| Prólogo | Proposta |

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Just Dance rasga o som em todos os cantos na boate.

A agitação encoraja as pessoas a se remexerem em ritmos que não pareciam muito sincronizados, embora ninguém estivesse prestando atenção nos movimentos. Por conta desse detalhe, também deixo-me levar pelos toques viciantes do refrão junto com minha melhor amiga, Mandy, ambos nós fingindo ter uma mínima noção sobre dança.

Combina perfeitamente com ela balançar o cabelo desfiado e curto de um lado para outro, algo que eu certamente gostaria de fazer.

Numa loucura que eu achei incrível, Mandy me puxa pela gola da camisa e percorre seu nariz no meu pescoço, enquanto eu me torno hétero pela primeira vez na vida e retribuo, trazendo seu corpo mais ao meu.

Ela ri, mas não perde a compostura.

— Por que a maioria dos gays são lindos, cara? — ela pergunta num som altivo por causa da música. — Isso é desperdício, Pietro, e você sabe!

— Ah, não exagera, vai?

Quando a música acaba, sendo substituída por E•MO•TION, Mandy respira pesadamente, se apoiando em meu ombro.

— Cansada?

— Um pouco — admite, abanando o rosto. — Vou pegar algo para nós bebermos.

— Deixe comigo. Eu vou.

Ela sorri e assente.

— Tudo bem. Sem limão dessa vez, tá?

— Certo.

A deixo na pista de dança em seguida e sigo o caminho para o bar interno, sempre tomando cuidado para não ser empurrado pelos corpos das pessoas, o que exigiu trabalho. Nem mesmo os caminhos menos estreitos estão me ajudando a sair dali, mas felizmente eu consigo.

Sento-me num dos banquinhos altos e faço o pedido para o garçom, que me lança um sorriso estranho antes de anotar o pedido. Prefiro enganar a mim mesmo a ponto de não perceber esse gesto íntimo dele do que admitir que ele está dando em cima de mim.

Aguardo pacientemente a minha vez na fila interminável antes de mim. Inclino meu rosto para o centro da boate, esperando encontrar Mandy, e acabo me deparando com a mesma flertando com um garoto.

Estreito meu olhar na direção dela, indignado ao saber que ela já me trocou por um ficante. Não é muito o feitio dela fazer isso, mas acho que nenhuma regra se aplica a nós quando estamos na boate.

— Mas o quê...?

— Licença. Eu poderia pagar uma bebida para você?

Ouço uma voz masculina e carregada de intimidade com um toque grave ao meu lado, então eu me viro de volta à outra lateral da bancada, dando de cara com um homem alto e musculoso — não exageradamente. O cabelo cobreado dele está revolto, como se ele não tivesse encontrado algo para penteá-lo — apesar de ser um charme à parte. Seus olhos dourados, inclusive, combinam perfeitamente com seu estilo, e a barba bem feita o torna... intenso.

Ele é daqueles homens sensuais e hipnotizantes, onde você, em questão de segundos, esquece imediatamente do mundo ao seu redor. Há também um toque de malvadeza em sua expressão, e talvez seja porque seu maxilar quadrado o faz ser assim.

Ele usa uma jaqueta jeans azul escura, cujas mangas estão dobradas até os cotovelos, calça marrom e um All-Star vermelho. Me pergunto como eu tive tempo para analisá-lo rapidamente e o porquê de ter feito isso.

Ele é lindo o suficiente para fazer qualquer um se sentir tímido e desconfortável só por estar no mesmo ambiente que ele. Sem contar que esbanja um cheiro magnífico, o que só aumenta o nervosismo.

SENSUALMENTE PROIBIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora