Time Urameshi!

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Quente, era assim que eu sentia meu corpo, não aquele calor brasileiro de dias de verão, mais um calor gostoso e agradável. Respirei fundo e automaticamente o cheiro de rosas invadiu minhas narinas. Tentei me mexer e me senti ser apertada, prensada mais contra algo duro, então abri os olhos e a visão que tive não podia ser mais esplendorosa.

Shuichi dormia sereno, e se não fosse por sua leve respiração e o calor do seu corpo no meu, eu diria que ele era parte de algum sonho perfeito que minha mente criará para me livrar do tormento que tanto me afligia. Eu podia ver seus cabelos vermelhos espalhados pelo travesseiro, mas em suas costas eu via os tão belos cabelos prateados de Kurama que escorriam por estas, era complicado olhar de um para o outro sem se perder a procura de algo como um meio termo.

Os olhando ali tão calmos, me perguntei a quanto tempo eu havia me acostumado com sua presença, a quanto tempo eu havia deixado de ser a menina medrosa que tinha medo de olhar para as pessoas e perceber que provavelmente estava enlouquecendo. Não, eu não havia deixado de ser medrosa, se não fosse pelo óculos que Shuichi me dera, eu jamais olharia para alguém de novo, quem dirá para mim mesma. Porém, a maior pergunta é o porque de eu não tê-lo temido? Por que eu confiava tanto nele? Eu sabia que foi quase que inconscientemente que nossa relação evoluiu, e que Shuichi sempre me deu o espaço necessário para que eu me acostumasse com sua presença, mas com Kurama não. Kurama já me tomou para si na primeira oportunidade, me mostrou o quanto me desejava e não me deu espaço para negá-lo. Ainda sim, se eu for sincera, apenas para mim, eu admitiria que ele não me forçou a nada, pois eu desejei ardentemente cada momento com ele, e apesar dele ser frio e possessivo eu sabia que ele jamais me machucaria, jamais me forçaria a nada e que do seu jeito, me amaria. Eu queria aceitar, queria acordá-lo agora mesmo e dizer-lhe que queria ser sua, contudo, eu ainda tenho medo e duvidas demais, apesar de ser notável que ambos nos queríamos eu ainda não entendia como isso era possível, como era possível que ele tivesse tido certeza que eu era a mulher da sua vida na primeira vez que me viu, quando ele pode ter qualquer uma a seus pés. Não, eu não acreditava que ele já tivesse feito essa proposta a outra mulher, eu tinha certeza, mesmo que não soubesse explicar como, que eu fora a única, e isso me assustava ainda mais.

–Kurama. -sussurei e antes mesmo que eu pudesse tocar seu rosto como desejava, ele já me virava com tudo na cama e se pôs acima de mim felino, e aqueles olhos verdes estavam se tornando amarelados, eu respirei descompassado, assustada demais para falar.

Shuichi cedeu um pouco o corpo e cheirou meu pescoço profundamente.

–Só me chame quando decidir. -sua voz fria e rouca me fez arrepiar dos pés a cabeça, era ele, Kurama.

Ele ficou naquela posição por alguns minutos até que se inclinou um pouco, e com a mão pegou meu óculos na bancada e colocou em meu rosto me analisando com aquelas íris agora totalmente verde.

–Acabei pegando no sono. -Shuichi disse divertido, beijou meu rosto e se afastou saindo da cama.

–Foi bom. -disse baixinho mas ao ver o sorriso em seu rosto eu sabia que ele havia ouvido.

–Eu vou para meu quarto, não seria fácil explicar isso a alguém, caso me peguem aqui. -fiz que sim e ele veio até mim e beijou minha testa. -Durma mais um pouco, ainda está cedo.

–Tudo bem, Obrigada. -ele alisou meu cabelo e sorriu antes de se virar e sair.

Meu coração ainda batia loucamente e a adrenalina que ainda circulava por meu corpo era prova suficiente de que eu não conseguiria mais dormir. A voz de Kurama ainda era clara em minha cabeça, como um aviso para não brincar com fogo, pois ele pode te queimar. Mas céus, eu já estava queimando, só sua voz despertou todos os sentidos do meu corpo, todos os desejos mais profundos e irreais deste. Se apenas ao falar comigo ele me deixava assim, o que seria de mim se o permitisse me tocar?

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