O FIM DESTA HISTÓRIA E O COMEÇO DE TODAS AS OUTRAS

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O tempo passou... As flores da primavera ornaram os campos. O brilhante sol voltou a alimentar a terra quando o verão chegou. As folhas voltaram a cair com a chegada silenciosa do outono. E mais uma vez o impetuoso vento gélido do inverno chegara com sua escuridão misteriosa! Mas uma luz estava para nascer! A fagulha de esperança que todos esperavam havia de retornar, num advento do amanhecer!

Ana estava recostada numa árvore. Seu vestido azul cobria as últimas margaridas da estação. O céu estava escuro como a noite, e o sol que estava coberto  pelas grandes nuvens acinzentadas, descansava em seu logo sono.
Ao leste um cavalo branco e de crina dourada saltou com maestria sobre os arbustos. Em suas costas uma mulher o guiava entre o bosque quieto. Era Epona. A deusa e seu cavalo chegaram até Ana que não se surpreendeu.

— Olá irmã - disse Epona - descendo sutilmente do cavalo. Trago notícias importantes. A Deusa está para dar à luz!

Ana sentiu algo. Não sabia explicar o quê.

— Será sua primeira cerimônia de Yule - continuou Epona - não vai querer se atrasar.

Ana consentiu com a cabeça e seguiu a irmã.

Todos os deuses estavam reunidos num salão de pedra. A grande Deusa estava deitada sobre um tronco em forma de concha. Sua barriga estava redonda e brilhante como a lua. Todos estavam atentos ao brilho que emanava de seu ventre. Um calor indescritível tomava conta do salão. A energia da deusa era direcionada a todos que ali estavam. Ana chegou ao salão e sentiu um calor consumir seu corpo celeste. Sentia um calor que já havia sentido antes.
O calor aumentava. O gelo das montanhas começava a derreter. As nuvens no céu se moviam como se algum deus as mexesse com uma colher. O solo esquentava e o orvalho se evaporava.
Os olhos de Ana atentos ao brilho que emanava da deusa. A terra, o céu o mar e os quatro ventos entoavam um canto. A melodia era suave e sua letra dizia o seguinte.

"Vinde todos, vinde correndo
A grande estrela há de retomar
O seu lugar no grande céu
E a todos nos agraciar.

O dia esperado chegou
O frio e a neve hão de cessar
A escuridão se extinguir
E o grande sol bilhar

Ele é a vida, e a morte
O fim e o começo
Ele é o dia, e a noite
Ele é Cernunnos o grande Cervo".

Um grande estrondo. O céu foi partido no meio. Um trovão separou as nuvens e o sol surgiu com todo o seu esplendor. O templo de pedra se tornou em ouro puro e plantas e flores brotaram do chão. Animais entraram por todas as entradas do templo e se reuniram ao redor da deusa. Pássaros enfeitavam o templo com ramos de Oliveira e carvalho. Esquilos penduravam guirlandas e pinhas secas. Frutas e outros adornos eram pendurados em uma grande árvore.
Uma criatura pequena com patas e minúsculos chifres repousava sobre os braços da grande deusa. O deus venceu o longo inverno. A morte era uma passagem. Seus olhos abriram. O verde radiante fitou nos olhos da deusa, que o amamentou pela primeira vez.
Os dois mundos estavam em festa. Uma grande alegria preencheu o coração de todos.
Ana estava paralisada. Admirava com temor a imagem que via em sua frente.
Um corvo entrou pela janela e pairou ao lado de Ana. Com um giro o corvo se transformou numa linda mulher. Morrigan a deusa da morte.

— Nem a morte pode deixar de presenciar o retorno do grande deus - disse ela admirando o pequeno deus nos braços da grande deusa.

— Eu não entendo... Eu... - Ana estava confusa.

— Você não o matou - disse Morrigan.

— Mas...

— Aquilo era apenas um teste. Não era Cernunnos. Você apenas precisava mostrar que estava disposta a sacrificar tudo o que você ama para se tornar uma deusa. Ele já havia se encontrado com a deusa antes. Ela o tomou nos braços e o amou. Sentiu a dor de vê-lo deixar o nosso plano. Ela o amou e absorveu o seu espírito. Ela o gerou e o trouxe em seu ventre durante todo este tempo. Sempre foi assim. E sempre vai ser. É um ciclo que há de se repetir por toda eternidade. Isto é Yule. O nascimento do deus.

— Então ele realmente voltou?

— Sim minha querida Ana. Porém, ele não se lembrará de quem você é. A deusa apagou das memórias dele a Ana mortal. Ele conhecerá apenas a Ana deusa. É algo com o que você terá de lidar.

Ana sentiu uma tristeza, pois sabia que não teria como reverter à situação, mas ao ver o pequeno Cernunnos seu coração era reconfortado. A deusa olhou para ela e a chamou.
Ana se aproximou com cuidado. Todos olhando para a deusa. Chegando perto ela olhou para o pequeno Cernunnos. Seus minúsculos chifres eram a coisa mais linda. A deusa entregou o pequeno cervo nos braços de Ana que com cuidado o tomou e o amou. O pequeno deus se aconchegou no colo de Ana e abrindo os olhos verdes deixou uma risada escapar. A risada do deus encheu o coração de todos de esperança e todos riram ao perceber que a luz estava de volta. Ana sorriu ao olhar para o pequeno, e no fundo da sua alma sabia que o deus tinha conhecimento de quem ela era. E que tudo ficaria bem. Ela sorriu e disse olhando nos olhos do deus:

— Oi Cernunnos! Eu me chamo Ana!

 A MAGIA CONTINUA!

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