Coincidências Do Acaso

*~Capítulo Cinquenta e Um~*

Último capítulo

Miranda.

Sinto minha traqueia falhar em sua função impedindo minha breve passagem de ar, sinto minhas pernas trêmulas, o desespero toma conta de mim e de meu coração.

A cada passo dado por ele é uma respiração que se esvai por minhas narinas acabando com os resquícios de ar que ainda me restavam.

Seu olhar permanece preso ao meu, não consigo, talvez nem se tentasse conseguiria desviar o olhar.

Sinto minhas mãos trêmulas, e seu sorriso apenas se amplia.

Finalmente suas pisaduras são cessadas, ele está frente à frente a mim e minha incredulidade ainda insiste em bater a porta.

-Como se sente? -Pergunta, seu tom de voz está rouco. Um arrepio sobre por minha coluna ao ouvir sua voz.

-Por que você... -Não consigo terminar a frase, acreditar que provavelmente nunca sairei daqui graças a ele, e isso faz meu coração se apertar ainda mais e a razão me deixa dando lugar a insanidade do meu desespero.

-Por que estou fazendo isso? -Pergunta com um ar de deboche. -Enzo te deu algum tipo de introdução? -Pergunta agora fitando o mesmo que está ao lado de Amanda.

Enzo apenas nega com a cabeça.

-Então permita-me começar. -Ele caminha até uma cadeira, puxa-a até mais próximo a mim sentando-se logo em seguida.-Era uma vez uma família feliz, rica e completa. Com pai, mãe e dois filhos... Perfeitos não é ? Mas então o pai, resolve expandir sua riqueza, e a melhor maneira de se fazer isso seria investindo em uma multinacional... O plano perfeito. -Seu olhar está fixo ao meu, enquanto apenas engulo a seco temendo pelo que virá. -Mas um certo presidente, de uma certa empresa lhe deu a esperança de que talvez ele pudesse ficar ainda mais rico e o pobre coitado pai acreditou. Moral da história a falência provavelmente é o fim para todos os homens.

-Não sei onde você está tentando chegar, mas... -Começo a dizer.

-Cínica! Porque esta é a única resposta, ou você é cínica ou burra... E gosto de pensar na primeira opção, já que não me agrada pessoas burras... Seu pai nunca falou sobre o passado, sobre seus negócios?

Apenas o fito, estou tentando pensar em algo para que consiga sair daqui.

-É incrível pensar em como vocês sempre confiaram em mim, nunca desconfiaram... Nem me dei o trabalho de mudar meu sobrenome e veja nem estranharam Schmutz ser o mesmo sobrenome do homem que quase te estuprou! Ah, sinceramente esperava muito mais de você.. Queria ter orgulho de ter matado pelo menos uma pessoa inteligente e não apenas uma filhinha de papai como você.

-Então você realmente nunca esteve lá por nós, nunca se preocupou... Você só queria vingança por algo que seu pai fez de errado? -Pergunto sentindo a ira me dominar.

-Você entendeu minha história e ainda nomeou os personagens... Que graça de menina! -Responde, seu tom esbanja ironia.

-Só diga o que você quer, por favor.

-O que eu quero? Quero ver nos olhos de seu pai o mesmo desespero que eu vi no do meu pai quando ele perdeu tudo! Inclusive a vida, tudo por um Guimarães!

-Olha, isso foi há muito tempo...

-Não, não me venha com essa ladainha, porque eu Bernardo Schmutz jurei no tumulo de meu pai que iria me vingar, e eu vou.

-Mas se você quer atingir o patrimônio de meu pai porque me sequestrar?

Bernardo apenas gargalha.