Os olhos de Ana brilhavam, mas não por causa de uma felicidade que crescia em seu peito, ou qualquer outro sentimento agradável. A tristeza e a dor cresciam em sua alma, e seus olhos eram os responsáveis por transmitir isso. Ela olhava atentamente para Cernunnos. Não conseguia acreditar no que ele lhe pedia.
— Eu não entendo - disse ela com a voz fraca - Por que está me dizendo isto?
— Você não tem escolha - respondeu ele posicionando seu cajado - você escolheu morrer pra ser uma deusa. Se você falhar aqui, estará tudo acabado. Seu corpo mortal não existe mais.
— De uma forma ou outra eu viverei sem você?
— Há mistérios que nem eu e nem você somos capaz de entender!
— Cernunnos...
— Ana! Faça logo! Ou eu terei de fazer!
— Não consigo - disse ela segurando as lágrimas.
— Então me perdoe por isso - disse o deus avançando com rapidez pra cima dela.
Ana foi jogada com força contra uma coluna de pedra que estremeceu e emitiu um som grave. Ana soltou um gemido de dor e retirou o cabelo da frente dos seus olhos.
— Cernunnos...
— Reaja! Você precisa cumprir o que veio fazer aqui. Então reaja!
Ele ergueu a mão e três serpentes apareceram. Uma era azul e tinha um par de asas bem próximo da sua cabeça triangular. A outra era a amarela e tinha um par de chifres. A terceira era verde como os olhos do seu dono.
— Cernunnos... Não faça isso! Por favor!
— Me desculpe! Ataquem!
As serpentes enroscaram-se em seus corpos escamosos e gélidos e avançaram contra Ana. Ela esquivou-se de uma forma tão ágil que até mesmo ela se espantou. Sem pensar muito ela pegou uma espada que estava perto da bandeja com o líquido brilhante e decepou a cabeça e uma das serpentes. O animal contorceu o corpo e caindo tornou-se névoa diante dos olhos de Ana.
— Me desculpe - disse ela - Eu não queria, mas...
— Ataquem! - gritou mais uma vez Cernunnos.
Obedecendo às ordens do seu mestre. As serpentes encurralaram Ana que se movia de um lado para ou outro, mantendo a vigilância diante dos animais.
— Você não tem para onde fugir - disse Cernunnos com um olhar frio.
— Por que está fazendo isso? - perguntou ela com lágrimas nos olhos - você não é o deus que eu conheci no bosque. Não mesmo.
— Não me deram alternativas. Assim como você não tem.
— Então vê não me deixa com escolhas Cernunnos! - gritou ela avançando contra a serpente que estava a sua direita pronta pra lhe dar um bote.
Ana contorceu seu corpo de forma mágica e encravou sua espada na cabeça do animal. O barulho do osso se rachando e do sangue caindo no chão foi como um prêmio para Ana que trazia em seus olhos chamas, como as de uma fogueira acesa na noite de Beltane. O semblante de determinação logo desapareceu quando a última serpente, a que possuía asas, encravou suas presas afiadas no calcanhar de Ana. Seu corpo estremeceu e ficou gélido. Ela caiu de joelhos e sentiu o veneno percorrer por seu corpo. Voltou seu olhar para Cernunnos e notou que ele não demonstrava compaixão. A frieza que trazia em seu olhar parecia ter se apossado do seu coração que um dia fora quente como o solo.
— Então é assim que acaba? - perguntou ela se esforçando para se levantar.
— A vida é um ciclo Ana! Ela é um ciclo!
— Então eu terei de matá-la - disse o deus erguendo sua mão com um cajado de madeira.
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CERNUS - O caminho dos deuses (REVISÃO)
FantasyLIVRO 2 Sua vida pode transformar da noite para o dia, quando você descobre que é uma semideusa. As coisas podem se complicar mais ainda quando chega ao seu conhecimento que o destino da humanidade e dos deuses é sua responsabilidade. Mas o que se p...