Capítulo ( 8 )

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Depois que o carro de Amber sumiu entre a estrada de terra, fiquei lá de pé deixando a chuva acabar comigo.

Meu cabelo molhado caía sobre os olhos, bloqueando a floresta na minha frente.

Assim que entrei em casa, tudo estava silencioso, como de costume.

Depois de tomar um banho, vesti meu pijama preferido.

Caminhei até a janela e olhei para fora, questionando a existência de minha mãe.

Eu nunca encontraria minha mãe essa era a verdade, e eu tinha que enfrentá-la.

Peguei no livro de minha mãe, e sentei sobre a cama.

Seria possível que era como um diário? Porque ela tinha um livro em branco?

As perguntas sem resposta estão me inundando cada vez mais, e eu vejo-me a afogar nesse mar vermelho todos os dias.

Abri o livro, e meus olhos quase saíram para fora das orbitas.

O livro que antes estava em branco, agora estava cheio de símbolos e algumas frases em uma língua estranha.

Ao olhar melhor, quase podia dizer que era um livro de feitiços.

Enxerguei a escrita rebuscada e intricada, numa das páginas estava intitulado "Como quebrar o encantamento de um vampyr" e parecia ser uma lista de ingredientes, seguida por um feitiço que parecia estar em latim.

Será que minha mãe praticava alguma dessas coisas estranhas?

Ela acreditava em bruxas?

Isso era uma loucura.

Ao virar a página eu vi o cabeçalho "feitiço para levitar objetos e pessoas" logo por baixo estava escrito

"Para utilizar o feitiço é necessário um pouco de concentração, basta olhar para o alvo e dizer a fórmula"

Em silencio li a frase curta "mandatum est mihi in vobis" Olhei para o porta-retratos de minha mãe. E pensei se realmente eu conseguiria fazer com que ele levita-se.

Não, claro que não, magia não existia, eu estava ficando tão louca quanto minha mãe.

Mas dentro de mim havia algo que me atraia para aquele livro, minha boca queria pronunciar cada frase, era como se algo maior e desconhecido paira-se sobre mim.

-Elise, vamos jantar?

Eu girei rapidamente minha cabeça, e encontrei meu pai na porta.

- Não sabia que já tinham chegado.- Constatei

Quando meu pai continuou olhando-me curiosamente, eu adicionei - Estava apenas lendo o livro da mamãe.

Uma estranha expressão cruzou pelo rosto de meu pai, como um flash de dor reprimido. Seus olhos azuis vagaram nervosamente pelo quarto.

- Aconteceu alguma coisa? Eu disse fechando o livro.

- Não. Apenas me lembrei de sua mãe-ele falou nostálgico - Me lembro de ela ter dito que sua mãe havia lhe dado esse livro quando ela tinha completado dezassete anos.- Essa foi a primeira vez que meu pai falou algo sobre minha mãe sem que eu realmente tenha que perguntar.

O lugar de minha mãe em minha vida sempre foi um vácuo, tudo o que eu tinha dela era mágoa, decepção por nos ter abandonado.

Enquanto eu crescia a raiva por ela só foi aumentando de intensidade, principalmente quando eu olhava para o rosto de meu pai e enxergava a ferida exposta nele, afinal de contas meu pai sempre foi tudo para mim, ele suprimiu praticamente toda a falta que ela poderia ter feito em minha vida.

Ainda lembro quando eu tinha sete anos, e vivia perguntando para meu pai sobre minha mãe, questionado porque todas as minhas amigas tinham mãe e pai, enquanto eu só tinha ele.

Ele não tinha as respostas certas para me dar, pelo menos era isso que ele dizia.

Um tempo depois apenas descobri que para ele ainda era difícil falar sobre a mulher que ele conheceu quando ainda estava na faculdade. Isso foi tudo o que ele me falou dela, pelo menos até agora.

-Minha mmãe alguma vez falou onde a avó vivia? Você a conheceu? Perguntei relutante, eu nunca tinha conhecido minha avó materna, nem sequer visto uma imagem dela.

- Depois que fomos viver juntos, elas apenas deixaram de se falar, eu apenas vi ela uma única vez. Mas quando ela engravidou de você, no entanto, elas tinham começado a se falar por cartas.- Meu pai falou formalmente, como se estivesse detendo um pouco de emoção.

- Você desconhece o real motivo de elas terem deixado de se falar?

- A única coisa que sua mãe disse sobre isso é que sua avó queria que ela seguisse um caminho que ela não queria seguir.

Com alarmar vi algo nos olhos de meu pai, era difícil de encontrar as palavras adequadas.

-Vamos jantar. Meu pai falou encarando a porta.

**

Assim que sentei na mesa Cibelle deslizou o prato na minha direção, olhando para mim.

Enfiei purê de batata e frango frito na boca.

Escutei o barulho ininterrupto da chuva no telhado.

Não havia nenhum outro som na cozinha

- Mamãe, Você não vai acreditar no que aconteceu hoje-Brooke falou

- Deixe-me adivinhar você passou no teste para as líderes de torcida? Sua mãe disse fingindo surpresa.

Engasguei com o pão - Então era por isso que você estava no ginásio com as líderes de torcida?

Brooke olhou para mim toda presunçosa - Isso não é da sua conta. Você não devia se meter nos assuntos dos quais não sabe nada. - Ela debochou arqueando uma de suas sobrancelhas.

-Brooke isso não são modos de falar com Elise. Cibelle repreendeu sua filha, enquanto pegou meu prato juntamente com o dela, e os levou para a pia

Brooke enfiou um garfo no meu pedaço de torta de creme. Depois se virou para mim, dando um Olhar mortal e saiu.

Animal de duas patas...

Vídeo sobre o livro:

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Lágrima Negra ( LIVRO I E II) Onde histórias criam vida. Descubra agora