VII - E se ainda houver barreiras... elas serão derrubadas

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Estar perto dela era como se equilibrar em um mundo inclinado, tentando manter-se firme enquanto o chão queria jogá-lo para frente, lançá-lo em uma espiral de qual não havia retorno, somente impacto, e era um impacto desejado, uma colisão doce e atraente.”

Feita de Fumaça e Osso, Laini Taylor.

Minha atenção desviou-se uma segunda vez da conversa que estava se desenrolando entre Lilian, Alexandro e eu; havia algo de errado com Kaio e eu estava muito surpresa por isso não está obvio para todo mundo ver. Ignorei parcialmente a voz de meus amigos e observei enquanto Kaio jogava a cabeça para trás e ria, o som de um tom profundamente atrativo, mas falso. Assim como os olhos falsamente tranquilos e a forma como ele fingia estar a vontade com as costas de Dafne inteiramente recostada em seu peito.

Pisquei uma vez e tudo pareceu apenas coisa da minha imaginação. Será que eu estava mentindo para mim mesma ou minha intuição sobre Kaio era verdadeira?

Diabos, como eu odiava não saber com certeza!

— Vocês não acham que há alguma coisa errada com Kaio? – interrompi o assunto (as provas de Manifestação e Expressão Humana (um nome legal para Artes) que, segundo os boatos, era uma das mais difíceis de todo o semestre) em que Alexandro e Lilian estavam envolvidos, meus olhos ainda presos no grupinho dos populares sentados na área mais chamativa do pátio principal do Lemoine.

Alexandro levantou uma sobrancelha loura. — Além do fato de ele está se esfregando na minha irmã? – questionou enquanto Lilian dava uma risadinha.

Encolhi-me com o tom sarcástico das palavras dele. Homem, eu sabia que Kaio não era um modelo exemplar como o irmão de Dafne e, ainda assim, era duro ouvir essas coisas. — Eles são amigos...? – minhas palavras soaram como uma pergunta até aos meus ouvidos. Eles são amigos, afirmei para mim mesma em um tom duro.

Não são?

Percebendo minha perturbação, Alexandro rodeou minha cintura com um de seus braços e me trouxe diretamente para dentro de um abraço, meio desajeitado, de lado. Sorri quase sem querer quando ele me fez um pouco de cócegas – Porque você está prestando atenção nele quando me tem aqui todo para você? – piscou um dos olhos que, hoje, estavam muito claros, de modo brincalhão.

— Não sei como pude ignorar.

Sorriu. — Sou irresistível.

Ajeitei uma mecha fina de seu cabelo dourado que teimosamente fugia dos fios cuidadosamente alinhados no amontoado brilhante acima de seu rosto. Honestamente, o cabelo dele era como “sexy” elevado à milésima potência. Eu tinha vontade de bagunçá-lo todo, desalinhá-lo, mas aquele visual todo “certinho” servia muito bem a ele. — Não consigo manter minhas mãos longe.

Um sorriso lento se desenhou em seus lábios e, involuntariamente, o imitei. Não durou muito, porém: estávamos gargalhando tanto depois desse momento embaraçoso que metade das pessoas no pátio ergueram suas cabeças para nos lançar um olhar.

— Ok, - eu disse tentando recuperar o ar. Qualquer que fosse o problema com Kaio já estava fora dos meus pensamentos – vamos enfrentar Química III agora.

Rindo, Alexandro deu de ombros, logo depois estendeu um braço para mim e outro para Lilian, que o segurou depois de uma mesura. Eu preferi não chamar mais atenção para mim mesma do que já tinha chamado e apenas tomei seu braço tranquilamente.

— Química não é tão ruim assim, – ele disse enquanto caminhávamos para fora do pátio.

Lilian riu. — Isso é porque você é nerd.

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