Capitulo 8 - O Confronto

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Os olhos de Ana brilhavam, mas não por causa de uma felicidade que crescia em seu peito, ou qualquer outro sentimento agradável. A tristeza e a dor cresciam em sua alma, e seus olhos eram os responsáveis por transmitir isso. Ela olhava atentamente para Cernunnos. Não conseguia acreditar no que ele lhe pedia.

— Eu não entendo - disse ela com a voz fraca - Por que está me dizendo isto?

— Você não tem escolha - respondeu ele posicionando seu cajado - você escolheu morrer pra ser uma deusa. Se você falhar aqui, estará tudo acabado. Seu corpo mortal não existe mais.

— De uma forma ou outra eu viverei sem você? 

— Há mistérios que nem eu e nem você somos capaz de entender!

— Cernunnos...

—  Ana! Faça logo! Ou eu terei de fazer!

— Não consigo - disse ela segurando as lágrimas.

— Então me perdoe por isso - disse o deus avançando com rapidez pra cima dela.

Ana foi jogada com força contra uma coluna de pedra que estremeceu e emitiu um som grave. Ana soltou um gemido de dor e retirou o cabelo da frente dos seus olhos.

— Cernunnos...

— Reaja! Você precisa cumprir o que veio fazer aqui. Então reaja! 

Ele ergueu a mão e três serpentes apareceram. Uma era azul e tinha um par de asas bem próximo da sua cabeça triangular. A outra era a amarela e tinha um par de chifres. A terceira era verde como os olhos do seu dono.

— Cernunnos... Não faça isso! Por favor!

— Me desculpe! Ataquem!

As serpentes enroscaram-se em seus corpos escamosos e gélidos e avançaram contra Ana. Ela esquivou-se de uma forma tão ágil que até mesmo ela se espantou. Sem pensar muito ela pegou uma espada que estava perto da bandeja com o líquido brilhante e decepou a cabeça e uma das serpentes. O animal contorceu o corpo e caindo tornou-se névoa diante dos olhos de Ana.

— Me desculpe - disse ela - Eu não queria, mas...

— Ataquem! - gritou mais uma vez Cernunnos.

Obedecendo às ordens do seu mestre. As serpentes encurralaram Ana que se movia de um lado para ou outro, mantendo a vigilância diante dos animais. 

— Você não tem para onde fugir - disse Cernunnos com um olhar frio.

— Por que está fazendo isso? - perguntou ela com lágrimas nos olhos - você não é o deus que eu conheci no bosque. Não mesmo.

— Não me deram alternativas. Assim como você não tem.

— Então vê não me deixa com escolhas Cernunnos! - gritou ela avançando contra a serpente que estava a sua direita pronta pra lhe dar um bote.

Ana contorceu seu corpo de forma mágica e encravou sua espada na cabeça do animal. O barulho do osso se rachando e do sangue caindo no chão foi como um prêmio para Ana que trazia em seus olhos chamas, como as de uma fogueira acesa na noite de Beltane. O semblante de determinação logo desapareceu quando a última serpente, a que possuía asas, encravou suas presas afiadas no calcanhar de Ana. Seu corpo estremeceu e ficou gélido. Ela caiu de joelhos e sentiu o veneno percorrer por seu corpo. Voltou seu olhar para Cernunnos e notou que ele não demonstrava compaixão. A frieza que trazia em seu olhar parecia ter se apossado do seu coração que um dia fora quente como o solo.

— Então é assim que acaba? - perguntou ela se esforçando para se levantar.

— A vida é um ciclo Ana! Ela é um ciclo!

— Então eu terei de matá-la - disse o deus erguendo sua mão com um cajado de madeira.

CERNUS - O caminho dos deuses (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora