Cap.23

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Ele olhou pra mim rapidamente e continuou a dirigir até o interior da Fazenda.
Estacionou perto do casarão e fui até ele pra saber o que queria aqui.
Ele saiu do carro e ficou olhando em volta
- Oi - eu disse quando cheguei perto.
A cara dele estava fechada.
- Oi - ele disse secamente.
Ele estava com uma camiseta branca, apertada e uma calça jeans que ele costumava trabalhar.
- Veio fazer o que aqui? - perguntei
- Sua vó pediu pra que eu arrumasse a churrasqueira da fazenda, ta toda quebrada.
Realmente já tinha passado perto da área de churrasco e a churrasqueira estava um lixo.
- Mas, o Tadeu ta aqui - eu disse apontando pra Tadeu parado ma arvoré longe de nós - por que ela pediu pra você vir? Ele podia ter feito isso.
- O Tadeu é pago pra cuidar dos bichos, não pra arrumar churrasqueira!
Não aguentei e perguntei.
- Até quando você acha que me tratar assim vai resolver alguma coisa?
Ele ficou me olhando fixamente como se fosse me comer vivo.
Ele não respondeu, virou as costas e entrou no casarão.
Essa situação estava insuportável, Eduardo já estava passando dos limites na ignorancia comigo, ele podia estar com raiva mas queria que ele me tratasse bem pelo menos.

Fui até o quartinho guardar as ferramentas que usei pra cuidar da horta.
Quando saí Tadeu estava me esperando na porta.
- O que ele te falou ? - ele perguntou - ele parecia nervoso.
- Nada demais.
Ele ficou me olhando sabia que eu estava nervoso.
Ele segurou minha nuca.
- Não fica assim não - ele disse se aproximando calmamente e me beijando.
Correspondi aquele beijo intenso e molhado, mas lembrei que estava do lado de fora do quartinho e parei depois de um tempo.
- Alguém pode ver a gente aqui.
- É mesmo - ele riu.
Pensei um pouco:
- Vai pra sua casa, vou no casarão tomar um banho e te encontro lá.
Ele sorriu e concordou.

Entrei no casarão e subi pro meu quarto.
Não vi Eduardo na sala de estar.

Entrei no meu quarto e ele estava lá parado olhando pela janela
- O que você ta fazendo no meu quarto? - perguntei com ignorância.
- Estava te esperando - ele disse com a cabeça baixa - queria conversar, mas acabei de ver você beijando o cowboyzinho.
Ele parecia calmo, de um jeito que eu não via a muito tempo.
- E o que você tem a ver com isso? - comecei a andar em sua direção e ele se virou pra mim.
- Tem a ver que eu achei que você tinha vinda pra cá pra dar um tempo, relaxar, e quando eu vejo você tá se agarrando com os cowboys da fazenda.
- Eduardo você me ignorou por semanas, me fez de gato e sapato, você achou que eu ia esperar até quando o seu xilique passar?
Ele ficou em silêncio por um tempo absorvendo o que eu disse.
- Eu estava nervoso Iago, fiquei me sentindo o maior dos babacas, você me fez trabalhar sob o mesmo teto com o homem que estava transando com você, eu fiquei com ciúmes...achei que você ia esperar minha cabeça esfriar...quando a gente ama a gente é paciente.
Ele disse olhando pra mim, a resposta estava na ponta da minha língua:
- E quando a gente ama, a gente também é compreensivo, e você não foi nem um pouco comigo, você preferiu virar a cara e me tratar mal, não foi?
A calmaria dele durou pouco e ele voltou a ficar nervoso.
- Como eu posso ser compreensivo se você fugiu de lá e veio se jogar nos braços de um cara daqui que você nem conhece, já deve ter até transado com ele né.
Ele ficou me olhando fixamente, e eu não pensei duas vezes depois de ouvir aquilo...dei um tapa na cara dele com toda a minha força.
"PAAAH"
O barulho foi alto, e minha mão ficou vermelha e doendo.
Senti a raiva dele dobrar.
Ele segurou meus braços com força
E me jogou brutalmente na cama fazendo minhas costas doerem.
Ele subiu em cima de mim, e segurou meu pulsos me deixando imóvel.

Por um breve momento pensei que ele fosse me bater ou coisa do tipo, mas sabia que ele não faria mal pra mim. Meus olhos estavam bem aberto fixados nos dele, esperei.
Os segundos se passaram.
Ele não fazia nada, só me olhava fixamente, senti a raiva dele indo embora.
Aqueles olhos me fascinavam, mas não queria parecer fraco, olhava pra ele com raiva, já ele parecia indefeso, mesmo com todos aqueles músculos.
Senti a pressão sob meus pulsos sumirem, ele estava me soltando.
Ele saiu de cima de mim.
E se ajoelhou no chão na minha frente.
Me levantei da cama.
- Me perdoa - ele sussurrou de cabeça baixa.
Fiquei em silêncio.
- Me perdoa por favor - ele repetiu.

Naquele momento senti que era amado de verdade por Eduardo, vencer o orgulho e pedir perdão de joelhos não é pra qualquer um.

- Levanta - falei puxando seu braço.
Ele se levantou ficando de frente pra mim.

Mil coisas passaram pela minha cabeça, mas já sabia a minha resposta.
Eu o amava, não dava pra negar.
Passei os braços por sua nuca, fiquei na ponta do pé pra chegar meu rosto perto do dele.
E o beijei.
Ele segurou minha cintura suavemente.
E correspondeu meu beijo.
Meu corpo todo se arrepiou, meu coração acelerou, o toque de Eduardo me deixava em êxtase.
Foi o melhor beijo da minha vida, um beijo apaixonado, molhado, suave.
Um beijo de reconciliação, o que o fazia ainda mais especial.

Depois de longos minutos nos beijando, ele parou e olhou fundo nos meus olhos e deu um sorriso.
Aquele sorriso safado.
Eu sabia o que ele queria.

Me lembrei de Tadeu.
Fiquei sério.
- Bom - eu disse - não quero mais mentiras entre nós, então é melhor eu te contar de uma vez...eu estou sim transando com Tadeu, e ele está me esperando agora lá na casa dele.
Ele riu.
- Já que que você não vai mais mentir - ele disse - acho que tá na hora de eu mudar alguma coisa em mim também, acho que vou deixar de ser ciumento e começar a compartilhar as minhas coisas.
Ri.
Ele segurou minha mão e saímos do meu quarto, descemos as escadas e saímos do casarão.
- Onde é a casa dele? - ele perguntou.
- Lá - apontei pra longe.
Ele andava rápido me puxando com ele.
Chegamos na porta de Tadeu.
Bati na porta duas vezes, até que Tadeu atendeu, ele achou que eu estava sozinho então começou a falar enquanto abria a porta:
- Ta pronto pra... - ele interrompeu a frase assustado quando viu Eduardo.
Tadeu estava sem camisa.
Eduardo riu.
- E aí Tadeu? - Eduardo disse com tom de voz safado - Vamo arregaçar esse viadinho vamo?

Tio Eduardo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora