[Frerard] Picture Me

Capítulo 1

-Mark, se você puder virar seu rosto mais para direita e deixar o corpo aonde está, eu e você ficaremos ricos com uma imagem – disse o fotografo entusiasmado.

E talvez realmente ficassem. O modelo faz exatamente o que Frank Iero manda e a probabilidade de uma capa ou destaque era claro, era assim que o único herdeiro da Life trabalhava: com o sucesso. Frank assumiu a direção da fotografia assim que terminou a especialização em fotojornalismo na França. O cargo fora um presente do pai, presidente da empresa responsável pela revista mais lida de Nova York. Todas as áreas do jornalismo corriam no sangue da família Iero, também marcada por ser uma das mais tradicionais da elite do país. A cada geração crescia o talento e a paixão pelo brasão familiar e pela atividade que os fez ganhar a vida, e Frank não podia se tornar um ponto fora da curva, de jeito nenhum.

-É isso. Acho que temos o bastante. Mark, amanhã eu te mando por e-mail as favoritas. Acho que fizemos um ótimo trabalho – ele disse sorridente e depois cumprimentou o modelo.

-Sr. Iero, você acha que seu pai vai gostar tanto quanto você? – sua assistente e estagiaria, Anna, perguntou enquanto o entregava o imenso copo de café com o qual Iero estava sonhando desde que a sessão começara. Estivera no estúdio fotografando para a sessão de primavera com o staff de moda desde o início da tarde e sem pausa para a dose de um dos seus vícios.

-Uh, eu acho que ele aprendeu a confiar em mim depois que eu o convenci que sou mais jovem e sei das coisas "novas" – Eles trocaram risadas e saíram do estúdio conversando sobre a agenda da próxima semana. Vestiram seus casacos e seguiram para enfrentar o frio da estação em direção aos seus carros, dois dos únicos quatro à vista nas calçadas da imensa avenida. A cidade havia se tornado um caos branco e o frio impedia a maior parte dos frequentadores de enfeitarem as ruas. Frank ofereceu um cigarro à Anna, que afirmou pela milésima vez não fumar, e então acendeu um para ele próprio sentindo a fumaça o aquecer junto com as goladas do café, agora já morno devido ao clima congelante.

-A Vogue continua me ligando, eles querem que você assine algumas fotos para próxima edição. Eu avisei a eles que é seu tempo é corrido e você precisa ver os limites contratuais com a Life...

-Não sou exclusivo, Anna, eu sei disso, mas sabe como meu pai iria adorar me ver ganhando por uma concorrente.

-Eu tenho quase certeza que ele arrancaria sua cabeça.

Frank sabia que gostaria de expandir, lançar sua galeria, ver gente nova, rodar o mundo, mas a pressão pela herança de família e o reconhecimento dos pais o machucava muito. Era ainda preciso mostrar e afirmar a cada dia quem ele havia se tornado e toda sua notabilidade. Sua prioridade, além de ser feliz, era encher a conta bancária da sua família e manter o hype populacional sobre a beleza de suas imagens, era assim que eles o notavam, o abençoavam e aceitavam sorrir para a pequena Lily, que agora já se tornara "uma moça". Era com um esforço gigantesco e cansaço emocional que o herdeiro criou sua "bastarda" parcialmente sozinho, mas a vingança não era algo que ele almejava quando isso poderia afetar no crescimento e relações familiares da pequena.

-E eu não quero experimentar isso, quero? – Anne havia se tornado uma amiga bem próxima desde que começou a estagiar e talvez ele mais tenha mostrado os lados negativos do sucesso do que realmente ensinado algo a ela, mas era bom conversar com alguém. Anne falava do namorado, dos pais reclamando de seu curso, dos professores idiotas na faculdade e Frank falava de Lily, do pai estressado, da mãe ausente e da saudade que sentia de Jamia. Desde sua morte Frank ignorava a vida social e ainda mais a romântica. Seu corpo parecia trancado e sua mente dedicada ao trabalho e os deveres de casa de Lily, que completou 10 anos no último mês de setembro e já falava do garotinho bonito de óculos que era bom em matemática. Encontrar alguém com quem pudesse compartilhar alguns detalhes de sua existência havia se tornado um alivio.