Parte II - Capítulo 6

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Naquela mesma noite, eu acabei despertando de um sonho ruim, que me fez sair da cama meio trémula, olhando a noite lá fora, eu havia dormido toda tarde.

A passos lentos fui até a cozinha, retirei da geladeira um suco de maracujá, claramente Hades comprou comida apenas por um dia, ele era tão ruim assim cuidando de uma casa?

Fiquei surpresa ao descobrir que Hades estava encostado na porta, me observando. Ele sorriu.

Eu dei um pulo inesperado de susto, aturdida com aquele sorriso estranhamente sedutor.

Para meu horror, fiquei tão assustada que deixei cair o suco.

Hades se aproximou, e se curvou para pegar os cacos, e jogar na lata de lixo.

-Quando vai parar de me observar pelos cantos - Questionei em voz baixa.

- Você parece um pouco perturbada, Elise. O que aconteceu?- As sobrancelhas dele se ergueram com um ar de preocupação. Era tudo só fachada, pois havia um fulgor zombeteiro em seus olhos.

-Você precisa parar de me observar pelos cantos, isso é arrepiante -

-Por que eu iria parar de observar você?-

-Porque eu não gosto do jeito que você me olha-cuspi, cruzando os braços com força, subitamente sentindo muito frio.

Queria sair e ir para o mais longe possível de Hades.

Ele passou a mão no queixo. Um gesto de avaliação que já se tornara familiar.

-Porque você está tão irritada?

-Porque eu não gosto da maneira que você me olha... -

-Ou talvez você goste, e isso esteja irritando você-

-Retire o que disse-grunhi

-Você está irritadiça, porque esta sentindo desejo, você gosta do que vê. Você discorda?

Ele estava fazendo aquilo com o único propósito de me provocar, e isso só me irritava mais.

-Você vai me deixar ir embora agora. - Rosnei

- Negativo. Gosto da sua companhia.

O que eu deveria dizer diante daquilo? Obviamente ele estava tentando provocar em mim alguma reação.

-Eu não serei sua prisioneira por muito tempo - Sibilei tensa, porém educada.

Hades caiu na gargalhada, como se estivesse curtindo sozinho uma piadinha particular.

Pela primeira vez desejei saber em que ele estava pensando.

Eu sou o bobo da corte?

- Algo mais, Elise? - perguntou.

- Não - respondi. - Vou para meu quarto - Disse perdendo a sede.

Merda... eu falei " meu quarto?"

-Quer companhia?- Ele piscou. Piscou de verdade.

Eu levantei minha mão no ar, e mostrei-lhe o dedo do meio.

Ele soltou uma leve gargalhada

Já de costas, sem que ele notasse, eu sorri.

Lágrima Negra ( LIVRO I E II) Onde histórias criam vida. Descubra agora