Capítulo 17

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Pelo resto da semana a Salto esteve sumida. Tentei me reconciliar com Perry, mas ele me ignorava por todas as horas, na escola, em casa, por mensagem. Ele me tratou como uma parede. Isso me abalou e me distraiu muito mais do que esperava. Enquanto isso, Léxi procurava informações pela internet, com azar ainda não encontrara algo.

Aquela quarta era feriado e nós, as irmãs rosa, passamos o dia na casa da Yasmin. Era uma linda mansão com um jardim na entrada.

- Esses morangos com chocolate estão divinos! – Exclamei, enquanto saboreava a sobremesa. As meninas concordaram.

- Como está entre você e o Perry, Perna-Grossa? – Matilde perguntou.

Continuei a comer os morangos, pensando em algo para responder.

- Espero que fiquemos bem. – Respondi.

Eu não sabia mais se nos resolveríamos. Laís o perseguia e talvez ele lhe desse uma outra chance depois do que fiz. Eu queria me desculpar com Perry e aceitar o pedido de namoro. Eu mesma o pediria em namoro. Mas eu precisava estar focada.

A irmã mais nova da Yasmin apareceu e pegou alguns morangos.

- Samanta! – Yasmin reclamou.

- Eu também sou uma rosa. – Samanta disse e fez uma careta.

- Você é uma bebê. – Yasmin retrucou e a puxou para fora do quarto.

- Sua irmã é uma fofa. – Léxi disse.

- Fica com ela por uma semana e repete isso. – Yasmin respondeu e gargalhamos.

Ligamos o DVD e assistimos às séries que levei. Passamos o resto da tarde em frente à TV, depois de termos contado tantas fofocas e piadas. Samanta tentou invadir o quarto algumas vezes, mas a Yasmin ficou alerta e não permitiu em nenhuma delas.

- Obrigada, meninas. Essa reunião me ajudou muito. – Agradeci.

- A mim também. Tive uma semana muito estressante. – Ana comentou.

Nossa despedida foi repleta de abraços e beijos, como sempre. Chamei Léxi para a cozinha e perguntei se descobrira algo.

- Não encontrei nada. Nossas mães parecem limpas de qualquer dado. Mas sinto que estou perto. Dados difíceis assim podem ser mais surpreendentes do que dados fáceis.

- Obrigada, Léxi. Não esqueça de manter em segredo.

- Não seria louca de contar a ninguém.

- Penélope! – Cristina gritou.

- Vou lá falar com ela.

Cristina me encarou por alguns segundos.

- Tem algo para me contar?

- O quê?

Cristina pareceu não se importar e balançou a cabeça.

- Não era nada, pode ir.

- Tem certeza?

- Sim.

Caminhei em direção ao carro de Marcos, que chegava naquela hora.

- Salto.

Virei-me para Cristina e ela sorriu.

- Eu sabia. – Cristina disse e coloquei o dedo nos lábios.

- Não conte.

- Claro que não! – Cristina disse e revirou os olhos.

Acenei para as meninas e parti.

Mamãe me ignorou durante o resto da noite e decidi dormir mais cedo. Vestia meu pijama quando ouvi o celular tocando. Devia ser a Léxi com alguma informação nova. Atendi sem olhar o identificador.

- Léxi?

- Sim.

- Descobriu quem é a justiceira?

- Não, Pê. É uma notícia horrível.

- Que notícia? Você está bem?

- Carola Russel morreu.

Tapei a boca e fiquei sem reação. Só consegui me recuperar depois de respirar várias vezes e me sentar.

- A mãe da Ana morreu? Como isso pôde acontecer, ela estava tão bem...

- Ela foi assassinada.

- O quê?! Você não acha que...

- Uma facada no peito.

- Não! Eu não acredito que deixei ela fazer isso.

- Não foi sua culpa, Pê. Você nem sabe quem é ela.

- Tenho de desligar. – Apertei o botão sem que ela respondesse.

Aquilo era culpa minha. E se eu não estivesse procurando por ela, será que Carola ainda seria assassinada? Acredito que não. Esses pensamentos me pesavam e chorei em desespero, sentindo toda a culpa pela morte de Carola. E se fosse culpa da Salto? Só após eu ter inventado essa ideia é que coisas assim estavam acontecendo. Meu celular tocou e olhei o nome da Yasmin na tela.

- Você já soube da Carola? – Perguntei ao atender.

- Sim. Convocando uma reunião de emergência das rosa.

- Eu não sei se...

- Penélope, a Ana precisa de nós.

- Está bem.

Ainda estava confusa com a culpa que sentia e queria chorar mais, mas Ana precisava de mim e eu deveria me recompor. Fechei os olhos,reprimi as lágrimas e tentei ignorar os pensamentos de culpa. Ana era mais importante do que isso que eu sentia.


Salto (Irmandade Rosa 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora