Capítulo 16

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Enquanto os professores davam as primeiras aulas, tentei repassar todas as palavras que mamãe havia dito no dia anterior. Eu quebrava a cabeça e não imaginava qual das irmãs era a justiceira, ou assassina. As meninas perguntavam se estava bem e eu acenava, mas não consegui me concentrar por um segundo no presente.

Se eu contasse para Léxi, ela me ajudaria a encontrar a justiceira facilmente. Mas e se fosse a mãe dela? Seria uma péssima surpresa para Léxi. Desci as escadas a passos de tartaruga e olhei para Léxi, andando à frente.

- Penélope? – Perry chamou do alto e fitei-o.

- Perry.

- Tudo bem?

- Ótimo. – Sorri.

- Posso me sentar com vocês?

Aquiesci e ele agradeceu. Continuamos nos olhando por alguns segundos e ele passou a mão nos cabelos.

- Vamos, então. – Falei.

- Sim. – Ouvi-o dizer com receio.

Andamos poucos passos e ele encostou a mão na minha.

- Desculpe. – Perry disse e baixou a cabeça.

Sorri e segurei sua mão. Ele não reclamou e fomos até a mesa das meninas de mãos dadas.

- Mas olhem só! Finalmente estão namorando! – Matilde gritou e as outras riram.

Senti as bochechas aquecendo e soltamos nossas mãos. Sentamos-nos lado a lado e semicerrei os olhos em direção à Matilde.

Não entendi por que Perry ficara tímido. Já éramos tão próximos como amigos e ele era sempre desinibido, então não havia motivo para tanto nervosismo.

- Fracassadas! – Gritaram as irmãs Barloche enquanto iam para uma mesa distante.

- Fracassadas são vocês! – Ana gritou e nós confirmamos.

- Essas garotas estão voltando a ser insuportáveis. Pensei que ficariam quietas para sempre. – Léxi disse.

- Grande ilusão. – Matilde disse enfatizando e Yasmin riu.

- Eu gostaria de fazer algo. E queria a atenção de vocês. – Perry anunciou e seu corpo tremia um pouco.

- O que houve? – Perguntei, medo surgindo.

Ele se levantou da cadeira, pegou no apoio e me deu um sorriso, depois tirou-a do lugar. Meu medo se dissipou, mas fiquei nervosa. O que era aquilo? Perry retornou devagar para o lugar da cadeira e sorriu novamente. Pegou minha cadeira e me virou com ela para a sua frente.

Olhei para as meninas, procurando respostas, e todos do refeitório estavam voltados para mim.

- O que... – Comecei e parei ao vê-lo se ajoelhando.

Perry olhou para mim e respirou.

- Quer ser minha namorada?

Fiquei paralisada por um instante. Emocionei-me com seu sorriso e seu olhar, tão apaixonados. E pensei que não havia outra resposta, senão sim.

- Não.

Mas não naquele momento.

Ouvi um "o" em coro e meus olhos coçaram. Perry se levantou e parecia arrasado. As meninas balançaram a cabeça em repreensão. "De novo não" disse, repeti e gritei mentalmente, mas meus pés se soltaram e se encaminharam para a sala.

Salto (Irmandade Rosa 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora