Capítulo 3

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Pela excitação não habitual e por não ter comido, a pequena Lily já reconheceu que outro dia esquisito havia raiado para o pai. Não que ele não fosse sempre uma bola de alegrias para a filha, mas ela reconhecia que toda aquela força e brilho nos olhos não era comum.

-Tudo bem, o você já pode me contar – ela disse, tomando seu café da manhã lentamente. Frank geralmente empanturrava a menina de comida e era difícil para ela administrar toda aquela farta carga matinal.

-Bem, eu falei com seu avô e com o pessoal da outra revista. Vamos nos encontrar hoje – o pai a divertiu fazendo seu símbolo secreto com as mãos, demonstrando a emoção do momento. A garotinha agradeceu por finalmente ver aquilo novamente sem ser atrelado a comidas congeladas. Ela respondeu ao "jazz hands" gerando uma gargalhada em dupla que ninguém ousava a entender.

-Eu quero ver fotos novas – Lily exclamou – Vai ser muito legal.

-Vai sim – o pai afirmou, avisando-a da hora e a menina se deu por abençoada, já que conseguiu se salvar do enorme copo de iogurte de maracujá. Ela sabia que tinha um outro exatamente igual no meio de suas coisas, para sobremesa.

Frank pegou sua mochila e a da pequena, e dirigiu com calma até o colégio. Ele não queria chegar cedo demais na cafeteria e se passar por desesperado, mas a verdade é que sua ansiedade e a fome do jejum não faziam nada bem ao estomago. Deixou a filha na escola, rezando por não ser parado pela polícia infantil, vulgo diretora, embora Lily tenha jurado que estava seguindo o que combinaram. Se encaminhou então diretamente o enorme prédio, símbolo da cidade. A City Knoll Middle School era, na verdade, à alguns poucos quarteirões da atração, mas cada segundo que demorava, mais Iero queria sair do carro e voar por cima daquele engarrafamento típico de Manhattan.

Ao finalmente chegar no prédio e estacionar, ele checou o relógio e se glorificou por estar bem pontual. Dentro do ambiente confortável, logo avistou a cabeleira usual de Ray Toro. Não é que Frank o conhecesse, mas seu rosto era comum em matérias mundo a fora sobre recrutamento e empreendedorismo. O homem vestia-se de forma estilosa e desleixada, o que deixou Iero extremamente confortável; Blusa branca estampada, coberta por uma jaqueta caramelo de couro sintético – havia de ser sintético, senão Frank arranjaria uma forma nada simpática de alfineta-lo – e um jeans claro "moderno", como diria seu pai. O fotografo se aproximou amigavelmente chamando atenção de Toro, que mexia distraidamente no celular.

-Bom dia, Raymond – falou doce, quase irreconhecível.

O mais velho abriu seu sorriso chamativo e brilhante, levantando-se cordialmente para cumprimentar o artista. Educadamente, Toro disse que havia o aguardado para fazer o pedido e então os dois se encaminharam para fila como dois antigos amigos. Frank se sentiu confiante o bastante para elogiar a camisa do The Smiths do cabeludo e passaram a falar brevemente de música. Iero pediu seu Red Velvet costumeiro e um café quente para acompanhar. Quando finalmente sentaram, Ray tomou partida da conversa após tomar um bom gole do enorme cappuccino quente.

-Seu trabalho encanta a todos nós, Iero. Você tem uma pureza visual impressionante – comentou despreocupado, sabendo que o mais novo já deveria ter ouvido aquilo diversas vezes na vida – Não queríamos nos meter com a concorrência até um modelo nosso insistir em querer trabalhar com você. Ele é freelancer, muito peculiar, o chamamos quando temos que colocar muita personalidade em cena, e eu decidi dar ouvidos a ele, sabe-se lá o porquê.

Raymond passou a degustar seu salgado e Frank, que gostaria de ouvir mais antes de se pronunciar, passou a se presentear com o sabor amado de seu bolo vermelho. Um modelo? Ele não passava os dias caçando imagens de outras revistas, mas agora se encontrava muito curioso por uma pessoa em especial, que teria batido o pé para Raymond Manuel Toro Ortiz o procurar para fazer aquela interseção.

[Frerard] Picture Me Onde histórias criam vida. Descubra agora