Capítulo ( 14 )

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Três horas depois, eu não conseguia mais permanecer em pé, tudo a minha volta rodava, talvez porque eu teria bebido mais do que me era possível suportar.

Eu dançei por horas com minhas amigas, até que Amber desapareceu por um dos banheiros com Francis.

-Estou indo embora- Anunciei para o vazio, assim que Yara começou a beijar um garoto de nossa sala.

Eu bebi um último gole da minha bebida, recusando o décimo convite para dançar com algum garoto da nossa escola.

Eu estava prestes a pagar minha bebida quando o garçon anunciou que um dos garotos da escola já tinha pagado minha conta.

Eu procurei pelo bom feitor quando o garçon apontou na direção de um garoto de cabelo castanho claro e olhos do mesmo tom.

Ele era agradavelmente bonito.

Eu sorri para ele em agradecimento e me dirigi para a saída.

A noite estava gélida, a rua completamente deserta.

Eu andei cambaleando quase sem me manter em pé, então eu sorri para o vazio.

Meus cabelos esvoaçavam com a brisa gélida da noite, respingos de chuva bateram em meu rosto.

Meu corpo inteiro se retesou, quando senti que estava sendo seguida. De repente a rua me pareceu demasiado assustadora.

O álcool já não fazia mais seu efeito, era como se estivesse voltando a mim.

Virei-me da maneira mais discreta possível, e me deparei com dois homens altos, eles usavam uma enorme capa preta, e o pior é que eles não estavam a 10 metros de onde eu me encontrava.

Sinto um calafrio subir pelas minhas costas e se arrastar através da parte superior dos meus braços. Meu coração batia de forma descompensada, um nó se formou na minha garganta.

Sem pensar duas vezes, eu comecei a correr, os homens estranhos, puseram-se a correr também, eu corria muito rápido, senti que o ar em meus pulmões falhava, logo me arrependi de usar salto alto, acabei quebrando um dos saltos, e tombei no chão, meus joelhos rasparam no asfalto, grunhi de dor.

Respirar tinha-se tornado doloroso, meu coração parecia que ia pular pela minha boca.

Tentei levantar, para correr de novo, contudo mãos fortes, seguraram meus braços, e me puxaram para cima.

Gritei e esperneei como se minha vida dependesse disso.

Um dos homens me virou de costas, apertando meu corpo contra o dele, rosnando - Fique quieta, ou vai ser pior para você.

Meu coração parecia tropeçar nas batidas, não tinha como eu fugir, eles eram dois, e demasiado fortes por sinal, eu nunca teria chance.

O segundo homem ficou de frente para mim, ele parecia um soldado, ou até mesmo um feiticeiro do mal.

As linhas de seu rosto eram duras, uma grande cicatriz cobria sua bochecha direita, do canto de seu lábio até a orelha, seu olhar era severo. Seu corpo era grande e másculo, como o de um levantador de pesos.

Uma onda de medo percorreu todo o meu corpo.

-Ela precisa aprender uma lição - O rapaz atrás de mim rosnou.

Todo o meu corpo tremeu de tensão e medo, esperneei e tentei chutar em vão.

Só queria fugir.

Ele afrouxou um pouco seu aperto, de maneira que eu pudesse girar e ficar de frente a ele, e chutar com toda a força sua virilha.

Seus olhos se arregalaram, e olharam-me com fúria, enquanto ele me soltava e curvava sobre si, guinchou de dor.

Não perdi tempo, e corri, na esperança que o segundo rapaz na minha frente, não me apanhasse.

Ele olhou por uma fração de segundos para o outro que estava curvado, mas logo puxou-me pelos cabelos.

Ele agarrou-me, eu agitei-me em seus braços, minhas unhas se cravaram na sua carne.

Com fúria, ele arremessou-me contra o chão, fazendo com que eu batesse com a cabeça.

-Sua traidora, você é uma vergonha para nós -Ele grunhiu com raiva, e golpeou meu rosto severamente, durante algum tempo.

Meu corpo doía, minha pele latejava, eu podia sentir o gosto salgado das minhas lágrimas passando pela minha boca.

Tudo a minha volta, rodava, sentia minha cabeça pulsando, como se meu coração batesse dentro dela, minha pele ardia cada vez mais.

Ele tirou do bolso de sua calça um pequeno punhal com cabo preto, e lâmina de fio duplo, gravado sobre ele estavam vários símbolos que eu desconhecia.

Ele ergueu o punhal para cima, pronto para desferir um golpe em mim.

Quando um grito cortou o ar.

O primeiro rapaz que eu tinha pontapeado na virilha, estava no meio de uma poça de sangue, seu corpo inerte, e sem vida, seus olhos abertos, mas completamente vazios.

Ao lado dele com toda a sua opulência estava Adriel. Suas mãos estavam em punho e sujas de sangue.

-Você está defendendo ela, quando ela é tudo o que você deseja destruir! O segundo rapaz rosnou.

Adriel olhou de maneira intensa para mim, mas eu sabia que ele estava vendo meu rosto inchado e machucado.

Seu rosto ficou sombrio, parecia que nada mais habitava dentro dele.

Ele olhou para o rapaz e rugiu, mas não no sentindo figurado, ele realmente rugiu como um animal enfurecido.

-Deixe ela, e sua morte será rápida- Adriel cuspiu com cólera.

O rapaz gargalhou alto - Ela pertence a nós. - O rapaz disse, passando a ponta da lâmina no meu rosto.

Ele desferiu um pequeno golpe em meu rosto, me fazendo guinchar de dor.

Isso foi o suficiente, para um Adriel enfurecido partir para cima do rapaz.

O rapaz pronunciou algumas palavras numa língua desconhecida, e todas as luzes dos postes se apagaram, eu ouço vários golpes sendo desferidos, mas não consigo ver nada. Algo tocou na minha perna, e eu gritei, assustada.

De repente o cheiro a sangue invadiu minhas narinas, minha respiração estava vacilante, meu peito fraquejava a cada respiração.

Aquela sede insuportável, havia voltado. Senti uma dor em minhas gengivas, e grunhi de dor, meus joelhos começaram a roçar pela calçada, rastejei, sentindo o cheiro de sangue cada vez mais próximo, minhas mãos apalparam o chão, sentido algo quente por entre os meus dedos, algo tomou conta de mim, eu era puro instinto.

Levei meus dedos a boca, uma coisa espessa e quente escorregou por meus lábios, e rastejou pela minha garganta, aquele sabor peculiar e quente, entoava apenas uma coisa "Mais"

Eu queria mais, e nada parecia suficiente.

Meu corpo estava incontrolável, eu não conseguia fazer nada, a não ser engolir, o máximo de sangue que conseguisse, voltei a molhar os dedos no chão, e voltei a saborear aquele sabor quente, e irresistível.

No que eu estava me tornando?

No que eu estava me tornando?

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Lágrima Negra ( LIVRO I E II) Onde histórias criam vida. Descubra agora