ALGUÉM COMO VOCÊ

Capítulo 1

Lindsey

– "Just a small town girl. Livin'in a lonely world. She took the midnight train going anywhere" (Apenas uma garota do interior. Vivendo em um mundo solitário. Ela pegou o trem da meia-noite para qualquer lugar)... Uhuu, todo mundo... "Don't stop believin" (Não deixe de acreditar)... É isso aí Nova York... Vocês são demais, cantem comigo.

          Estou certa de que ouvir "Don't stop believin" do Journey no último volume por trezentas vezes, cantar em voz alta e dançar somente de toalha em frente ao espelho não seja uma das melhores técnicas de relaxamento, mas para mim sempre funciona. Esse é o meu momento. Eu posso fazer tudo que eu quiser, posso resolver todos os problemas. Posso realizar todos os meus sonhos. Eu posso... Tum. Tum. Tum. Ouço um barulho vindo da parede do meu lado direito.

          Ugr merda.

          É meu vizinho batendo provavelmente com a bengala na parede. Corri abaixar o som.

– Lindsey seja lá o que for fazer de especial, boa sorte. Mas pelo amor de Deus garota, eu praticamente não preciso mais do aparelho auditivo. – Deveria se sentir agradecido, certo?

– Desculpe Sr. Hopkins... Ehh obrigada.

          Éh... Foi divertido.

          Abro a porta do guarda roupa e o encaro por alguns momentos, jogo todas as roupas na minha cama com a expectativa de que a fada madrinha apareça e faça surgir algo fantástico para vestir nessa manhã. Bem, acho que não posso realizar todos os meus sonhos afinal. Resolvo optar pelo básico para não ter como errar, terninho preto e camisa de seda branca. Começo a abotoar minha camisa quando meu celular vibra em cima da cama.

– Centro de reabilitação de psicóticos do Brooklyn, bom dia!

– Há, há... Muito engraçado, para seu governo já estou sóbria e parei de odiar a minha vida já faz duas horas.

– Jesus, estou impressionada, isso é um novo recorde. Line... Você e Andy já fizeram as pazes?

– Sim, concordamos em jogar a mãe dele da ponte do Brooklyn e rezar para que algum tubarão faminto a devore.

– Uhm... Excelente escolha, como nunca pensou nisso antes? – Ela riu.

– E como você está?

– Acho que esse é o dia mais empolgante e assustador da minha vida.

– Eu duvido muito disso, lembra-se do baile de formatura quando você foi com o Kevin? Você linda naquele vestido amarelo e no meio da festa sentou em uma cadeira com bolo de chocolate, parecia que você estava toda cagada.

– É eu me lembro. – Bufei. – Odeio bailes.

– E aquela vez que você foi almoçar com o gostoso do Henry, lembra? Naquele restaurante chique? Seus peitos bateram no prato de macarronada deixando a sua blusa branca encharcada de molho de tomate... E aquela vez...

– Tá bom, tá bom... Já entendi. Não sei por que ainda falo com você.

– Vejamos... Porque sou sua melhor amiga e te conheço desde os... Sei lá... Cinco anos?

– Éh... Talvez... Isso é só um detalhe. Mas ainda não acredito que isso está acontecendo, não consigo parar de tremer.

– Você precisa relaxar. Por acaso, está ouvindo Journey?

– Não... Claro que não. Porque acha isso? – Falei apertando o pause no ipod que estava programado para repetir.

– Lindsey???