Eu estava no caminho dos deuses. Era um local intrigante. Não havia nada além de uma estrada. Dos lados uma penumbra sem fim existia como se fosse devorar aquela pequena estrada de terra. Não hesitei e comecei a andar pela estrada que era por vezes larga e por outras mais estreitas. Quando comecei a andar a penumbra foi se dissipando e no seu lugar montanhas foram surgindo. A estrada também começou a tomar uma nova forma. Não era mais um caminho de terra, mas sim uma ponte de madeira envelhecida. Eu estava numa ponte e abaixo de mim um penhasco que parecia não ter fim. O fim da ponte levava para uma entrada de uma caverna grande. Com cuidado, voltei a andar pela ponte velha que rangia a cada toque dos meus pés. Um vento forte bateu contra a ponte fazendo a mesma balançar bruscamente. Segurei-me nas cordas laterais para que o vento não me derrubasse. Mas o vento não era o meu maior problema ali. Um rugido ecoou dentro da caverna e logo dois olhos grandes e amarelos surgiram nas trevas da rocha. Engoli a seco. Pressentia algo forte se aproximando. A criatura pulou das sombras para a velha ponte de madeira. Era um lobo. Mas não um lobo comum. Ele era enorme. Acredito que tinha mais de quatro metros de altura. Seu pelo era azul acinzentado, e suas patas eram maior que o meu tronco. Seus olhos eram amarelados e transmitiam uma fúria que nunca vira antes em nenhum lobo. O animal dispensou qualquer tipo de formalidade e com fúria avançou sobre mim. Seu corpo pesado me derrubou. Era impressionante como ele era pesado e forte. Com os dentes afiados ele avançava contra o meu pescoço. Com dificuldade eu desviava e o empurrava para que se afasta-se de mim.
─ Você não chegará muito longe Cernus – disse o lobo. Na verdade ele emitiu alguns ruídos, mas a minha divindade me permitia entender os animais – Acabarei com isso pra você. Se você sair do caminho, você perde a sua divindade. E será apenas um mortal.
─ Onde está Ana? – perguntei fazendo força para tirá-lo de cima de mim.
─ Esta informação não interessa aos mortos – disse ele passando as garras em uma das cordas, fazendo a ponte cambalear para o lado esquerdo.
─ Não faça isso! – gritei me segurando na ponte – Nós dois morreremos.
─ Não – disse ele passando a língua que era azulada por cima dos seus lábios escuros – Você morrerá!
─ Afaste-se dele! – gritou uma voz vinda do alto.
─ Flidais! – exclamei com surpresa.
Flidais estava na parte superior da rocha que era a caverna do lobo. Com um arco ela atirou uma flecha envenenada contra as costas do lobo que uivou e se voltou contra ela. Ela deu um salto para escapar das garras do lobo.
─ Ninguém faz Thorn de idiota – bradou ele balançando a cabeça e avançando contra nós dois – Pensei que tivesse acabado com você jovem deusa.
─ Pensou errado seu lobo pulguento.
─ Afaste-se – gritei abrindo os braços enquanto as marcas do meu corpo se iluminavam e meu corpo pegava fogo.
─ O grande cervo branco – disse ele com olhar de admiração.
As chamas sumiram e eu na minha forma de cervo avancei contra o lobo que se protegia com as suas garras. Meus chifres passavam pelo seu rosto dificultando a sua visão. Em meus pensamentos pedi para Flidais correr para dentro da caverna e se refugiar. Ela o fez. Conversar com Flidais me deixou vulnerável, sendo assim o grande lobo passou as suas garras ferozmente sobre o meu peito, o que me fez rugir. O sangue descia rapidamente. A ferida era enorme. Com o peso do meu corpo empurrei o lobo para longe que se segurou com suas garras para não cair.
─ Acabou grande cervo – disse ele passando a pata sobre os lábios enquanto apreciava o sangue descer sobre o meu corpo. E passando as garras sobre a outra corda, derrubou a ponte e pulou para dentro da caverna.
Meu corpo foi lançado da ponte. Senti o sangue se dispersar no ar. A morte me abraçava.
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CERNUS - O caminho dos deuses (REVISÃO)
FantasyLIVRO 2 Sua vida pode transformar da noite para o dia, quando você descobre que é uma semideusa. As coisas podem se complicar mais ainda quando chega ao seu conhecimento que o destino da humanidade e dos deuses é sua responsabilidade. Mas o que se p...