Capítulo ( 27 )

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O tempo dele se reerguer, foi o tempo de me levantar e correr, mas um impacto súbito atirou-me pelo ar, foi tão forte que a dor me impediu de respirar por uns segundos.

Tossi a tentar recuperar o fôlego mas de cada vez que tentava respirar fundo, o meu peito parecia irromper em chamas, a custo levantei-me

Senti os olhos humedecerem.

Aquela criatura estava bem na minha frente, olhando-me, observando cada movimento meu.

Minha pele estava avermelhada, como se corresse lava dentro de minhas veias, sob a minha pele pálida.

De repente algo surgiu por detrás de mim, e mordeu minha perna.

Grunhi, cambaleei para a frente, e me afastei do lobo negro, que se situava atrás de mim.

O lobo começou a rodear-me com uma lentidão ameaçadora, minha perna latejava com a dor da mordida.

Por dentro era como se um leve ácido me corroesse até aos ossos.

O lobo saltou para cima de mim, mas a criatura o chutou para longe.

Um rosnado alto e feroz fez rachar o asfalto

Claramente eles não estavam do mesmo lado...

O lobo rosnou em desaprovação e deu um passo na minha direção.

- Não- O monstro grunhiu, encarando agora o lobo.

Irritado, o lobo correu em direção da criatura, os dois começaram uma luta feroz.

Apesar da criatura ser enorme, e ter demasiada força, o lobo era mais rápido, e se movia com maior agilidade.

Sem esperar corri em direção de uma outra rua.

O lobo gritou, seu berro de pura dor, estremeceu cada molécula do meu corpo, arrepiando todos meus pêlos.

Olhei para trás enquanto corria o mais rápido possível pelas ruas escuras, o pânico e o medo tomavam conta de mim e impeliam-me a continuar a correr, as pernas e o peito ardiam do esforço, o coração parecia bater desenfreado na minha boca.

No céu escuro umas assas negras se fizeram notar.

Aquele ser que me perseguia, estava novamente perigosamente perto.

"Não vou conseguir" pensei enquanto as lágrimas caiam pela minha cara abaixo, mesmo assim optei por lutar contra as probabilidades e contra o facto de o meu corpo parecer pesar toneladas por estar a correr há tanto tempo.

As luzes de algumas residências se acenderam.

Uma senhora de meia-idade, foi até ao alpendre de sua casa.

Comecei a correr na sua direção enquanto gritava por socorro mas a minha voz mal saia, a senhora olhou nos meus olhos, e o que vi neles foi completa repulsa, ela maneou a cabeça, e esboçou um sorriso de canto, antes de fechar a porta na minha cara.

"Porque ninguém me ajuda?"

Continuei a correr, mas subitamente as pernas falharam e cai no chão, tentei levantar-me mas elas latejavam de tal forma que não responderam á minha vontade.

Fiquei prostrada no solo sentindo o medo a invadir-me cada vez mais, ao ver aquele ser se aproximar.

Com apenas uma mão ele lançou-me contra um muro próximo.

Uma dor aguda percorreu minha perna e lancei um grito de dor, antes de olhar para ela, e ver um pedaço de osso sair para fora da carne.

O asfalto pareceu queimar-me a pele.

Lágrima Negra ( LIVRO I E II) Onde histórias criam vida. Descubra agora