lorrelaine

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Papai havia chegado a meia hora atrás com uma cadeira rodas horripilante, não teve jeito, eu não podia correr então me carregaram até aquela "coisa" contra a minha vontade, já estava cogitado me atirar dali e me arrastar rumo a liberdade quando meu pai falou:

-Meu bem, pare de ficar avaliando o ambiente como se estivesse procurando uma rota de fuga, antes de você sair daqui vai ter que rolar três lances de escada(Ele comenta sorrindo)

-Droga!!!(Gemi às escadas, eu não tinha contado com isso)

-Vai Lola nem é tão ruim, você até que ficou bem estilosa nessa cadeira(Lívia fala se abaixando para me olhar nos olhos)

-Você mente muito, mais muito mal, e não é tão ruim porque não é você(Resmungo)

-Eu desisto, mãe é sua vez(Ela comenta se colocando de pé outra vez)

-Querida, não fique triste, logo, logo você estará bem de novo, e sabe o que mais?(Ela me perguntou sorridente olhando para mim)

Não respondi, mais Sônia parecia radiante.

-Compramos uma bicicleta pra Lili, então quando você melhorar podem andar as duas juntas(Ela comenta sorrindo)

As vezes Sônia me dava medo, seu sorriso lembrava um pouco sorriso da tal boneca Anabele, e eu com o trauma que tinha de bonecas assassinas cogitei a ideia dos três lances de escada.

Porém antes que eu pudesse me mover, papai tomou as rédeas de minha cadeira de roda e começou a me arastar corredor a dentro, estava odiando aquilo, a maneira que aquelas pessoas me olhavam como se sentissem pena, precisei conter o impulso de não mostrar o dedo do meio para toda aquela gente.

-Cadê o Heitor?(Perguntei)

-Tá fechando a conta do hospital(Ele comenta me carregando no colo ao se aproximar de uma das escadas)

-Pai eu posso descer sozinha, minha perna não dói, eu não sinto nada com isso(Falei dando murrinhos no gesso)

Mais ele fingiu que nem me ouviu, e me carregou até me acomoda no banco traseiro do carro ao lado de Lívia, cruzo os braços mal humorada.

Sônia põe minha cadeira de rodas no porta mala e seguimos em silêncio pra casa, eu não via a hora de chegar em casa e desfazer aquela trança que Lívia havia feito no que restou do meu cabelo, e para completar não era uma trancha comum, ela estava amarrada dos dois lados, como daquelas criancinhas, e ainda por cima tinha duas xuxinhas nada descretas ali.

Heitor voltaria quando resolvesse tudo no hospital, e Lívia pouco atenta a realidade em sua volta, olhava apressivamente para o celular, suspirei, não podia ficar pior.

Tá até que podia.......

Quando chegamos em casa a primeira coisa que notei foi que o sofá habitual não estava no seu devido lugar, ele havia desaparecido e em seu lugar havia um sofá verde ervilha horroroso.

-Porque mudaram o sofá? Eu gostava do antigo(Comento)

-Esse é mais confortável, não é sensato que você fique subindo e descendo essa escada, então vai dormi aqui em baixo até melhorar(Ele comenta)

-No sofá??(Perguntei pasma)

-Não é apenas um sofá(Lívia fala revirando os olhos)

-É O SOFÁ, esse é um daqueles sofás camas daquelas séries americanas que você adora sabe?(Lívia comenta)

-Sei talvez possamos construir também uma bancada americana, e uma daquelas piscinas esnobes(Revirei os olhos enquanto papai me acomodava na minha nova cama)

-Não fique brava meu bem, sei que queria voltar para seu quarto mais agora será impossível, é melhor se acostuma a sua nova cama(Ele diz)

Sônia ainda segurava meu vaso com rosas na mão, enquanto Lívia tirava minha cadeira de rodas do porta mala.

-Pode por elas na mesa Sônia(Falo sem olha-la nos olhos)

-Tudo bem(Ela fala colocando minhas lindas rosas na mesa de centro)

-Se quiser eu posso ficar aqui com você Lola, eu ia sair com o Gui mais eu posso.....(Ela dizia mais eu falei)

-Não tudo bem, Erick vem pra cá mais tarde(Falei)

-Lola desde de quando ficou tão amiga do nosso vizinho?(Papai perguntou como quem não quer nada)

-Deixe ela amor, quando ela estiver pronta vai te contar(Comenta Sônia dando um risinho irritante)

-Muito bem, agora eu preciso ir estou muito atrasada, amor você pode passar na gráfica pra buscar os convites(Diz Sônia avaliando a hora em seu relógio de pulso)

-Claro eu vou assim Lorrelaine se acomodar(Ele fala lhe dando um beijo rápido na boca)

Ela se despede brevemente e sai pela porta da frente.

-Pode ir, eu fico com ela até Erick chegar(Oferece Lívia)

-Então tudo bem, você vai ficar bem querida?(Meu pai pergunta me dando um beijo na testa)

-Vou(Falo dando de ombros e me deitando no sofá)

Ele sorri e se encaminha até a porta.

Lívia se senta ao meu lado.

-Você e Heitor estão bem próximos ultimamente né?(Ela perguntou)

-Não é nada disso, meu pai não estava lá, alguém tinha que ficar comigo(Comento)

-Sei, mais ele não desgrudava de você nem um instante, foi tão fofo Lola, você precisava ver(Ela comenta)

-Ele passou muito tempo comigo?(Perguntei)

-Claro ele passou a maior parte do seus dias no hospital com você, às vezes ele até lia pra você mesmo você estanto dormindo(Ela diz)

-Isso é muito estranho(Comento)

-Você acha que ele tá afim de você?(Ela me perguntou)

-Claro que não, que ideia(Falei nervosa)

-Bom se eu fosse você investia ele é maior gato(Ela me diz me fazendo ri)

-Sem chance, o único gato para quem tem olhos é meu namorado(Falei a fazendo ri)

E como se entendesse nossa conversa Choquitos pula no sofá miando como um louco e se esfregando em mim, sorri.

-Tem razão Choquitos, você é o único gato dos meus olhos né?(Comentei acariciando sua cabecinha)

-Parece que ele estava com saudades(Comentei o pegando no colo)

-Todos nós estávamos(Lívia diz me abraçando)

-Eu também tava com saudades Lili, você mal me dá atenção agora que tá de rolo com o Gui(Comentei)

-Você sabe que nossa amizade sempre será melhor que qualquer menino(Ela comenta beijando minha bochecha)

"Guarde nossas maravilhosas lembranças, mais por favor, não tenha medo de construir mais algumas"
P.s te amo

Bate-papo Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora