salva-vidas (dedicado aos sufocados)

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Rala a alma que percorre a noite, fala a noite cheia de açoites. Suplício. Oh! Terrível. Se os ladrilhos pudessem falar, diriam: não nos deixem afogar nesse mar vermelho. Esguicho veneno por toda parte e o destemido grita:
- me deixe sair porra!
As estrelas vêem aberrações, únicas, o medo lhes sangram e escorrem como luz. Seduz. Sim ! O destino conduz aquele momento como uma parteira. Estampado o cavalheiro mascarado, que sem conto de fadas é só mais um carrasco. Sim. É a resposta do momento para os gritos do desesperado, infelismente, ecoa sem sentimento. Frio. Uma resposta fria, oque esperar? Sem escolha o desespero começa a mofar.
-que quarto escuro, alguém pode me escutar? Se sim, venha logo me resgatar.
Ele perdeu a esperança com o pouco de dignidade que sobrou. As trevas começam a lhe abraçar e ele começa a mudar. Sua salvação é assinar uma agenda, que garantia pode ter se irá ou não viver. Medo.  O carrasco adora xadrez e não fala minha língua... Acho que fala inglês. Ele também gosta de cortar, sangria é sua especialidade, será que estar no cardápio faz mal?
Me beija ceifadora incontestável, me leva pra passear.
Sorrir faz mal, estou bem? Não. É a resposta para o momento. Parece que a coruja tira sarro do silêncio. Arrasto. Se a canção não salva um concerto certamente salvará. Sim a porta começa a abrir e cantando a marcha fúnebre ele comessa a chorar, seus cotovelos arranham no chão áspero, até o carrasco o soltar. Uma cadeira preta cheia de suspiros calmos. O carrasco diz:
- é lá, vá logo e pode se sentar.
Chegou, finalmente ele irá saber se enfim pode morrer.
A caneta faz uma voz esganiçada. Desliza suave sobre o papel e a tinta escorre como mel. O contrato começa a cerrar e o diabo canta vitória:
-mais um pro exército da escória.
Ele acende um cigarro cheio de glória.
-chegou minha hora senhor secretário de saúde. Deus te acuda pois nosso trato ta feito
cheio de empenho retorna ao desdenho. Mais um roubo a nação.
-esse furto promete, néh não ?
-sim, promete matar mais de um milhão.
Entre todos, esse é o devaneio solitário de mais um otário.

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