Capítulo repostado por causa de problemas para visualização. Espero que dessa vez funcione.
− Por que você não quer ir comigo? Você é minha melhor amiga, Yanna. E como tal, tem a obrigação de me acompanhar − me acusa Jéssica. Ela está sentada do outro lado da mesa de estudo que tenho no meu quarto, de frente para mim.
− Porque você sabe que não gosto deste tipo de coisa. Sair para encontrar rapazes que a gente nunca viu e que você conhece apenas pela Internet. Existe coisa mais decadente que isso, Jess? – pergunto, já me remexendo na cadeira.
– Além do mais pode ser perigoso – continuo – Você por acaso não lê jornal? Todos os dias milhares de pessoas desaparecem ou são mortas neste mundo, isso sem nem mesmo darem chance ao azar e você simplesmente quer ir ao encontro de dois desconhecidos − apelo, tentando fazer minha amiga mudar de ideia.
Desde que conheceu um tal de Felipe através do Facebook há três meses, Jess acha que conhece o garoto a vida toda. Agora, ela cismou que quer encontrar pessoalmente o rapaz e o pior, ela espera que eu ainda conheça o melhor amigo do cara. Na visão dela, namorar amigos em comum é a saída perfeita para evitar que nossa amizade não seja abalada por um eventual namorado, que de repente não goste do namorado da outra. Nas palavras dela é como "matar dois coelhos com uma cajadada só". Dá para acreditar?
− É claro que conheço! O Lipe é minha cara metade. Nós temos um monte de coisas em comum. Ele é um defensor do meio ambiente, sua banda preferida é o U2 e ele adora The Walk Dead. Preciso falar mais alguma coisa? Ele, com certeza, é minha cara metade – rebateu.
− Você não vai desistir, não é? − bufei – Se eu responder que sim, a gente pode voltar a estudar? A prova de matemática é amanhã e você sabe que eu sou uma negação em resolver equações do segundo grau. Eu gostaria muito de saber para que a gente precisa aprender isso.
− Porque a gente precisa passar no vestibular. Esqueceu? E você não vai se arrepender. Quem sabe o amigo do Lipe não seja também sua outra metade. − diz com um sorriso largo que indicava que eu estava ferrada. Eu não teria como escapar deste encontro duplo sem cabimento.
Agora, tudo o que me restava fazer era suplicar para Deus para que a minha companhia não fosse um completo idiota, o que sinceramente não acreditava. Além do mais, o que a gente não faz por um amigo. Eu também não poderia deixar a Jess ir sozinha conhecer esse namorado virtual. O que eu queria mesmo era que ela desistisse de ir encontrá-lo, mas meu poder de persuasão não era do melhores, pelo menos não em relação à Jessica.
Eu e ela nos conhecemos desde que ela entrou na minha turma de balé. Na época, estávamos com cinco anos. Desde então, somos inseparáveis. Jéssica é tudo aquilo que eu não sou. Com 1,75m de altura e um corpo cheios de curvas, ela chama atenção por onde passa. Os cabelos loiros longos fazem inveja até mesmo a Gisele Bundchen e os olhos esverdeados são a prova de que o papai do céu foi generoso com ela.
Eu pelo contrário sou baixinha. Não passo dos 1,60m e sou magra como a Olivia Palito. Meu cabelo encaracolado na altura da cintura me dá tanto trabalho, que às vezes tenho vontade de ficar careca. Sério! Tem dias em que acordo e parece que tomei um choque da tomada. Para completar, meus olhos não tem nada de especiais. São castanhos escuros. Quantas pessoas no planeta tem olhos desta cor? No mínimo, metade da população mundial.
Mas a aparência física não é a única coisa que nos diferencia. Jess é uma sonhadora contumaz. Ela acredita que cada pessoa no mundo tem sua outra metade da laranja. Não preciso nem dizer que a cada novo namorado, ela acha que encontrou o seu príncipe encantado. No início tudo é um mar de rosas. Beijos pra cá, abraços pra lá, até ela descobrir que eles, na verdade, estão mais para sapos.
Depois de dezenas de tentativas de encontrar a alma gêmea entre os garotos da escola, minha melhor amiga teve a grande ideia de buscar sua alma gêmea na rede mundial de computadores. Por isso, a loucura deste encontro às cegas.
Eu, diferente dela, nunca tive um namorado para valer. Apenas, alguns ficantes, mas nada que fosse significativo. Para ser realmente sincera só beijei dois caras a vida inteira. Isso para uma jovem de 18 anos é quase como ser uma beata canonizada. A Jéssica que tem a minha idade já beijou pelo menos uns 15. Isso que até onde eu contei. O jeito apaixonado e carente dela parece atrair os meninos.
Eu não tenho todo o seu charme, beleza e carisma e também não me importo. Garotos não são minha prioridade. Sou mais prática, mais racional. Prefiro focar nos estudos e na minha futura carreira profissional. Depois de presenciar incontáveis vezes meus pais brigando sem parar e o casamento deles ir para o buraco depois de tantos anos vivendo juntos é difícil acreditar nesta história de alma gêmea. Só a Jess mesmo...
Mas mesmo que eu e minha amiga sejamos tão diferentes uma da outra, eu e Jéssica nos completamos. Nós duas somos filhas únicas e esta é uma das poucas coisas que temos em comum, mas que faz toda a diferença. Ela sabe que pode contar comigo sempre e eu com ela. Somos como irmãs. E esta é uma das razões porque nunca consigo dizer não para as loucuras dela.
− Eu não quero um namorado e muito menos uma alma gêmea. Você sabe bem disso, Jess – retruco impaciente.
− Yanna, se você não quer encontrar o cara certo, pelo menos deveria se divertir com os errados. Amiga, eu já te disse isso outras vezes e vou repetir: sua vida amorosa é um fiasco.
− Eu não importo com garotos. Só isso. Quantas vezes também tenho que dizer isso a você? – esbravejo.
− Você não está nem um pouquinho curiosa para descobrir como é o amigo do Lipe? Eu já sei que o nome dele é J.G, mas na certa deve ser um apelido. Eu acho até fofo.
− E eu acho trágico!!! – murmurei – E respondendo a sua pergunta, eu não estou curiosa. No mínimo, ele vai ser um feio, desengonçado e um completo idiota. Eu não posso esperar muito de um cara que aceita um encontro às cegas.
− Na verdade, não é tão às cegas assim − fala, me dando de novo aquele sorriso que diz "aprontei de novo" − Mandei uma foto sua para o Lipe. Ele ia mostrar para o seu pretendente – confessa.
Meu queixo despenca. Ela não fez isso...
− Oh, Meu Deus! Como você pode? − reclamo indignada. Mas bem no fundo não estava totalmente surpresa. Jess sempre foi assim impulsiva. Agia e pronto. Na cabeça dela, ela estava sempre ajudando.
− Você é linda, Yanna! Eu só quis dá um incentivo para o cara. Eu poderia ter pedido uma foto dele para você também, mas como eu te conheço bem, sabia que não ia nem dar uma olhada. Então, assumi que ia ser bom que a aparência dele seja uma surpresa para você. Assim, fica mais divertido, não acha? Não ia ser perfeito se você caísse de amores pelo JG?! Assim, nós podíamos até casar no mesmo dia. Não ia ser demais?
Quando ela falava assim, me dava vontade de bater a cabeça na parede mais próxima. Eu sabia que, muitas vezes, faltava a Jess a noção da realidade. Mas eu a amava e ia fazer mais este sacrifício por ela. Na balança de quem mais quebra galho uma para a outra, com certeza, o meu lado estava mais do que sobrecarregado. E eu desconfiava que nunca ia ser diferente. A balança provavelmente nunca iria se equilibrar. Mas Jess era importante para mim e ia ajudá-la de novo.
− Jess, eu vou a este encontro, mas você vai ficar me devendo mais essa e desta vez eu juro que vou cobrar juros.
Com isso, pus um ponto final naquela conversa e voltei minha atenção para meu livro de matemática.
É eu sei... O capítulo não é muito revelador, mas eu prometo que a história engrega. rs... Continue a acompanhar. Não desista. kkkk Até o próximo capítulo.
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O Homem dos meus Sonhos (COMPLETO)
RomanceDiferente da sua melhor amiga Jess, Yanna nunca acreditou em amor verdadeiro ou qualquer outro sentimento típico de livros de romance. Desiludida depois da separação dos pais, ela não quer saber ou focar em nada que seja diferente de seus estudos...