E o mundo parece sempre parar quando estou ao seu redor. As vezes penso que são todas essas coisas que você faz. Sabe, como fazer com que minha atenção sempre esteja em você. Ou fazer meu coração acelerar com um sorriso. Eu não quero isso. Deus! Eu não quero querer você. Eu corro, eu me afasto, eu sempre te mantenho longe. Porém por maior que seja a distância que ponho entre nós dois, você sempre consegue ultrapassar de alguma forma. Você consegue se infiltrar em meus pensamentos e permanecer lá. Sempre comigo.
- Douglas? – Bati suavemente na porta fechada do quarto do meu irmão. A luz do quarto esteve desligada por horas e eu desconfiava de que ele não estivesse em casa, como acontecia muito por esses tempos, porém ainda poderia estar errada também. Por isso antes de sair para o tal coquetel da empresa do meu pai, eu havia parado no corredor silencioso e decidido bater na porta do meu irmão. Mesmo tendo a certeza de que ele estaria bem longe daqui o mais rápido que pudesse. Não é como se ele estivesse animado com a perspectiva de uma comemoração agora. Honestamente, nenhum de nós estava. Mas a coisa toda é que isso tinha quase me obrigado a comparecer. Já que meu irmão mais velho estava sendo o "rebelde" da família, eu tinha que me prestar ao papel de sensata.
Suspirei desistindo do pensamento que envolvia formas de escapar de toda a chatice de uma festa com o povo da alta sociedade. Era apenas um bando de hipócritas, na minha humilde opinião. Garotas querendo mostrar-se superiores e frias quando se amassavam com o seus namorados mauricinhos no quarto vazio mais próximo. Homens que sorriam para outras mulheres quando tinham suas esposas grudadas em seus braços. E garotos que pensavam que podia comprar o mundo com o dinheiro do papai. No meio disso estavam todos os corações partidos e famílias desfeitas, tudo isso escondido debaixo do tapete das aparências. Um sorriso que escondia uma dor tão grande quanto a quantia em dinheiro que alguém ocultava no banco. Casos de verão que terminavam em socos e amizades que se quebravam em um estalar de dedos.
Eu nunca fui alguém de confiar em sorrisos ou em lágrimas. Para mim, a raiva era a única demonstração de sentimentos em que podia sentir verdade. Você não podia sustentar uma falsa máscara de raiva por muito tempo. Caso contrário, todos passariam a especular, e só havia duas coisas que se podia querer esconder por trás da raiva: amor ou admiração. Ambos eram sentimentos "bons". Se bem que o primeiro ainda me trazia serias duvidas quanto ao seu teor benigno.
Respirei fundo e desci as escadas cuidadosamente por conta dos saltos absurdos que eu estava usando. O vestido que eu trajava cobria-os quase completamente. O que não queria dizer que minha mãe tenha me deixado usar sapatilhas. Não, ela tinha insistido que eu me vestisse a altura. Então eu tinha um vestido que parecia ser feito de nuvens e sonhos de cor azul escuro, cachos soltos, escorrendo fluidamente a minhas costas e parecia mais inalcançável que qualquer estrela no céu noturno. Minha mãe havia usado algum tipo de técnica para deixar meus cabelos domados. Prendeu metade do volume e a outra metade havia deixado solta.
Eu parecia uma garota.
Outra coisa que eu não entendia era a máscara idiota que eu teria de usar. Era para ser um coquetel e não um baile, mas parecia que o pessoal da alta sociedade queria inovar com uma nova loucura e conseguiram fazer disso um coquetel temático. Qualquer que fosse a droga de festa para qual eu estivesse indo, pensei, eu já sabia que não iria me divertir nem um pouco.
Queria poder saber o quanto eu estava certa.
...
Não consigo determinar em que momento nossos olhos acharam um ao outro, embora eu não estivesse procurando-o conscientemente. Eu procurava alguém, mas não a ele. Meu alguém tinha cabelos ruivos e era minha melhor amiga, e o que encontrei foram os olhos dele por trás da máscara. Ambarinos, intensos e cítricos. O peso daqueles olhos era tangível, e não porque pudesse ser de alguma forma pesado, pelo contrario; o olhar dele era uma pena solitária fazendo cócegas em minhas costas. Uma brisa passeando por meus braços. Foi o sussurro em meus ouvidos que me chamou atenção e me instigou a olhá-lo.
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Always Attract
Roman d'amour"Suzanna Reverton é uma garota de dezesseis anos, invisível, solitária e totalmente contraria a qualquer tipo de muita exibição. Kaio é tudo aquilo que ela odeia personificado em olhos de mel, sorriso de anjo e uma pose de badboy. Ela o conhece quan...