| 22 | Eu não sei a quem amar |

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— Vá devagar! — alerta Jace, gargalhando, enquanto eu finjo andar de skate no corredor do nosso apartamento.

A adrenalina por estar com ambos os pés em movimento e sem nada que eu pudesse utilizar para sustentar minhas mãos é maravilhosa, mesmo que isso acelere meu coração com medo de cair.

O vento colide contra mim todas as vezes em que tento acelerar meu corpo mais do que já estou, soprando meus cabelos de forma que ele me transmitisse tranquilidade.

— E agora? — grito animado.

— Tente virá-lo. Mas tenha cuidado.

Sorrio e inclino meu corpo para o lado a fim de fazer isso, porém eu percebo que irei cair de forma desajeitada, então saio de cima do skate e me esbarro em uma das paredes. Apesar do barulho altivo, nenhuma dor chega a latejar meus músculos.

Começo a rir intensamente.

Isso é incrível! Chocante, mas ainda assim incrível!

Jace vem correndo e segura meus braços ao chegar ao meu lado, a diversão unida à preocupação.

— Você está bem? Se machucou?

— Não, não — digo com um gesto, tentando me recompor. — Eu estou ótimo! Eu quero andar mais uma vez.

Ele pende a cabeça para um lado, mas o sorriso ainda continua.

— Você tem certeza disso?

— Tenho.

Ele pausa um segundo, como se estivesse avaliando se fosse uma boa ideia continuar.

— Certo. Eu vou caminhar ao seu lado dessa vez.

Assinto e me abaixo para pegar o skate no chão, colocando-o ao meu lado e criando coragem para retornar a utilizá-lo. Jace ergue uma sobrancelha para mim.

— Pronto? — pergunta ele.

Mostro-lhe um sorriso tímido.

— Pode apostar.

Um segundo após, posiciono meu pé esquerdo no chão e crio impulso com ele, saindo da inércia finalmente e já me sentindo uma criança boba e alegre de novo. Jace dá alguns passos, o bastante para se nivelar à minha velocidade inicialmente lenta.

Torno a pôr o pé no chão e vou criando mais força, agora correndo em descontrole. Consigo até a sentir o ziguezague do skate sob mim, o medo retornando a percorrer minhas veias.

Jace também entra na alegria comigo e ri, de vez em quando aproximando suas mãos ao meu corpo quando eu aparentava estar quase caindo, mas ainda sem me tocar.

— Cuidado — alerta novamente. — Não corra mais do que você acha que possa suportar.

Quase que no mesmo instante em que ele termina de me dar um conselho, uma das rodas do skate trava quando eu tento — sem sucesso — dar meia-volta. Acabo tropeçando nos pés quando saio de cima dele, mas, por sorte, Jace me segura com um braço pela cintura, trazendo meu corpo para si ao passo de que o dele é imprensado na parede.

Eu gargalho altamente junto com ele, observando o skate ir caminhando por conta própria por uma distância do corredor. Depois eu olho para Jace, nossos rostos bem próximos um do outro e nossos lábios quase se tocando.

O tempo passa e os sorrisos que há segundos atrás estavam estampados em nós dois foram sumindo aos poucos, deixando apenas a emoção entrar. Logo percebo que minha respiração está presa como nas vezes em que me acontece quando estou nervoso.

SENSUALMENTE PROIBIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora