Parte II - Capítulo 8

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Para minha surpresa Hades não me levou de volta para sua casa

Ele me deixou na sala com Ariadne e sem falar nada desapareceu do meu campo de visão.

Ariadne avisou que iria me levar de volta para Hoodsport e eu respirei com uma sensação estranha no peito, meus olhos involuntariamente procurando por Hades...

Foram poucas as palavras que Ariadne soltou durante todo caminho de regresso, as minhas foram menos ainda.

Todo o dia foi confuso para mim.

Incapaz de falar com Brooke,Amber ou voltar para a rotina diária, eu me tranquei no quarto, sentada na cadeira de frente para a janela, vendo as horas passar através do horizonte.

O que iria acontecer a partir de agora?

Adriel estava decidido a abrir o portal do inferno, e eu estava decidida a recuperar o poder daquela lágrima.

Eu me tinha juntado ao clã de minha mãe.

Eu consegui lutar contra a transformação, eu não tinha me tornado uma vampira.

Ariadne falou que isso não seria possível, mas ainda assim eu fui mais forte que a própria maldição...

Depois de um banho rápido, joguei meu corpo completamente exausto em cima da cama.

Cerrei os olhos, e por estar muito cansada logo adormeci.

**

A escada rangeu, e os meus olhos, abriram rápido.

O som vinha dos degraus lá de baixo. A chuva batia contra a janela, mas o fato é que a casa estava em silêncio total, e o barulho da tempestade, parecia ter dobrado.

Ouvi novamente o som de um degrau rangendo sutilmente. Era um ranger amargo, como se a escada sentisse dor, como se fosse torturada sob o peso de alguém. Não havia o barulho do passo, apenas a lamúria da madeira.

A minha respiração era ritmada.

O peito contraído sobre o cobertor se expandia e recolhia num compasso agitado.

Eu não queria fechar os olhos, mas tinha medo de continuar com eles abertos.

Ouvi mais um passo e um gemido. A porta na minha frente me impediam de ver o que estava sobre os degraus à frente.

O barulho se estendeu e se tornou mais alto. Só agora tinha percebido que as unhas apertavam o cobertor, quebrando as linhas de algodão, e marcando a palma da mão do outro lado.

Eu me questionava se meu pai teria voltado do trabalho com Cibelle, e se eles também escutavam aquele barulho infernal. Era alto demais, mesmo com a chuva estourando nas janelas e paredes, o rangido parecia ocupar toda a casa, nos dois andares.

Um raio marcou o céu até o solo e um trovão explodiu no firmamento fazendo aquele estrondo assustador.

A maçaneta do quarto foi tocada.

Assustada arregalei meus olhos.

Fitei a maçaneta num terror crescente.

A porta moveu-se nas dobradiças e correu para dentro do quarto.

O rangido soou novamente, enquanto a porta foi sendo levada lentamente quarto adentro, na velocidade de uma lâmina, sombras enormes, retorcidas, com garras assassinas, surgiram.

Tentei gritar, mas algo me impedia de fazê-lo.

As longas garras, vieram até a cama, jogando as cobertas para longe.

Logo várias sombras vieram em minha direção, e senti como se alguém estivesse em cima de mim, me sufocando, cai de joelhos ao lado da cama, e tentei procurar por ar.

Lágrima Negra ( LIVRO I E II) Onde histórias criam vida. Descubra agora