Capítulo 38

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-Yanna, o que você está fazendo aqui? - tenho a impressão de ouvir Jess gritar atrás de mim. Mas eu ignoro. Neste momento, não tenho condições de prestar atenção em nada além do que está na minha frente.

Eu ainda estou ajoelhada na grama verde e tenho tanto medo de estar delirando, que não tenho coragem nem de me mexer. Eu apenas coloco os óculos de sol na cabeça. Eu precisava enxergar sem nenhuma barreira.  

- Eu ouvi o canto dos pássaros. Gritei pelo seu nome, mas você não respondeu. Fiquei preocupada e então segui o som, que por sinal estava estrondoso - uma afobada Jess chega até mim - Yanna, você está chorando, você se machucou?

Como continuo incapaz de dizer uma única palavra, Jess se desespera e se abaixa para me ajudar a se levantar. Apoiada em minha amiga, eu volto a ficar sobre os meus pés.

-Yanna, fala alguma coisa! - insiste Jess, enquanto me examina de cima a baixo pra ver se eu realmente me machuquei.

- Jess - digo com um fio de voz e aponto com a mão direita para frente. Só assim, Jess se atenta para algo além de mim. Ela olha para onde indiquei e volta a olhar pra mim sem entender.

- O que tem a casa, Yanna? - pergunto confusa.

- Ela é… a casa dos meus sonhos  - enfim consigo sair do transe em que estava e responder com dificuldade.  

-  Casa dos seus sonhos? Você não sonhava com um homem, Yanna?

-  Essa casa apareceu no meus sonhos também. Era nela que eu e ele ficávamos durante os meus sonhos - explico e Jess arregala os olhos em compressão.

- O que você está esperando? Vamos logo descobrir quem vive lá. Com cert-eza, deve ser ele - antecipa-se Jess, já me puxando rumo a escadaria de pedra. Eu não posso acreditar que tudo é igual aos meus sonhos. A varanda cheia de plantas, o conjunto de bancos de madeira rústica até a rede multicolorida está a minha frente pela primeira vez no mundo real.

Jess está para bater na porta, porém eu a impeço. Ela me olha sem entender.

- Estou com medo - confesso.

- Do quê? O que você mais quer não é encontrá-lo? - indaga.

- É claro que quero. Mas Jess eu nem sei o nome dele. O que vamos dizer quando abrirem a porta? Ele pode ainda não existir. Tenho medo de acreditar e me decepcionar.

- Primeiro, nós podemos inventar uma desculpa. Eu sou boa atriz, pode deixar comigo - ela pisca o olho pra mim - Segundo, você prefere ficar na dúvida do que tentar?  

- Não é tão simples, Jess. Digamos que ele é real e atender a porta, o que eu digo pra ele? Se o homem que amo não souber quem sou? - exponho minhas preocupações e desta vez, Jess pondera por alguns instantes. Posso ver que ela está avaliando a melhor alternativa de abordagem nesta possível situação.

- Hum e se nós… - Jess é interrompida pelo barulho da porta de madeira se abrindo. Meu coração para por um segundo. Ainda não estou preparada para encontrar quem quer que fosse atrás daquela porta. Assustadas e sem reação, nós duas encaramos a pessoa que aparece à nossa frente.

- Bom dia! Em que posso ajudá-las? - pergunta uma senhora de meia-idade. Ela não é quem esperávamos. Será que seria a mãe dele? - conjecturo, enquanto desvio meu olhar pra Jess em busca de socorro. Não sei o que dizer a mulher.

- Olá, bom dia! - responde Jess por nós - Eu e minha amiga aqui, estamos hospedadas na propriedade vizinha. Saímos para dar uma volta e acabamos andando mais do que esperado. Será que a senhora poderia nos arranjar um copo d’água? A caminhada foi mais exaustiva do que imaginávamos - inventa. A desculpa não era das melhores, mas funcionou. Jess é mesmo incrível. Eu não poderia fazer isso sem ela.

- Claro, vamos entrar! - a gentil senhora nos convidou. Adentrar a casa de campo, foi como estar de volta aos meus sonhos. Eu aperto a mão de Jess. Ela é o meu suporte para não desmoronar. A sala de estar com a lareira está perfeitamente igual. Tudo está em seu devido lugar. Como isso era possível?

Jess e eu sentamos no confortável sofá bege, o mesmo que testemunhou momentos de intimidade entre o homem dos meus sonhos e eu. Quando a senhora saiu para cozinha para buscar os copos de água, eu sussurro para Jess.

- Está tudo igual ao que eu sonhei. A mobília, a arquitetura da casa. Tudo.

- Yanna, essa é mais uma prova que o homem dos seus sonhos é real - anima-se ainda mais.

- E como vamos fazer quando ela voltar para descobrir isso? - mais uma vez busco a ajuda de Jess para tomar as rédeas da situação. Eu não tinha condições dado ao meu nervosismo extremo de raciocinar com clareza.  

- Eu vou sondar. Pode deixar - respondeu com confiança.

Graças ao bom Deus, a mulher gostava de conversar. Quando ela retornou, descobrimos que se chamava Joana e que cuidava da casa há poucos meses. Ela e o marido eram os caseiros e tinham sidos contratados depois que o casal que ocupava o cargo deles precisou mudar dali. Instigada pelo sutil interrogatório de Jess, a mulher acabou contando também que os patrões nunca estiveram na casa depois que Joana havia começado a trabalhar lá.

- Eles moram na capital? - questiona Jess como quem não quer nada.

- Sim. Pelo que eu ouvi falar, eles vinham muito para cá. Principalmente, os filhos. Mas nunca apareceram depois que estou aqui - nesse momento eu e minha amiga nos entreolhamos. Precisávamos arrancar mais informações. Então, com o coração na garganta, eu tomo coragem para também fazer a investigação.

- Eles devem ser muitos ocupados, imagino. Para não virem desfrutar desse paraíso. Eu e Jess ficamos encantadas com a natureza. Queremos voltar logo - observo, na tentativa de saber mais dos donos daquele casarão.

A única coisa que sei é que a família está passando por um momento delicado. Mas não sei os detalhes. Eles pensam até vender a propriedade, segundo meu velho, me disse. Eu só espero que o novo dono mantenha os nossos empregos - confidencia a mulher, sem ter ideia que nos fornecia a oportunidade de ouro para conseguir o endereço deles na cidade.

- Jess, será que seu pai não teria interesse de comprar. A casa é tão linda - jogo a indireta e minha amiga entende.

- Acho que ele gostaria mesmo de um lugar assim para descansar, principalmente agora que se aposentou. Dona Joana, a senhora não tem o telefone dos donos ou mesmo o endereço para nos dar? Assim, meu pai pode entrar em contato.

Para nosso alívio, a mulher vai buscar a informação que Jess solicitou. Eu não sabia se ficava feliz ou apreensiva. Os dois sentimentos disputavam acirradamente o controle sobre mim. Eu estava tão ansiosa, que Jess teve que conter minha perna que balançava sem parar.

- Calma! Assim, você vai ter um treco. Quer morrer antes de encontrar o homem dos seus sonhos? - Jess mumurra em tom de brincadeira tentando me tranquilizar. Mas naquele momento, nada faria baixar o meus níveis de ansiedade, principalmente quando Joana entra na sala com um pedaço de papel na mão. Era esse papel que me levaria a desvendar todo o mistério por trás dos meus sonhos.

- Aqui, está! - entrega a anotação para Jess.

- Obrigada! Eu prometo que se papai comprar essa casa de campo, você e seu marido podem ficar tranquilos. O emprego permanecerá sendo de vocês - garante minha amiga a mulher.

Nós nos despedimos de Joana e deixamos a casa que era tão familiar para mim, como se fosse a minha própria. Meu coração ficou apertado em deixar para trás a única conexão no mundo real entre mim e o homem dos meus sonhos. Mas eu tinha que seguir em frente, porque o meu destino não estava naquela casa. Não propriamente, o meu destino estava no pedaço de papel que segurava Jess.

Assim, que pegamos a estrada de terra rumo a casa do Gustavo. Caminho mais curto e sem percalços, segundo a dona Joana, eu pego o papel das mãos da minha amiga. Apesar de impulsiva, Jess sabia que lê-lo era um privilégio só meu. Com as mãos trêmulas, eu abro a minúscula folha de caderno dobrada e encaro as letras ali escritas.

- Jess, nós podemos ir embora mais cedo?


Oi, queridas! A Yanna está cada vez mais perto de desvendar o mistério sobre o homem dos seus sonhos. Estamos caminhando para o final da história. O que estão achando até agora? Deixe sua opinião! Bjs e até o capítulo seguinte!

O Homem dos meus Sonhos (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora