Capítulo 1 - Ímpar ou par?

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Isabela

Abro a porta do porta malas e olho para o pequeno sobrado colonial na minha frente, super fofo e acolhedor, vamos ter ótimas férias. A cidade é minuscula, mas isso vai ser ótimo para mudarmos de ares.

— Sério... Estou começando a repensar em vir para cá! Que diversão que vou ter aqui?! Só vejo mato praticamente e já vou avisando, você cozinha! — Sempre dando ordens, só porque ela é uma negação na cozinha e sempre que o jantar é por conta dela, o telefone é seu amigo. 

— Claro, Dora. Aqui tem pouquíssimas opções de restaurantes. Só se fôssemos na cidade vizinha.

— Talvez. Vamos tirar tudo logo porque eu quero um banho! Urgente! 

 Quando decidimos vir para Saintville, organizamos tudo em silêncio, busquei por casas e por sorte achei essa, de cara me apaixonei por ela. Não é o gosto da minha irmã, mas como eu estava pagando, ela nem brigou muito. Só me chamou de vaca umas duas vezes, queria uma casa com piscina e essa não tinha. Quase levei uma sapatada na cabeça ao falar que podíamos ir para um lago ou algo assim.

— Sério, se acalme um pouco. Você está muito chata hoje. — dou uma olhada séria para ela, que me ignora, dá de ombros e toma a chave das minhas mãos e vai para a porta da casa. No carro Morpheu começa a latir, agitado.

— Espera, baby. Agorinha te solto. — ele continua resmungando, indignado. Olho o meu reflexo no vidro do carro, como eu deixei a bandida da minha irmã me convencer a cortamos o cabelo igual de novo?! A última vez foi quando? Há uns 10 anos atrás? Eterna confusão sempre... E muitas histórias também.

— Cara, isso está cheirando casa velha, mas muito bem limpa... Olha esse piso, posso comer nele. — paro atrás dela na sala de entrada, admirada com a pequena sala. Uma lareira imensa, com um sofá branco em formato de U em frente a ela e um tapete marrom grande cobrindo grande parte do piso, o lustre combinava perfeitamente, uma coisa meio rústica com modernidade.

— Já vejo meus cochilos nesse sofá.

— Acho melhor você por aqueles benditos sapatos no Morpheu quando sairmos, porque olha essas coisas claras. Vai ser um desastre. — solto um gemido só de pensar.

— Você está certa. — Subimos as escadas, de olho nas duas portas, que dão para os dois quartos.

— Ímpar ou par? Quem ganhar fica com o quarto que tem banheira! — ela me dá uma risada safada.

— Vamos lá! Ímpar.

— Ok! Já! — Estendemos as mãos e caio na risada quando conto. — Ímpar! 7!

— Sua safada!

— Estou começando com sorte maninha.

— Uhum, te vejo daqui a pouco. - ela diz indo com suas malas para o quarto. Entro no meu, admirada com ele, todo decorado em azul bebê e branco. Deixo minhas malas de lado e desço para pegar o Morpheu, solto sua corrente do banco e o pego agitado no meu colo. —Calma, baby! Chegamos na nova casa, por três meses. —Muito tempo! Ui! Depois dele fazer as suas necessidades, subo para meu quarto, o deixando conhecer tudo. Partiu banho!!!


Isadora

Cansada, me largo no sofá divino, com a cabeça para baixo e minhas pernas para cima, um vestidinho leve e acompanhada de muita preguiça junta. Minha irmã parece ter morrido no quarto, vai saber o que está fazendo. Minha missão de férias é arrumar um boy gato para ela. E lógico que ela não precisa saber disso.

A campainha toca me tirando dos meus pensamentos mirabolantes. Droga! Levanto brava. Abro a porta pronta para dar uns gritos no indivíduo ou indivídua. Mas paro de boca aberta. 

OMG! (Oh, my God!) 

Cabelos cor de mel, olhos verdes, um corpo arrasador, e para completar... um chapéu de cowboy. Camisa branca justa, calça jeans e botinas... Sim, minhas filhas! Malditas botas! Um pedaço de carne divina! Incrível para minha maninha, nada desse homens fru-fru para ela, esse tem cara de sistema bruto.

