| 6 | Sinto saudades demais para ainda estar bravo |

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Cam, o irmão de Tony, era mais divertido de conversar do que minha mente acreditava antes mesmo de iniciar qualquer conversa com ele. O jeito dele puxar assunto é sempre desprovido de humor, o que me fazia rir às vezes.

Com Cam ao meu lado, eu mais ria de suas piadas do que estudava para a prova final. Mas eu não me importava muito com isso, não hoje. A diversão parecia bater melhor na porta do que a preocupação com os estudos.

Callie e Jannet gargalhavam de vez em quando do que Cam dizia, e eu comecei a suspeitar de que meu ânimo estava elevado o suficiente para me fazer rir de coisas que não eram tão divertidas assim.

Acho que esse é um dos efeitos de ter beijado Sam. Me pergunto o que aconteceria se fizéssemos relações sexuais como Mandy havia mencionado ontem.

— É bom saber que tem gente que me acha engraçado — comenta Cam, o sorriso largo. — Porque certas pessoas — ele aponta para o irmão, que estava concentrado em um livro — não fazem nem questão de sorrir.

No instante em que é infiltrado na conversa, Tony ergue seu olhar para nós, lançando uma expressão de reprovação para Cam, que o ignora. Descobri que Cam não é mais velho, mas é apenas um ano mais novo que Tony. Creio que a personalidade extrovertida dele me enganou em relação à idade.

— Vocês estão com fome? — pergunta Cam, levantando-se. — Eu estou. Vou pegar algo para nós.

— Tudo bem — diz Callie de um jeito amistoso, e ele logo sai. Para mim, ela sussurra: — Acho que ele gosta de você.

— Assino embaixo — emenda Jannet.

— Estão exagerando — digo balançando o rosto. — Ele só é... amigável comigo. E sem contar que eu já estou conhecendo alguém, então...

As duas semicerram o olhar na minha direção.

— Seu vadio, por que não me contou? — indaga Callie, segurando minha mão.

— Porque você já sabia. Lembra do encontro que tive quando você ligou para meu apartamento? Então, é com a mesma pessoa que eu estou tendo um caso.

Jannet faz um chiado.

— Ele no mínimo tem que ser um gato como você, senão...

— Bem, gato ou não, ele tem que te fazer feliz — argumenta Callie para mim. — Nunca te vi com um namorado, mas vejo o quanto esse te deixa alegre. Se não der certo, ele vai se ver comigo. — Ela estrala os dedos das mãos, me fazendo rir.

— Pode deixar.

Pergunto para mim mesmo o que elas diriam se eu contasse a parte obscura da minha relação — de que Sam é casado — e se elas ainda me apoiariam quando as cartas estivessem sobre a mesa. De qualquer forma não me arriscaria a isso, ainda mais por saber que talvez elas o conhecem pelo nome, já que ele é dono do hospital central.

Tony logo aparece entre nós, abandonando o livro que antes estava lendo sobre o sofá de sua sala.

— Não pude deixar de ouvir — diz ele, sentando ao nosso lado. — É verdade, Pi? Você tem namorado agora?

Mostro um sorriso tímido. Ele não parece estar muito satisfeito com essa revelação, o que me deixa para baixo, mesmo que sejamos amigos.

— Bem, não é exatamente meu namorado — esclareço, e depois limpo a garganta. — Estamos nos conhecendo. Se ele gostar de mim, quem sabe nós acabamos nos relacionando — digo uma mentira sem saber que estou mentindo.

— Então vai acontecer — conclui Tony, sorrindo. — Eu vou ver aonde se enfiou meu irmão. — E depois se levanta, caminhando por um dos corredores da sua bela casa, sem dizer mais nada.

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