Capítulo 23 - Fim

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Uma dor lancinante me trouxe de volta e abri os olhos com dificuldade. Era uma sala branca e com duas janelas abertas, reparei nos instrumentos médicos em cima de uma mesa e olhei para o meu pulso, estava com uma intravenosa.

- Oi, Penélope. – Ouvi a voz e sorri.

Apesar de nossos problemas, ali estava ele.

- Perry... Ai! – Gemi ao me mexer um pouco. Olhei para o lado esquerdo e vi minha dor: Um ferimento em meu ombro com um curativo em cima.

- Eu tive medo de perde-la.

Recobrei o foco e olhei para seus olhos, tão verdadeiros e tristes. Tudo passara tão rápido e mal pude me resolver com ele.

- Perry...

- Eu sinto muito, Penélope. Eu... Te forcei a tomar uma decisão quando não estava pronta, te expus na frente de tantas pessoas. E se eu tivesse te perdido agora... – Perry balançou a cabeça e passou as mãos nos olhos.

- Perry, eu também sou culpa...

- Você me perdoa?

Balancei a cabeça em afirmação, pois a resposta não saíra por minha boca. Perry pegou uma rosa e me deu.

- Penélope, essa rosa eu te dou como um amigo, apenas isso. E se te entrego apenas uma rosa, é porque você me ensinou a ter paciência. Aceite essa rosa sem compromisso, rosa de um amigo arrependido por seus erros e, se um dia quiser, eu te darei um buquê.

Peguei a mão de Perry e a puxei para a rosa, então a entrelacei a minha. Esperava que ele entendesse minha silenciosa resposta e a alegria que sentia com aquele gesto. Aquela rosa, para mim, valia mais do que um simples buquê.

- Obrigado, Penélope.

- Pê! Você acordou! – Léxi entrou saltitando na sala e Cristina a seguiu rindo.

- Olha o furo que você fez, Léxi. – Cristina disse.

- Que furo, nada! – Ela respondeu.

- Oi, meninas, vou deixá-las a sós com a Penélope. – Perry disse e se levantou da cadeira. – Só mais uma coisa. – Disse e se virou para nós. – Você tem que agradecer muito a sua heroína de saltos por isso. – Sorriu e saiu da sala.

- Meninas! Como vocês resolveram isso tudo? Onde está a Miriam? E a cadê as roupas da Salto? – Perguntei ao me dar conta das informações que não tivera.

- Pê, foi uma confusão e muita pressa. – Léxi começou. – Nós nos desesperamos quando vimos seu ombro sangrando sem parar e o desmaio. Cristina ligou para a ambulância e para a polícia, mas me passou o telefone para falar. Adivinha o que essa daqui fez por você? Ela trocou de roupas e fingiu ser a Salto enquanto eu relatava que eu e você fomos salvas da Miriam.

- Você conseguiu se sair bem, Cristina?

- Se me saí bem? Eu só não me saí melhor do que você! E também, usar aquelas varinhas e saltar sobre prédios com salto não é nada fácil, tropecei tanto que desisti e fugi descalça. – Cristina disse e gargalhamos.

- Sobre isso, meninas, tomei uma nova decisão.

- O quê, Pê?

- Eu vou contar para a Ana e a Yasmin que sou a Salto, afinal elas também merecem saber.

- Aprovada. – Cristina disse e piscou o olho para mim. – Mas como elas reagirão?

- Eu não sei, Cristina. Mas não posso deixar de contar isso, já vi o que segredos são capazes de fazer com essa irmandade.

Meu ombro não fora atingido em partes que causassem maior estrago e ganhei alta no outro dia. Combinamos uma reunião das rosas na casa da Ana e levei minha bolsa com as roupas.

- Meninas, há algo que quero lhes contar... – Disse enquanto terminava de me trocar no closet da Ana. Coloquei a peruca, mas depois removi, queria que elas reconhecessem minhas duas formas.

- Prontas, meninas? – Léxi perguntou do outro lado e destranquei a porta.

- Conta logo! – Yasmin disse.

- O que eu quero lhes contar é que... – Abri a porta devagar e olhei para Ana e Yasmin. – Eu sou a Salto.

Salto (Irmandade Rosa 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora