Capítulo 15

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Eu me deito para dormir ainda sem conseguir tirar da cabeça a história de amor de mamãe e o garoto da sua juventude. Enquanto ela me contava sobre os momentos que os dois viveram juntos, os olhos dela cintilavam. Um brilho tão intenso que não me lembro de ter visto neles durante o tempo de casamento com papai. Ela foi feliz com Fabrício, mesmo que tenha sido uma felicidade efêmera.

Mamãe não disse, mas não precisava. Era nítido que ela não se arrependia de ter embarcado nesta aventura amorosa, mesmo que tenha durado tão pouco tempo. As marcas dessa paixão ela iria que carregar dentro do coração pelo resto da vida, mas essas eram marcas de alegria, êxtase e saudade.

Ao ver mamãe falar deste homem com tamanha paixão, não pude deixar de pensar no rapaz que todas as noites vem ao meu encontro em sonhos. Mesmo sendo difícil, eu tinha que admitir que ele mexera comigo desde a primeira vez. Ele era bonito, porém algo a mais além da beleza me atraíra nele. Ele emana uma força que me diz que ele é especial e único. Eu sei que é estranho para um homem que não passa de uma ilusão, mas é a verdade. Eu sinto isso em minha alma.

Apenas não sabia o que fazer com esse sentimento. Tudo era novo para mim. Eu deveria me entregar totalmente às emoções que ameaçam me engolfar todas as vezes que eu o vejo, como fez mamãe com Fabrício? Ou deveria proteger meu coração dos riscos certos que uma paixão improvável como essa certamente iria causar-me? Céus! Eu estava confusa. Não tinha a menor ideia do que eu faria.

E foi assim sem resposta alguma para minhas dúvidas e medos que parti para reencontrar mais uma vez o homem dos meus sonhos.

***

- Esperava por você.

A voz grave e rouca dele é a primeira coisa que escuto quando chego ao parque que se tornou tão familiar quanto minha casa. Desta vez, ele teve o bom senso de manter certa distância para não assustar-me.

Assim que me sento dou de cara com ele. Como sempre a visão dele me faz estremecer e o coração palpitar. Será que algum dia iria me acostumar com sua presença? Eu receava que não.
Ele também está sentado à grama. As pernas dobradas a frente do corpo e os braços contornando-as. Ele parecia um desses modelos de campanha de roupa masculina. Era injusto ter que resistir a um homem como esse. Por que ele não era uma versão humana do Homer Simpson? Assim, talvez essa missão fosse bem menos difícil.

Acima de nós, o sol brilha no céu quase sem nuvens. Eu me levanto e ele me acompanha fazendo o mesmo. Nervosa por estar diante dele, fito o chão e enxugo as mãos no meu camisetão de dormir.

- Este é o meu preferido - as suas palavras me fazem voltar meus olhos de imediato para ele.

- O quê? - pergunto sem entender.

- Seu pijama. Esse é o que mais gosto. Te deixa com um ar inocente. Eu diria que até ingênua. É sexy pra caramba! - diz enquanto varre todo o meu corpo com o olhar.

Imediatamente, eu fico vermelha. Sinto minha pele queimar de tão sem jeito que estou e ele parece se divertir com o meu constrangimento, já que estampa um sorriso largo no rosto.

Ele não pode estar falando sério! Meu pijama da Mimie tinha o mérito de ser confortável, mas em uma escala de 1 a 10 no quesito sensualidade, ele receberia nota 0, com congratulações. Sexy ou não, o certo é que eu me sentia exposta com aqueles olhos cor de mel me secando e mesmo sabendo que o camisetão batia quase em meus joelhos, em tentei inutilmente deixá-lo mais comprido puxando as bordas para baixo.

- Relaxa, meu anjo! Você sabe que não é a primeira vez que te vejo em seus pijamas. Para ser bem honesto, a visão de você neles me deixa completamente louco - fala com naturalidade.

- Você já me viu vestida neles, é verdade, mas é a primeira vez que você os menciona. Estou começando a achar que prefiro sua versão muda - recruto, agora mais irritada do que envergonhada. Em resposta ao que eu disse, ele apenas solta uma gargalhada, se aproximando de mim.

