Oi, Bom domingo leitoras! Pela primeira vez publico de madrugada. Achei legal postar mais cedo hoje porque assim quem gosta de ler até altas horas pode ficar feliz com mais esse capítulo. Beijos e até o capítulo 24!
– Merda! Mil vezes merda! – Eu esbravejo baixinho assim que acordo. Estou de novo à vida real e ela não é mais atrativa como costumava ser. Ao abrir os olhos no meu quarto, eu deixei para trás o homem dos meus sonhos e com ele, o meu coração. Quem pode viver sem um coração? Sem ele ao meu lado era como se eu estivesse incompleta, vazia por dentro.
Eu definitivamente tinha que dar o braço a torcer a Jess. Agora, eu entendo a sua busca incansável pelo amor de sua vida. Não tem coisa mais incrível do que estar apaixonada e ser correspondida. A conexão que eu sentia entre nós dois era impossível de ser explicada em palavras. Era surreal, como nossa relação, mas ainda verdadeira.
Minha melhor amiga só queria desfrutar da plenitude desse tipo de sentimento, dessa sensação de pertencimento um ao outro. Eu não a culpo. Na verdade, gostaria tanto de compartilhar com ela tudo que eu tenho vivido com o homem dos meus sonhos. Desde o primeiro encontro, o primeiro beijo, o meu medo enorme de me apaixonar, as minhas tentativas de fuga até o momento em que meu coração assumiu o comando e eu saltei do penhasco sem paraquedas nessa louca aventura. Mas eu não podia. Ela iria achar que eu endoidei. Posso até ouvi-la dizer:
– Yanna, você está com febre? Acho que tantas horas dedicadas ao estudo deve ter feito algum dano ao seu cérebro. Você não está no seu estado normal. Você tem noção do que está me dizendo? Você está apaixonada por um homem que só existe em seus sonhos? E eu que pensava que era eu quem fantasiava as coisas.
Jess podia até ser romântica e sonhadora, mas não era boba e nem estúpida. Na certa, se eu insistisse nessa história, ela ia ficar tão preocupada com o meu estado mental, que iria acabar contando a mamãe e lá iria eu parar no psiquiatra. Seria possível até que eu fosse internada em uma clínica de repouso para tratar minha neurose. (É eu sei, estou exagerando, mas tenho certeza que do consultório médico, eu não ia escapar).
Era melhor deixar as coisas como estavam, por enquanto. Eu mesma não sabia como lidar com essa nova vida que estava tendo em meus sonhos. Tudo ainda era muito recente. Eu podia estar sonhando com ele há semanas, mas fazia pouco tempo que tinha, enfim, aceitado que ele era parte fundamental de mim. Precisava analisar as consequências dessa insana paixão e saber como lidar daqui para frente.
Por falar (ops! pensar) em insanidade, o que era aquela casa de campo que surgiu em meio à mata. Esses sonhos sempre me reservavam surpresas. O homem dos meus sonhos era com certeza a maior delas, mas a casa não deixa de me intrigar. Como ela foi surgir bem ali. Eu não me lembro de tê-la visto nunca. Só se eu tivesse a visto em alguma foto em alguma revista especializada em decoração, ou mesmo na Internet. Mas eu achava difícil, uma casa como aquela teria marcado minha memória. Era linda e ainda um enigma.
Nós acabamos não terminando de vasculhar a casa. Ficamos presos na sala, naquele maravilhoso sofá. A atração inegável que pulsa entre nós me venceu mais uma vez. Eu me perdi completamente no calor dos seus braços e no doce gosto dos seus beijos. Só ele conseguia me fazer esquecer de tudo a minha volta. Eu podia estar em meio a mais bela paisagem ou na casa mais incrível que já estive e mesmo assim, tudo ficava relegado a segundo plano quando ele estava por perto. Quando ele me tocava. Era como se ele usasse de um feitiço poderoso capaz de me deixar cativa sob seu poder de sedução.