— Desculpa incomodar.

— Que isso! Nenhum incomodo. — ele levanta a sobrancelha me olhando atentamente, aí que eu percebo o cachorro na mão dele.

— Meu Deus! O Morpheu tem um irmão gêmeo desaparecido, esse cachorro é igualzinho ao nosso!

— Er, acho que na verdade ele deve ser seu, então.

— Não! O nosso está no quarto com minha irmã. — falo tentando acreditar ou será que o safado fugiu? Mas, como?

— Ele estava caminhando pela rua, como é a casa mais próxima e vi o carro... Imaginei que fosse.

— Me dá um minutinho. — Louca como eu sou, deixei ele na porta e corri para cozinha.


Isabela

Relaxadíssima! Assim que estou, desço as escadas e vejo a porta meio aberta, isso deve ser coisa da louca da minha irmã, ela esquece do Morpheu e se fôssemos assaltadas?

Estou fechando a porta quando uma mão me para. E me assusta ao empurrar ela aberta.

— Até que enfim, moça, achei que ia me deixar aqui... Não tenho todo tempo. — olho para o meu filho nos seus braços e fico louca.

— Você está roubando meu bebê! Socorro! Me devolve isso! — ele olha para mim como se eu tivesse perdido minha mente.

— Você entrou em casa só para trocar de roupa? — diz me olhando de cima a baixo.

— Lógico que não!

— Pronto, voltei! — uma esbaforida Dora chega derrapando na nossa frente. — Definitivamente o cachorro não está em casa, é nosso mesmo. — Do que ela está falando? — Ah, vejo que conheceu minha irmã. — Quando olho de novo para ele, percebo que está assustado, olhando de mim para ela.

— Foda! Isso vai dar merda! — Ele diz me surpreendendo, e fazendo minha irmã rir, ela passa na minha frente, me dando um empurrão, que me faz resmungar.

— Eu sou a Isadora, não me apresentei antes. E essa é minha irmã Isabela, já percebeu que somos gêmeas. — diz estendendo a mão para ele.


Dylan

Depois de um dia exaustivo no trabalho, tudo o que eu mais queria era minha cama e dar uma olhada pelo meu ipad em uns artigos novos de medicina veterinária. Estava voltando para casa dos meus pais quando me deparei com um cachorro perdido na esquina da rua da minha clínica, parei o carro e desci pegando o animal.

Sou médico veterinário, formado há sete anos, e minha maior paixão depois das mulheres, é claro, são os animais. Seres únicos e surpreendentes! Só que eu não imaginava que ao pegá-lo e trazê-lo para sua casa e dona, me traria também uma enorme dor de cabeça.

Fico olhando para porta onde se encontram as duas mulheres, só o que muda de uma para a outra são as roupas, mas a aparência é igual! Gêmeas!

— Me desculpe... Morpheu quando não conhece o lugar fica todo agitado e ainda mais agora com essa liberdade toda, deve ter aproveitado, por isso ele deve ter saído. Alguma porta deve estar aberta...

— É... você está certa e não precisa se desculpar, isso acontece. Eu nunca as vi por aqui...

— Somos novas!

— Imaginei. Vieram para ficar? — A cada minuto dessa conversa eu sentia que essas garotas iriam dar problemas. Não sei porque, mas vão...

— Pois é, estamos desfazendo as malas ainda, vamos passar uma temporada. — Respondeu a que pelo jeito era a Isa, ela me parecia mais tranquila e doce do que a sua irmã. Seu sorriso era perfeito e sua voz numa suavidade incrível, poderia parar para ficar ouvindo ela falar. 

— Espero que passem um bom momento. Agora preciso ir, mas, Isabela... Se precisar de alguma coisa para esse garotão aqui, é só me chamar, aqui está meu contato. – Lhe entrego meu cartão da clínica. Acho que fiz besteira de dar meu contato para ela, mas senti sua mão tremer quando pegou o cartão das minhas mãos. Interessante... Olhei para ela e dei um dos meus famosos sorrisos.

Além do inesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora