DAN SMITH - FEVEREIRO DE 2002.
Os dias se passaram um, dois, quatro, seis e ela havia "sumido" eu não a havia visto mais na escola, algumas vezes fui ao parque na esperança de que ela estivesse lá, nada. Algumas semanas depois ela entrou na loja toda ensopada, como na primeira vez em que nos vimos, com o casaco vermelho e botas rosa de doer à vista. Ela veio diretamente até o balcão e soltou um despojado olá como se nós tivéssemos nos falado ontem.
Eu queria perguntar onde diabos ela tinha se metido, e quem ela pensava que era pra entrar e sair da minha vida de uma hora para outra. Mas tudo isso soava muito pessoal, ela não me devia satisfações, não tínhamos nada, eu se quer sabia o nome dela.
Mas ela também tinha me levado até aquela praia e me feito desenterrar brinquedos de crianças estranhas da areia, isso devia significar alguma coisa, principalmente depois de eu ter levado uma baita bronca da minha mãe devido à quantidade de areia no meu paletó. Sem mencionar aquela "conversa" com os meus pais sobre eu confiar em contar tudo para eles e caso não acontecesse eu ia estar muito encrencado.
"Eu só fui ao parque com o Woody e alguns amigos mais velhos dele depois da escola"
Eu dizia com a minha cara mais cínica.
"Não nós não bebemos"
"Eu não estou usando drogas"
"A areia é da beira do lago"
"Sim você pode ligar para ele para confirmar"
Woody confirmou claro.
Depois de todo esse sufoco ela me devia uma explicação, e como se estivesse lendo a minha mente antes de eu pronunciar qualquer coisa ela disse:
-Desculpe o sumiço, eu estava detida, você sabe o carro, o horário, a areia na minha roupa - Ela disse divagando.
-Também tive problemas com a areia - Eu disse sorrindo como um bobo.
- Desculpe por isso também.
- Não se precisa se desculpar, valeu a pena.
Depois disso a conversa morreu, anos depois eu ainda havia de ser um fiasco em manter conversa com garotas.
Então quando ela colocou o cabelo atrás da orelha e eu vi uma pulseira preta com uma correntinha eu me lembrei.
Alguns dias depois ao nosso passeio eu havia comprado um presente de natal digno para ela.
Era uma pulseira de prata ou algo parecido, era bom que fosse prata mesmo, pois custaram alguns meses de mesada guardada.
Havia sido uma manobra esconder aquilo da minha mãe, ela havia começado a ficar de olho severamente em mim depois daquele dia. Arrumava meu quarto quase todos os dias (mesmo que não precisasse), tentava controlar meu dinheiro, meus horários eram monitorados e qualquer atraso ela chamava a polícia.
Por isso eu havia aceitado ir ao Shopping com ela e Sophie em uma "tarde de meninas" e havia usado a desculpa de que não poderia dar nenhuma opinião útil sobre vestidos para meninas de quatro anos para poder sair e encontrar algo legal para ela.
Mas o presente havia ficado em casa, um embrulho retangular que eu havia escondido da minha mãe no case do meu teclado.
- Eu te comprei um presente de natal legal como prometi, mas ficou em casa. - Eu disse fingido arrumar as barrinhas de chocolate.
- Sério? - Ela disse de repente dando pulinhos de empolgada.
- Sim, você pode vim buscar amanhã - bingo! Eu havia matado dois coelhos com uma cajadada só.
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A Garota Do Casaco Vermelho
RandomEu ainda posso vê-la mexer nos discos rapidamente enquanto cantarolava uma música baixinho. Era ela uma pessoa muito frágil eu acho. Eu nunca realmente soube quem era ela. Ou talvez eu a conhecesse melhor do que todos, mas não o suficiente pra fazê...