Capítulo 17

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– O que você está fazendo aqui? –  ouço a voz de Jess atrás de mim. Eu enxugo a lágrima rapidamente e me viro levantando para encontrar minha amiga com os braços cruzados e a testa franzida. Ela não estava muito feliz. Ou a irritação dela era comigo ou algo tinha acontecido lá dentro que a tinha deixado chateada. Ou ambas as coisas.

– Eu só quis me afastar um pouco da barulheira lá de dentro. O que aconteceu? Você não pode estar com essa cara só porque te deixei por alguns instantes –  questiono.

– Não! – bufa –  Você acredita que o Eduardo mal conversou comigo? Eu me apresentei a ele e tentei engatar um papo, mas o cara praticamente me ignorou. Ele me deixou sozinha para ir atrás de outra garota e ela nem é tão bonita assim. O que será que há de errado comigo? Alguém deve ter feito uma macumba das bravas para mim. Só isso explica essa maré de azar. Será que nunca vou conseguir encontrar minha outra metade? –  reclama minha melhor amiga.

– Jess, o que eu acho é que você está paranoica com essa ideia de alma gêmea. Você deveria deixar o destino ou o acaso fazer sua parte. Assim, quando você menos esperar o homem da sua vida vai aparecer.

– Yanna, tenho medo que isso nunca aconteça se eu não fizer minha parte. Já ouviu falar do ditado que diz que quem procura acha?

– Sim, mas conheço outro ainda melhor: Quem espera sempre alcança. Pense nisso! – digo. 

         Eu realmente achava que Jess precisava parar de se preocupar tanto. Ela criava expectativas demais e acabava por se decepcionar.  Eu não gostava de ver minha amiga triste e isso sempre acontecia cada vez que ela tentava um romance que não dava certo.

–  Para mim esta festa já deu. Vamos embora? 

–  Você falou tudo que eu queria ouvir. 

         Jess me deixou em casa por volta da meia-noite. Mamãe, como era de costume, estava me esperando chegar. Ela quis saber como foi a nossa noite. Contei a ela resumidamente tudo o que tinha acontecido e logo depois, nós duas nos recolhemos aos nossos quartos.

         Ao entrar, eu me apoio à porta e suspiro ao encarar minha cama. O que eu faria? Evitar dormir não era uma opção.  Mas eu ainda não sabia o que fazer quando o reencontrasse. Manter uma distância segura? Sim, sem dúvidas isso era mais do que necessário. Tentar conversar e fazê-lo entender que eu não queria um envolvimento íntimo com ele? Talvez fosse uma alternativa viável. Quem sabe a gente poderia ser apenas amigos, já que ao que parecia eu ia ter que aprender a conviver com a presença dele em meus sonhos.

         Totalmente insegura, eu me preparo para dormir. Quando fecho os olhos, já em minha cama, eu faço uma prece. Eu peço a Deus para me ajudar, porque eu não tinha a menor ideia de como iria ser esse novo encontro. Eu estava com medo. Não! Na verdade, eu estava apavorada. Depois daquele beijo, a situação tinha ficado ainda mais complicada. Se ele viesse com tudo para cima de mim novamente, eu não sabia como ia fazer para mantê-lo longe.

         Eu teria que ser forte e decidida. Forte e decidida! Fiquei repetindo essas palavras mentalmente como um mantra. E assim, adormeci. Não para cair no sono reconfortante dos braços de Morfeu e sim, para encarar o meu maior temor: o homem dos olhos cor de mel que se tornou mesmo sem o meu querer uma parte de mim.

***

        
         Eu abro meus olhos e um sol radiante no céu me recepciona mais uma vez naquele parque. Neste lugar, o dia é sempre incrivelmente belo, como um dia perfeito de verão. Outrora, esse paraíso particular era sinônimo de alegria e distração. Uma válvula de escape do mundo real. Um lugar onde eu poderia deixar as amarras sentimentais de lado. Agora, estar aqui me trazia apreensão. Provou-me que deixar a emoção falar mais alto é um erro que não se pode cometer nem em sonhos.

O Homem dos meus Sonhos (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora