Capítulo I

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SP, 2016
19°C/ Segunda feira
Horário de verão 7:00 AM

Trim trim trim!!!...(Despertador)

"Normalmente acordo uma hora antes do horário de entrada da escola, parece assustador pra quem tem todo um ritual de preparo e bla bla bla... Na verdade não era o único que acordava nesse horário, tenho tentado quebrar o recorde estabelecido pelo meu amigo Fred, que é nada mais nada menos que acordar 10 min antes do horário para escola. Já que eu não conseguia esse feito acabei me contentando com o segundo lugar no ranking internacional da preguiça pura e aplicada (R.I.P.P.A), falando assim aparece divertido e não só parece como é muito divertido estar contra o tempo."

Era véspera de fim de ano lectivo, semana antes das últimas provas, assim como nos outros dias de escola durante o ano inteiro quando dava sinal o povo todo ia atrás da merenda não porque era uma maravilha mais pra quem andava com o bolso furado ou tentando economizar uma grana até que dava geito.

Nesse dia foi meio diferente durante a aula de filosofia teve uma apresentação em que o foco era um cara chamado Nietzsche. Um filósofo alemão cujo o experimentalismo revolucionário dele queria superar o moralismo, só pra vocês terem idea do quanto era louco ele mesmo se intitulava como imoralista não que pregasse o mal, mas por entender que o correto seria superar a moral nascida da religião, de acordo com seus textos tanto o pensamento cristão quanto certas doutrinas filosóficas davam entender que o mundo em que vivemos é apenas aparente havendo um outro mundo real mais importante, no caso da religião esse mundo só seria acessível após a morte, para Nietzsche essa idea nos impedia de aproveitar a vida em prol de um objectivo imaginário e afirmava que havia apenas um mundo e quando percebemos isso somos obrigados a rever os nossos valores daquilo que entendemos como ser  humano.

Elias estás a entender o que os colegas estão a explicar? — Perguntou o professor tentando entender o porquê de eu estar tão inquieto e falando constantemente com o colega em meu redor. Aceno com a cabeça dando a entender que estava a perceber o que os colega diziam.

Depois de terminar a apresentação o professor perguntou se alguém tinha pergunta a fazer, como ninguém tinha, começou a explicar detalhadamente corrigindo o grupo em algumas vezes e procurou aprofundar mais sobre o tal de Nietzsche, foi então que o ouvi dizendo que o carinha aí em questão já que dava mais ênfase ao experimentalismo chegava a ser sincero demais sem se importar com a moral ou fantasiar os termos que ele usava de modo a não causar desconforto a pessoa que ouviria ou dialogava com ela.

Um dos exemplos que prof usou foi a de um comercial que passava na TV de um banco em que tinha um cara vendo fotos de crianças lindas e adoráveis no celular dentro de um ónibus e a moça do lado vendo as imagens pergunta: são seus filhos?. E ele responde: como poderiam eles ser meus filhos se acabei de conhecer a futura mãe deles.

Segundo o professor se baseando na teoria de Nietzsche o cara do ónibus aproveitou as circunstâncias para fantasiar suas intenções através das palavras que ele usará, em quanto o objetivo dele era simplesmente procriar, o que é uma necessidade de qualquer organismo que respira e possui mecanismo de reprodução, nesse caso se fosse Nietzsche simplesmente perguntaria a moça do lado se ela aceitaria procriar com ele?

"Não é que seja pessimista mas não teria tanta fé  que resultaria, e se você ainda não tem certeza disso saiba que Nietzsche morreu solteiro."

Faltando 15 min para o fim da aula prof liberou a gente desde que falássemos baixo, aí o povo descontraiu um pouco começou a bagunça

— Aí Elias você seria capaz de chegar numa garota e dizer que estas a fim de procriar com ela? — Perguntou Fred levantando da carteira se dirigindo a min

Lógico eu sou o alfa né — Respondo com um tom meio que como se eu tivesse se achando o cara que pega geral. Sorrindo passa por min e vai em direção ao professor que estava sentado na sua secretaria contando que eu disse ser capaz  de dar uma de Nietzsche e chegar em uma rapariga dizer que eu queria procriar com ela, surpreendido prof pergunta pra min é mesmo?

Lógico — Respondo de volta, e o prof seria capaz de fazer o mesmo?

O professor disse que não seria capaz nem de falar pra mulher dele pós temia a reacção dela ao ouvir tais palavras, duas colegas que estavam do lado acabaram por gargalhar em coletivo dada a resposta do professor, Fred voltou ao seu lugar. Quando sinal tocou e obviamente era hora do recreio o que significava corre pra poder evitar a fila e pegar a comida o mais rápido possível.

Andando pelos corredores chegando perto das escadas que a gente precisava descer, Fred propôs uma aposta.

Fred: Eu aposto se você tem coragem de chegar numa garota que você ache muito gata e dizeres que queres procriar com ela

Eu: Tranquilo eu topo,mas se eu falar você também vai ter que falar em uma garota a minha escolha

Fred: Combinado

Concordou Fred. Em quanto percorriamos o trajecto até o refeitório Fred comentava sobre a imensa vontade de me ver metido numa enrascada e como seria  divertido me ver pagando a aposta.

Entre a multidão que se formava no pátio da escola, ouvi uma voz familiar se dirigindo pra min:

O que vocês estão aprontando? —Perguntou Marcos, o menino que senta  a minha atrás, alto, magrelo moreno.

Ahm! Respondo fingindo não ter entendido a pergunta.

— Nada não acrescentou Fred.

— Tá, Vou para o banheiro me guardem lugar na fila disse Marcos dando ré se perdendo entre a multidão

Pode deixar que eu guardo, mas  na minha trás! Respondo com um tom de gozação

Por sorte entramos na fila a tempo de encontrar em torno de 15 pessoas na frente e aos poucos outras pessoas se juntavam a nossa trás. O que nos deixava relaxados aguardando a nossa vez.

Quando só restava 5 pessoas a nossa frente apareceu uma garota bem do meu lado cuja o nome desconhecia, ruiva cabelos até a altura do pescoço com um estilo meio arrojado, estatura baixa, contornos discretos, pele branca  diferente das demais. Olhei pra ela sem grande intenções e continuei conversando com Fred que estava a minha frente, quando nesse mesmo instante me surpreendo vendo-a se dirigindo

— Posso ficar na tua frente? — perguntou

Eu meio que fiquei perdido admirando a voz e tentando se decidir, antes que eu pudesse responder Fred o fez da forma mais tendenciosa possível

— Deixa a garota bonitinha entrar — disse ele

eu ainda meio que perplexo apenas sorri e dei dois passos pra trás deixando espaço pra ela pudesse entrar, nesse exato momento Fred olha pra min e sorri dando a entender que estava na hora de pagar a aposta sem  contestar o sinal dado por ele sem pensar nas consequências ou na reacção dela simplesmente encarnei o tal de Nietzsche olhei bem nos olhos dela e disse: você quer procriar comigo?

Depois de o dizer me senti o idiota mais feliz que alguma vez habitou a terra, primeiro porque nem eu mesmo acreditei no que tinha dito e onde tinha tirado coragem pra falar tamanha groselha, apesar de ser apenas uma posta até que estava adorando tudo aquilo.

"Tudo isso durou apenas alguns segundos não que eu tenha cronometrado, mas por segundo meu coração pulsou com tanta força e espontâniedade que os pulmões já não acompanhavam a frequência cardíaca, saía mais ar do que entrava, ao meu ver nesses exatos segundos o mundo parou e os meus olhos estavam fixos nos dela."

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Meia noite meus olhos já estão cheinhos de lágrimas acho melhor parar por aqui se não fico igual ao Bernardo. Pra quem tá curtindo a história deixa o comentário, partilha com os #zamigos e #e_cola_no_Diário_de_um_sonhador é nÓoz #wattpedistas 👊✌❤❤ pra breves considerações

Facebook: Luzayamo Jorge

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