Capítulo 04

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A luz do sol que entrava pela fresta da cortina me acordou. Ao abrir os olhos, notei que o livro que estava lendo tinha ido parar debaixo de mim. Pelo visto, eu tinha sido traída pelo sono mais uma vez. Enquanto retirava o livro das minhas costas, olhei para relógio de vinil. Ainda eram 08h00 manhã.

Sentindo-me disposta, resolvi colocar minha roupa de ginástica e correr um pouco. Depois da extravagância da noite passada, eu realmente precisava gastar um pouco de calorias.

Já de tênis, calça legging e regatinha saí do quarto e fui até a cozinha. Na pequena mesa de quatro cadeiras, encontrei pães, pão de queijo, manteiga, leite, café e frutas. Não pude evitar sorrir. Mamãe sempre me mimando, não que algum dia eu fosse reclamar de toda a atenção dela.

Sentei a mesa e debaixo da fruteira encontrei um recado dela informando que tinha ido ao supermercado. Como a minha intenção era perder e não ganhar mais calorias, eu optei por beber uma xícara de café e comer uma banana. Quando voltasse da corrida, eu reforçaria o café da manhã.

Depois de escovar os dentes e pegar meu iPod, eu estava pronta para sair. Não sem antes deixar um recado para mamãe avisando que tinha ido correr e que voltava em no máximo duas horas.

Já na rua, deixei o som de Work Bitch, de Britney Spears, embalar minhas passadas. Comecei com um trote, enquanto deixava para trás minha pacata rua e entrava em uma avenida mais movimentada, com algumas lojas comerciais. Eu morava em um bairro de classe média, considerado razoavelmente seguro. A maioria das residências era de casas, mas já havia alguns prédios que despontavam na vizinhança.

Passando pela padaria e um salão de beleza, acelerei o ritmo. Corri por mais de um quilômetro, quando a bela paisagem do parque do bairro me deu boas-vindas. O cheiro de mato preencheu minhas narinas imediatamente e por alguns instantes, eu parei e deixei a paz do ambiente me invadir. O ar fresco e as árvores que se estendiam no bosque me trouxeram uma lembrança: o sonho da última noite.

Ainda que vagamente, recordei ter sonhado que também estava em um parque e que existia um homem lá comigo. Mesmo não tendo visto o rosto dele direito, o rapaz me pareceu bonito. Por alguns instantes, me deixei pensar no sonho, quando o barulho de crianças brincando não muito longe, me trouxe de volta a realidade. Chacoalhando a cabeça, empurrei a lembrança para fora do meu cérebro e voltei a minha corrida.

Quando cheguei em casa, mamãe já tinha chegado e começara a preparar o almoço. Eu estava totalmente suada e com calor, então depois de dar bom dia a ela, passei direto para o banheiro.

Deixei a água me lavar por inteiro. Enquanto lavava meu cabelo com o meu shampoo de lavanda, fiz uma nota mental para ligar para Jess mais tarde para ver como ela estava. Eu sabia que ela se fazia de difícil, mas o fracasso do encontro de ontem ainda devia magoá-la.

De banho tomado, voltei à cozinha. Abri a geladeira e peguei uma maçã. Mamãe estava assando um frango no forno, que já exalava um cheiro gostoso no ar. Ela também preparava uma salada de alfaces com tomates e pepino. Enquanto ela cozinhava nosso almoço, aproveitei para ajudá-la com a louça da pia.

Durante todo o período em que ficamos lá dividindo as tarefas até sentarmos a mesa para almoçar, esperei mamãe retornar ao assunto namorado. Mas felizmente, ela não o fez. Por ora, eu estava à salva. Graças ao bom Deus!

Eu não queria conversar sobre isso com ela. Era difícil para eu pensar em relacionamentos depois de presenciar a infelicidade que mamãe viveu durante o casamento com papai. Claro, que meus pais tiveram momentos felizes e de harmonia, mas foram raros. Ao menos, os que tenho lembrança.

O Homem dos meus Sonhos (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora