| 17 | Nem tudo parece ser preto e branco |

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É uma mansão.

Não sei por que me pego na surpresa. Ela é expansiva dos lados e de apenas dois andares, mas ainda assim muito espaçosa. Como enfeite ao natal, vários feixes de luz branca descem como chuva em tubos transparentes fixados no topo da casa — do lado exterior —, espalhados em toda região.

À nossa frente encontra-se um chafariz em formato de anjo, jorrando água pelas elevações de suas asas — cada uma com cor diferente: amarelo, verde e vermelho. Elas são tingidas por corantes no centro do chafariz, tornando-o incrível.

Perto dele, algumas crianças se divertem pondo a mão dentro da água, tomando um certo cuidado para não molharem suas roupas.

Miles estaciona o carro próximo aos outros, também nivelando-se ao modelo dos demais em quesito de beleza. Okay, todos são ricos, então não posso passar vergonha...

Ao sair, as crianças logo me veem, correndo até mim como se fôssemos amigos de longa data. Miles se posiciona ao meu lado logo após, ajoelhando-se para abraçar uma delas — uma garotinha linda com laços multicoloridos prendendo tranças de seu cabelo, usando um vestidinho jeans florido. Ela se parece muito com Miles, e a primeira dedução que sobe à minha mente é que seja filha dele.

— Hey, papai! — comemora ela, confirmando minha intuição.

— E aí, filhota? Olhe só quem irá passar o natal conosco. — Ele estende sua mão para mim.

A menina de olhos azuis, herdados do pai, me lança uma análise lenta, sorrindo quando parece terminar.

— Ele é lindo! E fofo! Qual o seu nome? — me pergunta ela, entusiasmada.

— Pietro — sorrio. — E o seu?

— Me chamo Amanda. — E de repente ela pega minha mão, ao passo de que as outras crianças a seguem. — Não temos um Papai Noel ainda este ano. Podemos transformar você em um?

Ergo as sobrancelhas, achando graça. Miles me acompanha logo em seguida.

— É claro, por que não? — digo bem alegre. Dou um sorriso para as outras crianças em forma de cumprimento.

Sempre houve um magnetismo estranho em mim que faz com que elas viessem ao meu encontro, como se eu estivesse escondendo doces nos meus bolsos e elas soubessem disso.

— Filha, não acha melhor fazer isso depois? — pergunta Miles. — Eu queria apresentá-lo primeiro à família, querida.

— Ah, não, pai! — resmunga ela, ainda me puxando para dentro da casa. Entramos logo depois. — Só vai demorar um pouquinho.

Olho para ele, que revira os olhos com diversão. Creio que nem mesmo ele resiste aos pedidos da filha.

— Vou buscar uma bebida para você, está bem? — diz Miles.

Assinto, e ele segue um caminho diferente do meu com as crianças.

A casa é um branco-cinza admirável, cujas paredes são enfeitadas por desenhos circulares e bem evidentes. Há algumas árvores de natal sobrepostos em blocos de arenito, além de presentes espalhadas em torno delas. Chego a pensar que são apenas de enfeites, mas é difícil acreditar com base na luxúria do local.

Luzes de pisca-pisca são colocadas ao redor, tanto no teto quanto nas paredes, sendo levadas por grandes distâncias, sempre iluminando a passagem.

Amanda e sua equipe me leva a uma sala grande, me sentando num sofá de couro escuro. Numa mesa de vidro diante de mim, há um jarro de enfeite roxo em forma de ganso que vai perdendo a cor conforme desce, tornando-o branco nas patas.

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