| 20 | Você ainda me faz sorrir |

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| 15 ANOS ATRÁS |

Uma mulher com roupa uniformizada estava me levando para algum lugar no orfanato. Os saltos altos e pretos faziam um barulho gostoso no chão; meus ouvidos agradeciam àquele som suave e constante, como se ela soubesse o momento certo de pisar.

A mulher tem um sorriso muito simpático. Ela é loira, alta e muito bonita. Ela me encaminhava com uma das mãos nas minhas costas.

— Vai ficar tudo bem — me garantiu calmamente. — Vou apresentar você às outras crianças. Com certeza vai amá-las.

Fiz que sim com a cabeça e continuei seguindo a mulher, ela sempre adaptando à minha velocidade lenta.

Seu perfume me persegue desde o instante em que ela conversou comigo em sua sala. Como era mesmo seu nome? Kelly? Kiera? Inclino meu rosto para observar o metal que continha seu nome. Ah, é Késsia.

É um nome bonito.

Passamos por um corredor cheio de crianças, todas elas parando o que estavam fazendo para olhar em minha direção. Acho que é porque eu sou novo aqui. Será que elas perderam seus pais também ou eles as abandonaram?

Depois, todas elas saíram correndo juntas para alguma região que eu desconhecia.

O lugar onde estou é grande demais e muito limpo. Tem vários bancos e calçadas, como... como... uma praça.

Outra mulher vem até nós dois: ela tem cabelo loiro também, mas não é idosa. Ela carrega um vaso com uma única flor em sua mão, bem pequenininho. Késsia para de andar, e eu também. A outra mulher se abaixou e falou comigo, mas olhando para Késsia.

— Então esse é o nosso mais jovem querido? Ele é tão lindo!

Sua voz me faz abrir um sorriso tímido. Todas as pessoas aqui parecem ser bem simpáticas, eu percebi.

— Sim, ele chegou hoje — respondeu Késsia, massageando meu cabelo. — Se chama Pietro. Tem 9 anos.

A mulher levantou as sobrancelhas.

— Nome charmoso — ela elogiou, me observando com um sorriso. — Eu sinto muito pela sua perda, amor. Espero, de coração, que esse lugar possa trazer algo que complete sua dor.

Meus olhos se encheram de lágrimas, e eu abaixei minha cabeça. Seu jeito carinhoso me fragilizou.

— Tome. É para você.

Voltei a ver seu rosto. Ela me deu o vaso de flor, que, na minha mão, parecia maior.

— Obrigado — agradeci.

— De nada — disse, bem feliz. — Eu me chamo Mary. Se precisar de ajuda, não importa para quê, não hesite em me procurar, tá bom?

Fiz uma careta.

— O que é "hesite"? — perguntei.

Késsia sorriu.

— Ela quis dizer que pode contar com ela para qualquer coisa — traduziu ela.

SENSUALMENTE PROIBIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora