- Senhorita. – Chamava Marcos e me balançava.
Minha cabeça doía e tive dificuldades para abrir os olhos. Ao recobrar os sentidos, tomei uma grande quantidade de oxigênio e meus pulmões doeram. Eu estava na minha cama e Marcos segurava um copo de água.
- Beba um pouco.
- Obrigada, Marcos. Onde está a... – Alguns flashes vieram a minha mente e me lembrei dos acontecimentos. – Meu Deus, Marcos, minha mãe foi sequestrada!
- O que disse, senhorita? Tem certeza de que não é algum delírio causado por...
- Acha que bebi? Marcos eu não bebo! – Saltei da cama e andei em círculos com as mãos na cabeça. – Eles a levaram, Marcos. A luz estava falhando, mas eu me lembro. Eles levaram minha mãe.
Meus olhos arderam e senti um aperto. Chorei e berrei pela minha mãe, desolada e desesperada. Marcos tentava me consolar, pedia calma e dizia que tudo ficaria bem, mas eu vi as lágrimas dele rolando e seu rosto aflito. Abracei-o e chorei em seu ombro. Depois de um longo tempo choramingando, me cansei e dormi.
Acordei e em segundos me lembrei. Contive a vontade de chorar e fui atrás de Marcos, pois precisávamos agir rápido.
- Precisamos ligar para a polícia. - Exclamei ao encontrá-lo na cozinha, falando com o cozinheiro.
- Senhorita, eu espero que não se incomode, mas tomei a liberdade de fazer essa ligação.
- Você já ligou?
- Estão vindo.
Andei até a sala e me sentei no sofá, minhas mãos e pernas tremendo. Em poucos minutos a campainha tocou e corri para a porta. Três policiais pediram para entrar e eu os puxei.
Houve um demorado interrogatório que não parecia levar a nada. As perguntas e respostas não traziam pista alguma de quem tenha feito o sequestro.
- Eu preciso que vocês ajam rápido!
- Nós faremos o possível, mas precisamos de sua cooperação. Se houver alguma outra informação que precise nos contar...
- Não, eu não tenho mais nada. Agora vão, trabalhem! – Enxotei-os.
- Ligaremos se descobrirmos algo. – Disse um deles e ambos saíram.
Bebi um pouco de água e tentei me acalmar. Apanhei o telefone e liguei para todas as irmãs rosa. Todas combinaram de ir me visitar à tarde, quando voltassem da escola. Olhei para o relógio e me assustei ao perceber que já eram nove horas da manhã. Disquei o número da escola e expliquei o motivo da falta.
Passei o tempo comendo e trocando os canais de TV. Às doze horas, as meninas da irmandade tocaram a campainha e me animei um pouco. Contei-lhes os detalhes e chorei mais, elas me abraçaram e deram palavras de apoio. Miriam nos observava, mas me ofereceu um aceno, respondi igualmente e voltei a falar com as outras.
As meninas tentaram me animar e me tiraram alguns sorrisos, agradeci a todas por isso. Partiram às duas horas da tarde e Léxi ficou comigo.
- Obrigada por ficar, Léxi.
- Você sabe, não é? Além de irmãs rosa, somos melhores amigas. Que as outras não ouçam isso. – Sorri e dei-lhe outro abraço.
Assistimos novamente ao filme que ela me emprestou, porém não me concentrei muito.
- Sabe o que mais me dói, Léxi?
- O quê?
- O fato de eu não tê-la salvado. Eu estava ali, com os três a minha frente e não pude fazer nada.
- Mas você não podia, Pê, não havia o que fazer.
- Lutar, eu deveria lutar. Eu odiei perceber que não conseguia, perceber que era uma indefesa ali. Eu não quero ser assim, Léx.
- Tudo bem, Pê. - Ela me ofereceu um meio sorriso e paramos de conversar.
Léxi resolveu dormir em minha casa naquela semana. Passaram-se dois dias e não recebi nenhuma notícia sobre a minha mãe. Também não fui à aula nesses dias, não me sentia preparada.
Eu e Léxi conversamos sobre outros assuntos, mas nossas mentes estavam focadas no sequestro.
- Já é quinta-feira e nada!
- Fica tranquila, Pê. Logo você vai receber algo. – O telefone tocou. – Podem ser eles!
Sorri e tropecei até chegar ao telefone.
- Alô?
- Penélope? – A voz era robótica e meu corpo estremeceu.
- Quem é?
- Nós estamos com sua mãe. Se quiser que ela volte viva, nos entregue a quantia que mandaremos por mensagem. Você terá um prazo de três meses.
- E se eu já tiver o dinheiro, vocês soltam minha mãe? – Lagrimas desceram por meus olhos e me enchi de esperança.
- Sinto muito, mas só depois dos três meses.
- Por que não antes?
- Porque não e não nos questione.
A linha do outro lado foi desativada e eu abaixei a cabeça na mesa, chorando. Léxi se aproximou e perguntou o que houve. Contei-lhe e ela me deu a ideia de ligar para a polícia, assim eles localizariam o telefone.
Liguei para a delegacia e disse meu número. Eles prometeram mandar notícias e desligaram para trabalhar.
- Espero que consigam.
- Eu também, Pê. Já sabe a quantia?
Olhei meu celular e abri uma nova mensagem recebida.
- Quinhentos mil reais! Por que eles exigiriam tão pouco?
- Devem ter esquecido que você é milionária, Pê.
- Não é algo muito fácil de esquecer.
Quinta à noite recebi uma ligação da delegacia. Eles alegaram tentar tudo, mas o número estava criptografado e parecia impossível de ser decodificado. Chorei para Léxi e expliquei. Ela pediu meu número e abriu o laptop.
- Sério que não conseguiram decodificar isso? É uma das partes mais básicas para um hacker profissional!
- Você consegue?
- Consigo sim. Só me dê um tempo.
Pulei de alegria e a abracei. Fui ao quarto e deixei-a na sala para que se concentrasse. Enquanto o tempo parecia infinito, pensei em tudo sobre esse sequestro. Cheguei a uma louca decisão e desci para contar à Léxi.
- E se eu for salvá-la?
- Do que você está falando, Pê? Enlouqueceu?
- Não, Léxi, pense bem. Os policiais foram incompetentes e parecem não dar a mínima para esse caso. Uma invasão deles aumentaria a chance da mamãe ser morta, tanto pela incompetência como pelo susto que os sequestradores terão.
- Penélope, você não sabe lutar.
- Eu posso treinar! Eles deram três meses. É claro que quero salvá-la o quanto antes e vou me preparar para isso. Léxi, talvez essa seja a melhor chance da mamãe.
- Uma chance bem arriscada.
- Por favor, confie em mim. Você estará monitorando, se não der certo você liga para a delegacia. Léxi, eu não sou indefesa e estou disposta a demonstrar isso.
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Salto (Irmandade Rosa 1)
AksiPenélope se transforma em uma heroína ao se deparar com um desafio e luta pela paz da cidade, encontrando criminosos e homens inescrupulosos. Mas Penélope acaba desvelando crimes mais ocultos, segredos e promessas destrutivos que trazem ameaças a el...