piso superior.

Uma vez no meu quarto, retiro toda roupa, entrando no banheiro

Dentro da box, eu esfrego meu corpo, enquanto a água fria desce pela pele

Por um longo tempo fiquei ali no banheiro, purgando na água fria minha alma, que de algum modo, estava se entregando cada vez mais a escuridão

Meia hora depois, sequei e coloquei uma calça jeans negra, junto com uma camiseta do mesmo tom, fui até a penteadeira, vi o livro de minha mãe.

Depois daquele dia eu nunca mais toquei nele.

Com as pontas dos dedos acariciei o retrado de mamãe.

Sentei sobre a cama, e apertei com mais força o objeto.

Fazia 5 meses desde que Adriel usou todo o poder da lágrima, 5 meses desde que ele desapareceu do mapa com seus irmãos.

5 meses desde que terminei a escola e me isolei dentro de casa.

Ariadne procurou por Adriel e o poder da lágrima por todo lugar, mas sem sucesso.

Apenas sabíamos que estavam desaparecendo jovens por todas as cidades não muito longe de Hoodsport.

Eu não sabia o que ele estava planeando mas tinha certeza que libertar Lilith seria algo Adriel iria fazer.

Cerrando os olhos, de repente surgiu em minha mente uma lembrança muito estranha.

Eu estava numa casa ao estilo colonial, a chuva batia fortemente contra as janelas

Meus cabelos arrumados num coque, o vestido negro longo e pomposo se arrastando pela escuridão do hambiente, as chamas do candelabro piscavam fracamente mas havia um brilho ardente na noite que aquecia até a alma mais gelada

Embora fosse eu, me sentia estranha.

A minha outra versão era mais sombria.

-Você está pronta? - Hades apareceu na frente da minha versão, que acenou levemente.

Ele usava roupas de época, embora negras, assim como um caçador noturno

-Sim.

-Nossa família nos espera. Ele soltou com uma leve cautela

-Vai ser uma noite memorável - Minha versão respondeu serena

Hades assentiu com a cabeça, enquanto as chamas da lareira chocavam contra sua pele

Quando abri novamente os olhos, senti as lágrimas derramarem como cascatas pela minha face.

Não entendia porque me sentia desse jeito, vazia, nostálgica, pela metade.

Suspirei, e cerrei os olhos, tentando alcançar em minha mente, novas lembranças, que até então eu desconhecia existir dentro de mim, mas nada surgiu.

Olhei o quarto tentando de algum modo empurrar para longe a tristeza que perdura na minha alma, embora me alimente dela para me manter de pé mais um dia.