- Tarde demais para isso! Mas se você deseja tanto que eu me cale, eu conheço um ótimo jeito de você me manter de boca fechada.

De repente, eu tenho uma mão dele em minha cintura e a outra na minha nuca. Em um piscar de olhos, o espaço entre nós é reduzido à zero. Antes mesmo que eu possa racionar, os lábios deles cobrem os meus. A língua dele duela contra a minha em uma disputa imaginária. O beijo não tem nada de delicado. É urgente, profundo e possessivo. Absorvida pelo gosto dos lábios deste homem, eu não consigo pensar em mais nada. Todo e qualquer pensamento esvai perante o turbilhão de sensações que sinto naquele momento. O beijo dele reafirma o que os seus olhos já me diziam: Ele me quer, ele me deseja e levada pelas emoções eu correspondo ao beijo com igual fome.

Perdida em seus lábios, eu só me dou conta do que estou fazendo quando o canto das andorinhas ao longe me tira do meu estado de entorpecimento. Eu quebro o beijo, mas sou impedida por ele de quebrar também o abraço. Estou ofegante. Com ele não é diferente. Estamos unidos testa contra testa, eu mantenho os meus olhos fechados não querendo enfrentar aqueles olhos cor de mel, enquanto tento fazer minha respiração voltar ao normal.

Se antes, com os seus lábios colados aos meus eu não conseguia sequer pensar, agora é tudo o que eu faço neste momento. Penso no seu beijo e o que tudo isso representa para mim. Há muito eu desejava por isso. Eu quis ter os lábios dele nos meus, descobrir o seu gosto, o sabor da sua boca. Agora que eu conhecia, estava realmente ferrada. Se o aroma de chuva e especiarias que era só dele era capaz de me inebriar, o gosto do seu beijo era capaz de tirar minha sanidade, de me enlouquecer.

Eu nunca tinha sido beijada desta forma, com intensidade e paixão. Será que era dessa forma que mamãe se sentia quando era beijada por Fabrício?! Em uma montanha russa de emoções, porque era assim que eu me sentia agora. De um lado extremante exultante pelo beijo. De outro, mais assustada do que já estive alguma vez na vida. Querendo um pouco de espaço para por o raciocínio e meus sentimentos em ordem, eu peço:

- Por favor, me solte! - Minha voz não é mais que um sussurro.

- Por que? - questiona, com uma voz mais rouca do que habitual, me deixando ainda mais exaltada.

- Yanna, você não sente que aqui é seu lugar. Aqui, envolta em meus braços, junto a mim? Você sempre gostou do meu abraço. Minutos atrás, você correspondeu ao beijo que eu sei que era um desejo tão meu quanto seu. Por que você quer fugir agora? - pergunta ainda sem me soltar.

Eu me forço a abrir os olhos e encontrar aquelas pupilas marrons que espelham o meu rosto. Ele quer uma resposta que nem eu sabia ao certo se podia dar a mim mesma. Sim, eu sinceramente gosto de me aconchegar em seus braços, que mulher em sã consciência não gostaria. Ele era incrível. Mas eu não podia me entregar a ele. Seria como por meu coração em uma bandeja e oferecê-lo sem chance de devolução. Eu não poderia dar-lhe todo esse poder sobre mim. Não era corajosa como minha mãe um dia foi.

Porém, eu também não sabia como resistir e me afastar dele definitivamente. Enquanto tudo não passava de uma brincadeira, eu me deixei me envolver e agora percebo que esse foi o meu erro. O ditado popular é verdadeiramente sábio: "Quem brinca com fogo, acaba por se queimar" e eu estava a ponto de me carbonizar inteira.

Oi, tudo bem? Espero que tenham gostado do primeiro beijo do casal. Rs... Beijos e até o próximo capítulo! Ah, não deixem de comentar e deixar seu voto. Como sempre, eles são importantes. Abraço!

Ps: Sempre que eu encontrar uma imagem que possa retratar o capítulo eu vou colocar. Ok?

O Homem dos meus Sonhos (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora