Parte II - Capítulo 10

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Depois do que aconteceu, Ariadne foi ter com o clã obscuris.

Eu queria ir ao encontro dele, mas Ariadne e Hadassa acharam por bem, que não era o momento, eu precisava praticar meus poderes ou seria nossa derrota.

No dia seguinte, eu pedi para Amber ficar na minha casa, achei que seria mais seguro.

Depois do jantar, Amber e eu ficamos assistindo um pouco de tv, na sala.

Mas sem vontade de assistir o noticiário, decidimos subir para o quarto.

Eu me aninhei na minha cama, grata por um pouco de suavidade, Amber deitou do meu lado, e me perguntei se Adriel iria entrar novamente na minha mente mas não o fez.

Eu não sonhei.

Eu acordei, no entanto, acordei ouvindo uma voz dentro da minha mente, era uma voz que eu conhecia, ela ficou retumbando por diversas vezes

"Levante-se Elise. Há algo perigoso por perto."

Senti uma náusea passando por mim.

A voz da minha mãe continuou na minha mente

" O perigo se aproxima Elise"

Eu levantei rapidamente, cada parte de mim acordada e alerta.

Amber estava deitada, seu rosto em paz enquanto dormia.

Eu não iria permitir que algo acontecesse com meu pai, Cibelle ou qualquer um.

Saindo silenciosamente da cama, eu sai do quarto sem perturbar Amber.

Ninguém estava acordado, depois que percorri a casa toda em silêncio, eu percebi que o que quer que fosse, não se encontrava dentro.

Passando pela cozinha eu peguei na maior faca que encontrei.

Ainda me movendo silenciosamente, eu sai pela porta da frente e virei a esquina, tão silenciosa quanto a noite ao meu redor.

Ali perto da entrada do bosque, eu podia ver uma longa sombra se movendo.

Então algo me atingiu bem no meio do estômago, eu tropecei, não por sentir dor, mas por estar completamente surpresa, e olhei para a seta cravada no meu corpo.

Agarrei a seta e puxei-a com força.

Com o canto do olho, eu vi a sombra perto do bosque se materializar em muitas outras sombras.

E três vampiros corpulentos que eu não havia visto antes, se movendo para a frente, um deles jogou o arco para o chão. E se moveu ainda mais rápido que os outros dois na frente.

Pânico passou por mim, além das sombras, eu ainda teria que lutar contra três vampiros.

Dois deles me agarraram, enquanto o terceiro se aproximava por detrás de mim.

Sem pensar eu girei meu corpo, com rapidez, e ataquei num golpe o terceiro vampiro que se situava bem atrás de mim.

Mas ele se esquivou tão rapidamente, que eu mal vi ele se mover.

Ele foi em minha direção e de punho fechado socou meu estômago com tanta força, que eu fui voando em direção do outro vampiro.

Instintivamente eu agi rápido, e chutei ele. Com minhas próprias mãos tentei arrancar seu coração, mas eu não fui rápida o suficiente, um vampiro veio por trás de mim e me agarrou, trazendo meu corpo contra o dele.

Senti as mãos gélidas dele na minha garganta. Ele provavelmente iria quebrar meu pescoço.

Cerrando os olhos, eu pensei em fogo, muito fogo, eu já havia aprendido a trazer esse poder para o meu corpo.

Fechando as mãos em punho, eu senti minha pele arder, minha garganta ficou extremamente seca.

E quando abri os olhos, eu só tive tempo de ver o rapaz se afastando, e gritando de dor, meu corpo inteiro estava largando chamas alaranjadas.

Eu sabia que o fogo era doloroso para um vampiro, apenas queimados e com o coração arrancado eles morreriam.

Mas ao contrário do que Adriel poderia imaginar, eu não era vampira, eu recusei a transformação, então o fogo não me magoava, era como se nós dois fossemos parte de um só.

O vampiro tentava de algum modo acalmar a dor e as queimaduras em suas próprias mãos.

Uma sombra enorme se inclinou sobre mim, suas garras afiadas, trespassando o fogo do meu corpo, e rasgando a minha pele.

Muitas outras sombras agora se aproximaram e se inclinaram, e com suas garras agarravam meus tornozelos, meus braços.

Sob o toque daquelas garras, as chamas do meu corpo foram diminuindo sua força, e logo sumiram por completo.

Eu sabia que era inútil, de algum modo desde que Adriel usava o poder da lágrima, as sombras eram imunes ao meu poder.

Pânico passou por mim de novo, um senso de medo e desespero que me sobrepujou.

Eu não poderia morrer sem colocar novamente o mundo em sua ordem natural.

Eu tinha que recuperar a lágrima.

A raiva e o estresse desse pensamento me sufocou.

E vários pensamentos escuros explodiram dentro de mim.

"Alguém me ajude...Alguém me ajude" eu repeti por diversas vezes em minha mente, pensando no clã obscuris.

Não sei porque o fiz, mas era como se a voz de minha mãe dominasse meus pensamentos, me falando o que era necessário.

Então de repente foi como se uma porta cheia de escuridão se abrisse dentro de mim.

E várias sombras negras, saíram de dentro de mim, e se espalhavam ao redor das outras sombras e dos vampiros.

Ao contrário das sombras que tentavam me atacar, essas não tinham qualquer garra, elas eram apenas um enorme manto negro, e sempre que saiam de mim, parecia gelo.

Os vampiros imediatamente mexeram seus braços para espantar as sombras, praguejando, dizendo coisas sem sentindo algum, e algo como quase medo.

Aproveitando que os vampiros estavam distraídos com as sombras, eu me movi rápido, com a faca na minha mão, desferi o objeto bem no peito de um dos vampiros, com rapidez ou qualquer remorso, eu arranquei seu coração.

E apenas com um toque meu, em seu pulso, seu corpo pegou fogo.

Girei meu corpo com astúcia e antes do segundo vampiro sequer me ver, eu apunhalei a faca em seu peito, e com a mesma agilidade de a pouco eu arranquei seu coração.

Com um dedo meu apenas, eu toquei no braço dele, e fogo imediatamente se alastrou por todo o seu corpo.

Já o terceiro vampiro, eu devo admitir que ele era bom, ele se movia com agilidade, e maestria, percebendo a faca voando em sua direção, ele se moveu rápido, sem me dar qualquer chance de reagir de volta, ele socou meu estômago, a ferida da seta na minha pele já tinha cicatrizado, mas ainda assim havia em minha camiseta de dormir resquícios de sangue, ele sorriu diabolicamente, erguendo os dedos cobertos com meu sangue, e salivou.

Essa distração foi o suficiente, para me mover entre a escuridão com uma agilidade que eu não sabia ter, e penetrar a faca no seu peito.

Antes de arrancar seu coração rosnei - Vá para o inferno - com seu coração em minhas mãos, eu o joguei para longe, em direção das chamas dos restantes corpos.

O grito estridente de Amber vindo de dentro da casa, fez meu rosto se contorcer.

Rapidamente eu tento girar nos calcanhares para alcançar minha amiga, mas em fração de segundos algo surge atrás de mim, golpeando minha cabeça com uma pedra.

Tudo o que vejo antes de apagar totalmente são uns olhos azuis tanto ameaçadores quanto hipnotizantes.

Lágrima Negra ( LIVRO I E II) Onde histórias criam vida. Descubra agora