Parte II - Capítulo 13

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Quatros dias passaram desde aquele jantar macabro.

Adriel nunca mais me procurou, apenas Gabriel entrava no quarto para trazer minhas refeições.

Cansada de observar nada além do vazio, sentei na cama, procurando por um jeito de sair daqui.

Estava tão perdida em meus próprios pensamentos, que não escutei a porta se abrindo.

Adriel entrou a passos calmos no quarto, jogando na cama um vestido branco.

Puxando uma cadeira, ele sentou na minha frente.

- Coloque ele, é hora do jantar -ele disse sua voz saindo tão fria, e sem qualquer resquício de emoção.

Fiquei por tanto tempo maquinando sobre um plano, que acabei não percebendo que tinha anoitecido.

Mas como saber quando nem existe uma janela para observar o dia ou noite?

-Seja rápida. Ele ordenou.

Rápida não significa ficar nua na sua frente.

Mordi a língua para não soltar uma resposta afiada.

Com um olhar mortífero, peguei no vestido, entrando no banheiro.

Quando a porta por fim se fechou, atrás de mim, eu respirei fundo.

"Você precisa ser forte" uma voz retumbava diversas vezes na minha mente, eu já não sabia se era realmente minha, ou mamãe.

Depois que coloquei o vestido liso e curto, eu cerrei os olhos, esperando que de alguma forma eu pudesse escapar desse lugar.

Quando abri a porta, Adriel estava de pé encarando o vazio.

-Você não precisa fazer isso- Eu disse, tentando mostrar firmeza. - Você ainda pode me devolver o poder da lágrima, nenhum de nós precisa terminar morto.

Ele deu um passo em frente -Um de nós dois vai morrer, eu posso garantir. -

-Eu não vou deixar que me mate sem ripostar-Rosnei pegando na cadeira, que minutos antes, ele havia se sentado.

Ele sorrio -Você nada pode contra mim Elise-

-Eu não tinha tanta certeza -eu disse batendo com a cadeira em cima dele.

-Isso não vai me machucar-ele avisou com um sorriso zombeteiro.

Eu joguei novamente a cadeira em cima dele, mas com rapidez ele intercetou ela, a pegando de mim, jogando no chão.

Eu voei na sua direção, e comecei a chutar ele com toda a minha força.

-Elise- ele disse se defendendo de um dos meus chutes, sem esforço. - Você está apenas atrasando o inevitável-

-Eu odeio você-Rosnei de volta, jogando agora o abajur em sua cabeça.

Ele agarrou meu braço, me pressionando contra a parede.

-Você sempre está agindo sem pensar. - Sua voz saiu intransigente.

Eu protestei. - Eu apenas estou me defendendo-

Ele sorriu -Nada vai te salvar -

-Realmente você tem razão-eu disse olhando dentro dos seus olhos -Ninguém vai me salvar, nada do que fizer vai mudar meus sentimentos. Eu realmente te amei em outra vida.

A diversão no rosto dele de repente desapareceu, a expressão dele ficou perturbada.

Ele me estudou por vários segundos.

As vezes eu podia jurar que aqueles olhos azuis podem ver dentro da minha alma.

-Eu te amei com tudo de bom e ruim, mas todo amor morre quando não tratado com cuidado.

Lágrima Negra ( LIVRO I E II) Onde histórias criam vida. Descubra agora