— Que pena! — Maia respondeu com tom seco, perdendo a paciência
— Considere-se uma pessoa de sorte por estar aqui.
Os olhos azuis como os dela refletiam ressentimento.— Tenho mais direito que você a estar aqui!
— Pare com isso! — Nick permanecia na mesma posição, mas a alteração na voz não deixava espaço para argumentos. — Peça desculpas a sua irmã. Agora!
Os olhos azuis como os dela refletiam ressentimento. — Tenho mais direito que você a estar aqui! — Pare com isso! — Nick permanecia na mesma posição, mas a alteração na voz não deixava espaço para argumentos. — Peça desculpa a sua irmã. Agora!
— Ela não... — Maia começou, calando-se ao receber um olhar de censura.
Chocada, Samantha obedeceu, mergulhando num silêncio ofendido. Maia queria dizer a ela que estava tudo bem, que não ficara magoada com o comentário intempestivo. Mas Nick interferira na questão de maneira brusca e inesperada, e a metamorfose a surpreendera.
Ele esvaziou o copo e deixou-o sobre a mesa de canto, ao lado do abajur.
— Você deve respeito a sua irmã, Samantha. Ela sacrificou muitas coisas para cuidar de você e de seu pai nos últimos anos!
— Sam não teve culpa de nada. E limpar a casa e cozinhar não foi nenhum sacrifício!
— Sabe muito bem que a rotina doméstica envolve muito mais do que está sugerindo. Notei como Sam considera sua obrigação cuidar de todos os detalhes, inclusive de suas roupas. Não tente diminuir a importância do que tem feito.
— Sam estava na escola, e papai tinha os negócios para cuidar.
— Você também devia ter ficado na escola. E não deve nenhuma lealdade a meu irmão. A julgar pela bagagem que trouxeram, é evidente que ele manteve os bolsos bem fechados.
— Trouxemos apenas o que considerávamos necessário — Maia argumentou. — Seria ridículo trazer roupas de inverno para um lugar com este clima.
— Também não temos tantas roupas de verão — Samantha indicou, recuperando a disposição.
— Não importa — apontou o tio. — Bridgetown possui excelentes butiques.
— Caras, certamente — disse Maia. — Deve fazer o que considera adequado por Sam, mas posso sobreviver muito bem com o que já tenho.
— Depende do que você tem. Preciso sustentar minha posição nesta ilha.
— Dificilmente irei a algum lugar onde meus trajes tenham importância.
— Esse seu orgulho pode se tornar aborrecido. — Ele falava como se já estivesse farto.
— Quando vai entender que não está recebendo favores?
— Também não estou aqui pelas razões que expôs. Se tiver uma governanta, está mais do que protegido contra os comentários maldosos.
— Não me importo com os comentários! Você está aqui porque Sam precisa de você!
— É isso mesmo! — A menina parecia ansiosa para convencê-los. — E não quis ofendê-la com aquele comentário que fiz há pouco. Estaria perdida sem você!
Maia duvidava disso. Cercada por todo aquele conforto, Sam nem perceberia sua ausência.
— Peço desculpas — disse assim mesmo. — Estou me comportando como uma ingrata.
— Não quero sua gratidão. — O tom de Nick era seco. — Esta também é sua casa, tanto quanto de Samantha. Pare de agir como uma pobre-coitada.