Capítulo 17

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Lily estava adorando o fato de ter Gerard mais presente na vida da pequena família. Ele havia surgido na quarta-feira em sua casa, com lindas flores coloridas divididas em dois boques diferentes. Um pra ela e outro para o pai, que pareceu excessivamente contente ao ver o outro homem, sorrindo inclusive enquanto lavava a louça do jantar. Way desenhou com ela por boa parte da noite e ajudou com uma lição de sombreamento pra o clube de artes que ela estava participando em seu colégio.

Os três assistiram alguns episódios de Seinfeld enquanto comiam o pedaço de torta que o moreno trouxe para sobremesa. Naquele dia, ela foi dormir quase meia hora mais tarde que o comum, mas seu pai não parecia se importar, estavam se divertindo demais, principalmente para um dia ridículo de semana.

Ela podia não saber, mas naquela noite, as costas cansadas do pai se chocaram contra o peito do mais velho, num abraço aconchegante, até adormecerem juntos. Nada demais havia acontecido, não havia tempo e nem disposição para sexo, só o estar perto valia muito. Além da conta.

No sábado, haviam preparado cookies caseiros na casa de Gerard. Lily insistiu em visitar o pequenino atelier e ficou tão extasiada com as obras que nem se incomodou com o odor fatal do verniz e da tinta óleo. Os olhos atentos analisavam cada detalhe, obrigando Iero a ficar alguns minutos na sala, sozinho, enquanto Gerard contava histórias e falava rapidamente sobre alguns estilos de pintura para ela, aos poucos arrancando dicas de coisas que ela gostava para o quadro que faria de presente para ela, a pedido de Iero e a mando de seu coração. Way nunca pensou em ter filhos, embora tivesse um jeito surpreendente com crianças, mas a afeição com Lily, que saia do esteriotipo de pré-adolescente histérica e mal criada, crescia a cada conversa e ele já a considerava uma pequena grande amiga, cuja companhia parecia ouro puro em suas mãos. A cada elogio e demonstração de admiração, mais ele gostaria de ser mais para ela, ser um exemplo melhor, um artista mais criativo, e talvez esse seja mais um novo sentimento com o qual ele estava aprendo a lidar.

O gato Tom parecia ter recebido bem as visitas. Frank quase teve uma sincope quando encontrou o vulto preto andando pelas arestas da casa, curioso com o movimento.

-Ok... você tem um gato? Ele esteve aqui o fim de semana passada todo? – disse ofegante, após o susto.

E Gerard riu, dizendo que não sabia se Iero gostava ou não de felinos, então tinha deixado ele no veterinário por dois dias, o que não o agradou muito, pra ser sincero. O tatuado era muito mais fã de cães, mas não conseguia resistir com a bola de pelos se esfregando em suas pernas com carinho, provavelmente pedindo algo em troca, como um sachê de patê de atum.

O domingo foi de Lily com os avós novamente. Os cabelos do Iero mais velho começavam a ficar gentilmente mais ralos e as feições, bastante abatidas. A maldita doença estava criando uma aura de conflitos dentro de Frank, ao que via o tempo se esgotando, as chances acabando e tanta coisa sem nó, em aberto, naquela relação fraternal completamente bagunçada. Ele se deixou vencer pelo coração grande e gastou parte da manhã com os pais. A procura de um momento amigável, falavam de empresa e futebol americano. Ás vezes baseball. Sua mãe decidiu intervir, trazendo um álbum de família para aproveitar daquele momento raro, tentando aquecer a situação de clima ártico na casa. Lily se divertiu, pelo menos, com as fotos constrangedoras do pai no penico e no banho.

Pouco antes do almoço, Iero deixou a pequena para uma sessão de filmes com os pais e, mentindo, dizendo que precisava de algumas sonecas para se recuperar dos dias exaustivos na nova função – e tudo bem, talvez aquilo não fosse uma grande mentir. Mas seu automóvel não rumou para casa, mas sim para o apartamento de Gerard, onde ele ignorou o elevador e subiu correndo o lance de escadas até o quarto andar. Bateu na porta, sendo recebido com rapidez, e atacando os lábios de Way com suavidade, sentindo o sorriso do outro nascer contra sua boca apaixonada, tentando começar um beijo. Falhou. Os dois caíram na gargalhada e Frank envolveu o corpo do mais velho em seus braços.

[Frerard] Picture Me Onde histórias criam vida. Descubra agora