Capítulo 10

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Olá, galera, desculpe pelo atraso. Tá tudo uma correria. Mas estava com saudades daqui e como terça - dia 25 - é meu aniversário, decidi me dar esse presente.

Olha, eu sei que eu lerdo, mas vai ter beijo e amor sim hahaha ok? eu juro

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Café. Macas. Cochilos. Lanches. Lágrimas. Café. Agonia. Cochilos. Café. Emergência.

As lembranças que Frank possuía daquele hospital se resumiam a justaposições de palavras que, tirando café, não lhe agradavam em nada. Mesmo com todas as reformas no ambiente era irreconhecível em todo o cheiro de sangue e produtos de limpeza, e ele podia jurar que via suas marcas de pegadas de 10 anos atrás no chão, como uma mancha permanente de coisas que não sairiam de sua cabeça por nada na vida.

-Aqui é muito claro – disse Lily, que andava bastante alheia, sem ser contagiada por sentimentos de um passado que ela não lembrava e nem precisava. Não deveria. Ela, na verdade, se divertia com a primeira experiência num hospital. Ela só não gostava, assim como o pai, das pessoas em volta da recepção com celulares apostos para qualquer resquício de fofoca sobre a família Iero. E não importava qual fosse. Toda palavra e movimento valia para movimentar aquela máquina de dinheiro e interesse que era a mídia.

Frank trouxe Lily para perto de si, desejando poder escondê-la completamente, amaldiçoando os anos de infância que tinham passado fazendo com que ela não mais gostasse de se fantasiar para sair na rua. Suspirou de alivio apenas ao encontrar o rosto cansado da mãe dentre os vários outros naquela sala. Ela deu um sorriso de leve ao vê-lo. Ao se aproximar, a mulher quebrou suas barreiras de sempre, envolvendo o filho em seus braços, com alivio e conforto, já que não tinha mais ninguém para relaxar seus sentimentos no mundo.

-Hey, está tudo bem – Frank sussurrou dentre os cabelos da mesma, abraçando a cintura flácida com uma mão. Ao se separarem, ela se ajoelhou, dando um beijo na bochecha da neta. Fazendo o coração do fotografo se derreter um pouco.

Não era como se Linda detestasse a menina, mas ás vezes ela punia Frank e seus erros, por pura influência do pai, através de um pouco de frieza, e isso mata o filho. Mas não era como se só ele sofresse. Um adolescente ausente, Frank sangrava calado e aquilo magoava a relação que inicialmente era intima, quase de uma amizade grande. Por vezes, pareciam apenas duas crianças, diferente do mais velho, que se colocava como um chefe de família, uma figura distante. Família era complicado, um tópico perturbador pra metade da classe humana.

-O vovô está ruim? – perguntou a pequena numa voz doce, ainda que curiosa, como naturalmente era.

-Não, minha querida. Ele só precisa descansar – a senhora disse, logo oferecendo sua mão a Lily, a convidando para comprar um cupcake na lanchonete da recepção. A menor aceitou com animação, e assim Linda entregou sua etiqueta ao filho, o direcionando para o corredor e o quarto corretos – está tudo bem, nada muito chocante – ela sussurrou para Iero, e logo após depositou um beijo carinhoso na bochecha do mesmo, sabendo que ele conseguia esconder as coisas da maior parte do mundo, e até mesmo se enganar achando que passava despercebido por seus olhos atentos, mas era mentira. Frank era pura verdade no semblante. 100% do tempo.

Ele caminhou de cabeça baixa pelos corredores, sentindo seu corpo fraco e desgostoso. O frio cortante, o branco, o cheiro insuportável de limpeza rodeando tudo, e no fundo, um odor metade real e metade paranoico de sangue.

A porta do quarto estava aberta, e pode ouvir a voz do pai conversar com alguém. Tímido, adentrou silencioso, observando o médico fazendo seu check out básico da noite. O rosto duro do senhor Iero estava desfeito, cansado. Os cortes no rosto seriam imperceptíveis se o mesmo não estivesse tão pálido. O estrago estava em uma das pernas, quebrada pelo impacto e que provavelmente demoraria um tanto para sarar. Também tinha algum problema nas costas, algo que iria requerer mais exames no futuro.

[Frerard] Picture Me Onde histórias criam vida. Descubra agora