Capítulo ( 28 )

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Larguei minha mochila na sala.

A casa estava em completo silêncio.

Quando fui até a cozinha, um pequeno bilhete pendurado na geladeira chamou minha atenção

" Filha, fui jantar fora com Cibelle, Brooke está com o namorado. Cibelle deixou comida pronta, é só esquentar. Beijos te amo."

Como estava sem fome, decidi dar um banho demorado.

Por fim enrolei-me na toalha macia, limpei o vapor do espelho, e ao encarar meu reflexo soltei um grito, assustada, ao ver atrás de mim, o mesmo rapaz que assassinou a jovem na escola.

Seus olhos azuis estavam completamente escurecidos, vazios de luz, eles não mostravam nenhuma emoção.

Mechas de seu cabelo negro caíam sobre seus olhos.

-Com...Como você entrou... -Não conseguindo terminar a frase, eu soltei um suspiro lento e pesado.

Meu corpo estava prostrado em um silêncio aterrador.

Ele soltou um sorriso lento e diabólico antes de murmurar - Bruxinha, eu sempre entro onde eu quero. Quando eu quero - sua voz saiu rouca e ameaçadora.

-Saia daqui agora -Rosnei.

Ele soltou uma risada gutural.

Com rapidez ele pegou no meu pulso, fazendo com que uma onda de frio passasse por todo o meu corpo

-Você não pode fugir para sempre - sua voz saiu um pouco ameaçadora, havia algo nesse rapaz, não era apenas por seus olhos serem completamente desprovidos de vida, ele estava envolto em uma grande aura negra.

Apenas olhando para nós, era como se ele nos levasse para dentro de sua escuridão, nos seduzindo a fazer amor.

Olhei em seus olhos, e senti como se um manto escuro, gélido mas ao mesmo tempo reconfortante me envolvesse, meu corpo tremeu, não de medo, mas de reconhecimento, de repente uma onda de frio invadiu o banheiro, ao ponto de congelar por completo o espelho do meu lado

Olhando aqueles olhos, aquela escuridão.

Eu mergulhei dentro de mim mesma procurando por algo que eu ainda não sabia.

De repente seu olhar maléfico sumiu, ele cerrou os olhos, e quando os voltou abrir, o que eu vi em seu rosto foi um vazio muito mais profundo do que o meu.

Finalmente soltando meu pulso, ele evaporou bem na minha frente, deixando apenas uma nuvem de poeira negra.

Ainda estarrecida fiquei observando aquela poeira sumir aos poucos.

-Espere... me vi murmurando

Quando por fim meu corpo saiu do estado de inércia em que se encontrava, eu me dirigi até meu quarto, aqueles olhos azuis escurecidos, ainda penetravam na minha mente.

Senti um vazio no peito...

Sem ânimo para nada, cansada, como se minhas forças tivessem sido sugadas de mim, eu vesti meu pijama: Um shortinho preto e uma camiseta preta.

A passos lentos, quase rastejando os pés, desci as escadas, preparando um café gelei quando vi, na frente da minha janela, uma sombra negra me observando.

Apressadamente coloquei a caneca na pia, e subi, queria andar rápido, mas não tinha força suficiente para tal.

Tranquei a porta do meu quarto, e deitei sobre a cama.

Cerrei os olhos, e logo pude ouvir o barulho da janela do meu quarto sendo aberta.

Olhei assustada enquanto via Adriel entrar.

-Está se tornando um hábito- retruquei, tentando a todo custo, esconder a melancolia que o jovem de olhos azuis escurecidos deixou em mim.

Os olhos de Adriel levantaram lentamente, fazendo uma viajem desde os meus pés até chegar aos meus olhos.

Seu olhar foi apreciativo, enviando uma corrente de eletricidade por todo o meu corpo.

Mas quando ele realmente olhou dentro dos meus olhos, uma sombra escura passou pelo seu semblante, e ele olhou em outra direção.

-Você parece cansada-ele disse sentando do meu lado.

-Apenas um pouco- respondi cerrando os olhos.

-Você teve alguma visita? Sondou com olhar acusatório

-Não. Menti, porém o rosto daquele jovem desconhecido pairou na minha mente.

Notei que ele não acreditou em nada do que eu disse, mas também não insistiu.

Adriel fechou a janela, e jogou seu corpo para cima da minha cama, deitei lentamente do lado dele, ainda mantendo uma distância entre ele.

Senti seu olhar em mim e virei meu rosto em sua direção, olhando nos olhos dele, as suas iris azuis brilhavam como maçarico

Lendo a minha mente ele disse

-Você não precisa mentir. Eu posso sentir tudo de você. Ele disse finalmente se referindo ao jovem desconhecido.

Eu mordi o lábio inferior.

-Eu não gosto quando você entra na minha mente. Por favor não o faça. Pedi sincera

Ele suspirou fundo.

-É difícil não fazê-lo com você.

Virei as costas para ele, e abracei o travesseiro.

- Meus pensamentos ainda são meus, e quero mantê-los assim. Soltei finalmente

Após algum tempo em silêncio, murmuro - Eu sinto que ele não quer me machucar. Eu soltei finalmente me referindo ao jovem misterioso.

Adriel Olhou nos meus olhos -Você sente algo por ele?

-Eu apenas sinto que o conheço de outro tempo, o mesmo acontece com você. Respondi sincera - Porém são emoções diferentes.

Adriel respirou fundo

-Você não deve confiar nele. Adriel Sibilou finalmente

Dei de ombros

- Eu sei que ele não vai me machucar. Garanti

-Como você pode ter certeza?

Mordi o lábio- Eu apenas sinto. -Respondi virando meu corpo para Adriel - É como se ele fosse tão escuro quanto eu, talvez uma outra metade de mim... Não sei é confuso. Mas escuridão atrai escuridão. Talvez seja isso.

-Você não é escuridão, Elise- Ele disse, os ombros tencionando-se

-Ele é perigoso. E não vai hesitar um segundo em matá-la. - ele Sorriu sarcasticamente; contudo, havia algo por detrás das suas palavras. Não existia sinceridade no olhar de Adriel.

- Eu sei que você também não vai hesitar em me matar, caso eu não escolha seu lado. Eu falei abertamente, deixando claro que eu sabia as intenções de Adriel.

Todos querem algo, ele não seria excepção.

Ele não respondeu, e encostou sua cabeça na cabeceira da cama, ele parecia absorto em seus próprios pensamentos. Parecia que existia algo mais nele, algo que eu não conseguia alcançar.

-Não volte a invadir meu quarto. Pedi - Eu não gosto.

Depois de algum tempo, apenas olhando para um ponto vazio do meu quarto, meus olhos renderam-se ao sono, e acabei adormecendo.

Lágrima Negra ( LIVRO I E II) Onde histórias criam vida. Descubra agora