Capitulo 9 - A queda do grande cervo branco

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Ana estava deitada sobre a grama com a face voltada para o imenso céu azul. O sol banhava seu cabelo longo e ruivo e dava brilho ao seu rosto, ressaltando as suas salientes sardas. Ali perto um rio corria. Sua água era morna e possuía peixes com escamas que mudavam de coloração quando os raios de sol as tocavam. Ana parecia feliz. E de fato estava. Cernunnos estava ali com ela. Ambos desfrutavam do calor do solstício de verão. Era um dia lindo! O deus dos bosques surgiu de repente com o rosto bem próximo de Ana, que deu um grito e logo deixou uma risada frouxa escapar. Ela olhou fixamente nos olhos do deus e sentiu aquele calor na alma como da primeira vez que o vira.

— Isto é um sonho? - perguntou ela esticando a mão para tocar na barba do deus.

— O que você acha? - indagou o deus sentindo a mão de Ana deslizar sobre sua barba.

— Eu não sei - respondeu ela com um olhar de dúvida - não sei mais diferenciar fantasia e realidade.

— E isto tem importância? Digo, qual a diferença de realidade e fantasia quando se conhece um deus? E mais, o que importa é que estamos juntos. Aqui. No agora.

— Tem razão - respondeu ela sorrindo.

— Mas você precisa ser forte Ana - disse o deus com um olhar sério - precisa se levantar e enfrentar o que está a sua frente.

— Do que está falando? 

— Você precisa me derrotar!

— Eu não posso... Não consigo!

— Ana você precisa. Logo o veneno das serpentes terão se espalhado por todo o seu corpo. Será tarde demais. Você precisa seguir seu caminho. Não deixe que os seus sentimentos interfiram no que tem de ser feito. Levante-se e me mate. AGORA!

Ana deu um suspiro como se acordasse de um sono profundo. Seus olhos estavam vermelhos e em sua pele manchas roxas surgiam lentamente. Parado a sua frente estava Cernunnos com os olhos em chamas. Sem hesitar o deus ergueu os olhos pro alto e seu corpo foi dominado por chamas. Em instantes um cervo de quase 3 metros de altura surgiu. Seus pelos brancos como a neve e os olhos verdes como as matas. O animal avançou para cima de Ana e a agarrando com seus chifres a atirou para o alto. Ana foi arremessada a uma altura de cinco metros. Quando tocou o chão um estalo ecoou. Seu braço esquerdo quebrou com a queda. As chances de Ana vencer o animal diminuíam a cada minuto que se passava. O cervo voltou o olhar para Ana e avançou mais uma vez contra ela. Ana estava no chão e o cervo agora por cima dela.

— Você não foi forte o suficiente Ana - a voz do cervo invadia a sua mente - O caminho acaba aqui para você.

Os olhos do cervo deixaram de ser verdes e se tornaram vermelhos como o fogo. Seu corpo esquentou e chamas surgiram por toda a parte. Uma besta em chamas estava sobre Ana que lutava para se mover e sair debaixo do animal.

— Adeus Ana!

Ana havia vencido seu medo. Ela não se movia para sair dali, mas sim para agarrar a adaga que estava presa a sua cintura. Ela fechou os olhos. Preferia não ver o que estava prestes a fazer. Erguendo a mão com rapidez ela passou a adaga no pescoço do cervo. Um jato de sangue banhou o rosto de Ana. O animal soltou um grunhido e cambaleou para o lado. O corpo pesado do animal caiu e as chamas desapareceram no mesmo instante. O cervo sumiu e deu lugar para um homem com chifres e patas de cervo.
Ana soltou a adaga, mas antes que o objeto caísse, duas lágrimas tocaram o chão primeiro.

CERNUS - O caminho dos deuses (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora