Capítulo ( 9 )

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Enquanto lia e relia alguns dos feitiços no livro de minha mãe, eu me via questionando quem ela era realmente?

Cada pergunta abria dentro de mim um enorme buraco, eu me via cada vez mais curiosa sobre ela, sobre esse livro

Mas não essa noite. Essa noite eu só queria ter uma noite tranquila, sem sonhos, sem questionar mais nada, queria apenas lembrar da época em que eu ia no parquinho com meu pai, dos sanduíches de salada de marisco, meu pai brincando comigo enquanto eu derramava a caixa de cereais pela cozinha. Adormeci lembrando.

**

Antes que o sinal tivesse tocado no dia seguinte, eu já estava retirando meus livros do armário, dessa vez não ia haver atrasos.

-Você vai na festa essa noite? Amber bateu a porta do armário.

-Que festa?

- A festa da fogueira no lago Kokanee?

-Não. Acho que não!

Amber sorriu e deu um tapinha no meu ombro – você precisa ir, essa festa é das melhores que ocorrem em Hoodsport, onde nada acontece.

- Realmente não estou muito a fim de festa. Murmurei fechando a porta do meu armário..

Amber olhou para mim, confusa – Você não gosta de festas? Você tem o que duzentos anos?

- Ainda continuo com meus dezassete anos. sorri sarcasticamente.

-Você vai nessa festa, nem que eu tenha que arrastar você.

Peguei na minha mochila – vou pensar sobre isso.

Minutos depois, eu estava parada na porta da minha aula de inglês. Entrei na sala antes do segundo sinal, meu dia melhorou um pouco ao saber que Amber teria as mesmas aulas hoje.

Senta-mos atras de Kami, ela estava submersa lendo o livro de capa vermelha. Ergui um pouco minha cabeça, para observar o que de tão interessante tinha esse livro, para que ela andasse sempre com ele.

Eu consegui enxergar algumas letras ao longe, mas não consegui ler nada do ponto onde estava.

-O que você esta fazendo? Amber murmurou, erguendo também sua cabeça em direção do livro.— Essa garota é mesmo estranha.— Amber olhou de cima a baixo e bateu com a caneta na mesa.

-Porque você diz isso? Questionei

- Ainda pergunta? Basta olhar. Ela é toda esquisita, usa umas roupas bregas que chama muito a atenção do pessoal, não fala com ninguém, e como se isso tudo não fosse o suficiente para rotulá-la por esquisitona, ainda anda sempre com um livro que simplesmente está em branco.

- O que você quer dizer com isso? Minha voz saiu áspera

Amber suspirou – Você não reparou? Você parecia bastante curiosa olhando para o livro. Não me diga que você não viu que ela esta olhando por um longo tempo para um livro vazio? A página estava completamente em branco. Quem no seu perfeito juízo iria ficar encarando  um livro vazio?

Ergui novamente minha cabeça, para poder constatar que o livro não estava em branco, eu tinha visto algumas letras nele.

Respirei fundo ao ver que ela já tinha fechado seu livro. Eu não estava louca. Ou estava? Maneei a cabeça, eu tinha certeza absoluta que tinha visto letras naquele livro.

- Vamos começar a aula. A voz do professor de inglês me tirou dos meus próprios pensamentos.

**

Quando o sinal do oitavo tempo tocou Amber estava esperando por mim em frente do seu carro.

- Alguém vem pegar você?

- Não. Sou a ovelha negra da família. Brinquei

-Vamos, eu levo você. Ela falou retirando a chave da sua mochila, um trovão ecoou no céu.

Uma forte chuva caiu em seguida, com trovões roncando cada vez mais perto.

Antes que desse tempo de abrir a porta do carro, já estava encharcada.

Enquanto Amber dirigia, eu encostei minha cabeça no vidro, e encarei o céu lá fora, nuvens estavam totalmente pretas.

Amber Teve que ligar os faróis até para sair do estacionamento. Não dava para ver mais do que um metro na frente.

Não era um dia bom para se dirigir. Um relâmpago cruzou o céu escuro à minha frente

- Como vamos nessa festa do lago, se está chovendo? Perguntei

- Com ou sem chuva, nós vamos. Ela falou com certeza.

-Ok, vamos ver. Murmurei

- Não esqueça de avisar seu pai que eu vou buscá-la — ela falou mexendo na estação de rádio – Nem pense em se esquivar dessa festa, e nada de ir com seus pais, garotas da nossa idade saem sozinhas. - Ela disse devagar e pausadamente como se eu fosse lerda, e não entendesse nada do que ela dizia. 

 

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Lágrima Negra ( LIVRO I E II) Onde histórias criam vida. Descubra agora