Culpa, Dor e Medo - Final

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Antes de abrir os olhos escuto um bip extremamente irritante, quando finalmente consigo abri-los a claridade me cega e volto a fechá-los. Mas não demora para que eu reconheça as paredes brancas do hospital. Os últimos acontecimentos me atingem como uma avalanche e escuto o bip aumentar.

Eu me lembro de tudo. Cada detalhe, cada maldita palavra. Damon não me ama, Cindy tinha razão ao achar que poderia ser uma aposta, a diferença é que foi a porcaria de um contrato...

— Oh, você acordou! Fico feliz por isso, Megan. Precisa se acalmar, não pode se agitar demais por conta do seu ferimento. – Uma voz feminina que já ouvi em algum lugar fala. Vejo a figura da Lucy ao lado da cama enquanto mexe na sonda e se afasta para me trazer um copo com água. – Sou enfermeira do hospital. – Ela diz mais alguma coisa, porém não consigo prestar atenção. Minha mente parece perdida entre as lembranças.

— Você dormiu por mais de uma semana, tem muitas pessoas preocupadas. – Ela diz enquanto ajeita o travesseiro em minha cabeça e logo pega um controle fazendo a cama se mover, me deixando meio sentada. – Eu vou chamar seu médico. – Ela abre um pequeno sorriso.

— Eu...Eu quero te fazer uma pergunta. – Falo antes que ela se mova. – Por que desistiu do Damon se o amava tanto? – Ela me olha como se estivesse decidindo se deveria me responder.

— Não era recíproco, ele não podia me amar. Na verdade, ele dizia que não era capaz, mas aparentemente você é a exceção. – A vejo abrir um sorriso um tanto triste. – Eu sabia que correr atrás dele não valeria a pena, se fossemos almas gêmeas estaríamos juntos e eu não teria sido deixada sem nem ao menos receber uma explicação.

— Você não parece feliz, seu sorriso não alcança seus olhos. – Murmuro. – Da forma que você diz, desistiu sem tentar e eu não consigo entender isso. Me desculpa, pode ir chamar o médico. – Peço ao me tocar que estou sendo inconveniente.

— Não tem problema, não dói mais como antes. É verdade que desde que tudo acabou existe um vazio em mim, como se minha felicidade tivesse sido sugada. Demorei muito tempo para entender que a culpa não era minha, nem do Damon para ser sincera, não mandamos no coração. Mas se não tiver certeza de que ele é a sua alma gêmea... Fuja enquanto pode ou ele vai roubar você de si mesma. – Respiro fundo e sinto uma dor incomoda onde o tiro me acertou.

— Eu sinto muito, desejo que você encontre sua felicidade em breve. – Sou sincera, Lucy não parece alguém ruim.

— Não se preocupe, meu coração está se curando e tenho certeza de que um dia vou encontrar a minha alma gêmea. Sempre quis ter uma família grande, quem sabe um dia? – Sorrio por saber que ela está seguindo em frente. – Vou chamar o médico.

Aproveito os minutos sozinha para pensar no que vou fazer daqui para frente, não é como se eu pudesse fingir que nada aconteceu. A porta se abre e Lucy entra, sendo seguida por um médico muito bonito, que claramente está a secando. Seguro uma risada.

— Olá Megan, é bom finalmente te ver acordada você dormiu por uma semana. Meu nome é Ricardo, sou o médico responsável. Como está se sentindo? Alguma dor? – Respondo suas perguntas. Mas noto que as vezes seu olhar desvia para Lucy, ele a olha com carinho e algo mais. Talvez a Lucy esteja mais perto da sua alma gêmea do que pensa.

De acordo com o Dr. Ricardo, serei liberada para receber visitas somente amanhã. Depois dele me explicar sobre a cirurgia que fiz para retirar a bala e os cuidados que precisaria ter, eu fiquei sozinha. Tão sozinha que chego a sentir um vazio ao olhar o quarto branco. Damon é sempre tão espaçoso, tem uma presença tão forte que é impossível não sentir falta.

Eu amo aquele homem.

Mas deixarei de amar, pelo menos preciso tentar.

[...]

O Lutador - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora