Coincidências Do Acaso

*~Capítulo 33~*

Miranda

Minhas mãos estão lavadas pelo sangue que escorre por meus braços me sujando ainda mais, meus olhos se negam a fechar-se diante da cena á sua frente.

O gosto amargo e metálico dança livremente em minha boca. A escuridão se tornou algo natural, pelo menos por aqui. Mal posso reconhecer o homem á minha frente, mas como poderia? Seu corpo estirado á minha frente totalmente sem vida não me causa nem sequer um único arrepio. Contudo, aquele sorriso que somente se ilumina na escuridão faz com que calafrios subam por minha coluna me fazendo estremecer sob seu olhar.

A brisa forte da noite sopra contra mim, até parece que ela sabe a verdade, ou que espera que revele o quão envolvida estou. Envolvida com aqueles olhos negros e frios que demonstram muito menos do que se espera.

Pelo menos Gabriel está de olhos fechados, não sei se teria coragem de fechá-los, ouvir suas últimas palavras dizendo o quanto me amava, enquanto lentamente perdia cada resquício de vida que seu corpo um dia tivera.

Sou surpreendida por um solavanco que me faz abrir os olhos. Meus batimentos cardíacos estão completamente descontrolado, enquanto minha traqueia parece se recusar á liberar a passagem do ar que tanto necessita meus pulmões que doem pelo simples gesto de tentar inspirar ao máximo de ar que consigo.

-Está tudo bem, olhe para mim. -A voz calma e tranquila faz meu olhar retomar o foco.

Olho para o dono da voz, seus olhos azuis exalam preocupação.

Apenas o abraço, com toda força que posso.

-Miranda?

-Apenas me abrace. -Peço, minha voz está falhada.

Foi tão real... Por alguns minutos pensei que... As lágrimas vêem sem que possa ter algum controle sobre elas.

-O que houve? -Ele me pergunta assim que desfaço o abraço.

-Um pesadelo. -Respondo abaixando meus olhos.

-Quer falar sobre isso? -Gabriel pergunta.

-Eu estava diante de um assassinato... - Minha boca está seca o que me dificulta um pouco para falar. - E você era a vítima.

-Vem aqui. -Diz me puxando para seus braços acolhedores. -Está tudo bem. -Beija minha têmpora. - Estou aqui com você.

Apenas assinto.

Aquele sorriso, por que? Estava bem, na minha lua de mel, tudo perfeito. Então por que ter um sonho Justo com ele...

"Senhor, por quê? Por que tive que passar por tanta coisa? Isso tudo precisa de uma explicação, preciso saber... Não sei se tudo isso faz parte de Teus planos, mas... Só queria entender."

Gabriel mexe em meus cabelos, fecho meus olhos pensando em coisas boas.

-Vou colocar uma música para tocar, tudo bem? -Pergunta calmamente, como se estivesse com medo de que me assustasse com o mais calmo timbre de voz que possa existir.

-Sim, tudo bem.

Se esticando ele pega o celular que está ao lado da cama.

Passam-se alguns segundos e uma música calma e tranquila começa a encher o quarto com sua melodia.

"És mais real que o chão que eu piso,

És mais real que o ar em meus pulmões,