Agora, sem ele por perto para arruinar o meu juízo, estava decidida a descobrir o que mais aquela bela construção em meio ao bosque tinha a revelar. Eu sempre fui uma pessoa curiosa, não era atoa que ser jornalista era a profissão certa para mim.
Mesmo não tendo tido muito tempo para observar cada detalhe da sala, eu notei que apesar de toda a mobília cara e deslumbrante, não havia nem um objeto pessoal. Nada que pudesse me fazer entender o porquê da casa estar ali. Eu tinha que ter alguma relação com ela, não tinha? Ou será que mais uma vez a minha mente fértil estava pregando uma peça em mim? Além de criar o homem mais lindo que eu poderia imaginar, agora a casa mais linda? Só faltava daqui a pouco eu ir morar lá com ele em meus sonhos e ter lindos filhos imaginários naquele paraíso natural.
Esse pensamento fez meu coração se apertar e lágrimas não derramadas nublarem minha visão. Não que viver uma vida plena com ele não me interessasse. Longe disso. O que eu não suportava pensar, neste momento, era que isso nunca iria acontecer na vida real. Eu nunca iria apresentá-lo a mamãe e vê-la se encantar com ele como eu o fiz. Jess nunca iria conhecer o homem que faz minhas pernas tremerem e meu coração bater descompassado e rir da minha total falta de reação diante dele. Certamente, eu não trocaria aliança com ele e ele não seria o pai dos filhos que eu nem sabia que queria ter.
Antes que o peso dessas constatações me fizesse quebrar em um choro que seria difícil de ser contido, eu me levanto da cama e saio apressada do quarto em direção ao banheiro. Um banho me faria bem.
No corredor, torço para não dar de cara com mamãe. Eu não teria como explicar os olhos anuviados. Por sorte, não vejo nenhum sinal dela até fechar a porta e encarar a cerâmica branca do banheiro. Tiro meu pijama e evito olhar para o espelho, enquanto sigo para o boxe. Encarar-me seria como encarar a realidade dos fatos, que tanto quero ignorar neste momento. Então, entro debaixo do chuveiro e deixo a água morna lavar meus cabelos, minha pele e, sobretudo, minha alma.
Eu não ia me preocupar com isso. Não, por enquanto. Não, depois de ter sofrido dias sem saber o que fazer. Tentando a todo custo não me deixar me levar pelas emoções, não me entregar à paixão e no final, acabou sendo tão inútil quanto um feriado em dia de domingo. Eu ia desfrutar desse amor enquanto eu pudesse. Até onde isso me levaria, eu não sabia, mas estava disposta a descobrir.
Saí do banho, renovada. Eu foquei em relembrar apenas os nossos momentos juntos. Das suas mãos fortes em mim e na sua boca na minha. Do balé das nossas línguas. Do prazer que atravessa meu corpo toda vez que estamos unidos pelos nossos lábios e deixei para trás tudo que me perturbava.
Naquele domingo, eu queria apenas desfrutar de um dia tranquilo com mamãe, estudar e talvez, até pegar um cineminha com a Jess. Com certeza, teria um filme romântico em cartaz nas telonas para fazer minha amiga suspirar. Em outros tempos, eu iria preferir outro gênero, mas especialmente hoje, eu gostaria de assistir a um que me fizesse acreditar, nem que seja por um segundo, que todo amor é possível, inclusive os mais impossíveis.
Um tanto sonhadora, eu volto ao meu quarto e visto uma roupa confortável. O meu dia estava apenas começando e ao final dele, eu só esperava reencontrar o homem dos meus sonhos e ter a chance de voltar àquela casa de campo e descobrir o que mais existia escondido entre aquelas paredes. E desta vez, eu estava decidida a ir além da sala com bela lareira.
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O Homem dos meus Sonhos (COMPLETO)
RomanceDiferente da sua melhor amiga Jess, Yanna nunca acreditou em amor verdadeiro ou qualquer outro sentimento típico de livros de romance. Desiludida depois da separação dos pais, ela não quer saber ou focar em nada que seja diferente de seus estudos...