O segundo ano e as constatações

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DAN SMITH - 2002.

Desde o pedido oficial eu andava todo empolgado, queria mostrar pra todo mundo (meus pais e a banda) que eu tinha uma namorada, mas antes eu tinha que apresentá-los.
Eu já havia pedido para Molly várias vezes ir aos ensaios da banda, ela sempre mudava de assunto ou me deixava no vácuo, mas agora era especial, nós namoravamos e era normal eu querer apresentá-la aos meus amigos.
Ela havia concordado em ir em um sábado ao ensaio e eu havia dito a todo mundo todo empolgado que eu queria que eles conhecessem uma pessoa, mas ela nunca apareceu.
Ela sumiu por dias.
Nós havíamos esperado a tarde inteira, minha mãe tinha convidado todos para jantar, e enquanto eu estava insistindo que devíamos esperar a tal pessoa ela perguntou se eu não podia ligar e ver se ela ainda vinha.
Foi então que algumas coisas caíram em cima de mim como um balde de água fria, eu não tinha o telefone dela, o endereço, certamente o seu nome não era Molly, eu estava namorando uma completa estranha. Aquela situação me deixou angustiado por dias, principalmente os que ela passou sem dar sinal de vida, quando ela retornou como se nada tivesse acontecido eu não era mais o mesmo, não conseguia olhar para ela sem me perguntar quem era aquela completa estranha, eu não sabia exatamente nada sobre ela e talvez estivesse namorando uma pessoa que não existia, o fruto de um devaneio de uma garota problemática.
Eu sabia que ela tinha problemas. Era visível todas as vezes em que ela divagava ou mudava de humor rapidamente, mas eu estava tão apaixonado que não percebi e agora tudo havia me atingido como um raio é estava difícil ignorar esses pensamentos.
Quando o segun do ano o ensino médio chegou eu havia mudado de um nerd gordinho para alguém com uma perda subta absurda de peso que vivia sempre desatento e no mundo da lua, todos notaram, Kate principalmente mas eu nunca contei nada a ela.

DAN SMITH - ATUALMENTE.

- Terra para Dan. Kate estala os dedos na minha frente e eu volto a encarar o espelho, a imagem reflete um cara alto com um terno azul escuro bem formal.
- Não seja tão convencido! Ela diz me jogando uma gravata prateada.
- O que?? Eu digo sem entender.
- Você fica aí se admirando na frente do espelho como se o mundo não soubesse que você é bonitão!
- A culpa não é minha!!! Eu digo divertido.
Eu serei o padrinho do casamento de Kate, e como todo padrinho tem que vestir algo parecido com o noivo ela se ofereceu para me ajudar a escolher o terno, o que eu tive que dar graças a Deus porque não está sendo uma tarefa fácil!
- Deixa que eu faço isso - ela puxa a gravata com a qual eu estava lutando se posiciona na minha frente para colocá-la - você sabe se Sophie vai trazer o namorado dela? Eu preciso colocá-lo na lista.
Ela pergunta terminado o serviço e se posicionando atrás de mim enquanto olhamos o resultado no espelho.
- É noivo na verdade, e provavelmente sim. - Eu afrouxo o nó e ajeito as mangas do terno.
- Noivos já? Meu Deus estamos ficando velhos!!!
Ela sorri e me abraça por trás colocando um dos braços no meu ombro e posicionando uma gravata vermelha na altura do meu pescoço.
- Eu acho que este aqui já está ótimo!
- Tudo fica ótimo em você Dan, você parece um maldito ser humano desenhado por Michelangelo!
- Você até que não é feia. - Eu digo enquanto ela retira a gravata cinza e coloca a vermelha.
Nós olhamos a imagem no espelho e analisamos por alguns minutos, eu nunca consigo olhar qualquer coisa vermelha por muito tempo sem lembrar dela, o casaco, a mochila, as botas, eu odeio essa maldita cor, ou será às lembranças que ela me traz?
- Eu pagaria um milhão de libras pelos seus pensamentos! - Kate dispara me tirando do transe novamente, esses momentos tem acontecido bastante desde de que eu procurei aquele detetive há alguns dias atrás, a ideia de reencontra-lá tem me deixado ansioso.
- Você não tem um milhão de libras - eu rio dela e só agora percebo que ela está me abraçando pelas costa e sua cabeça repousa sobre meu ombro, a imagem me deixa um pouco desconfortável.
- Mas você tem e poderia me emprestar! - Ela desfaz o abraço e finalmente solto o ar que nem que estava segurando.
- Não vou te emprestar dinheiro só pra satisfazer sua curiosidade sobre os meus devaneios, e além disso você sabe que não precisa pagar pra saber o que eu estou pensando!
- Hum.. - Ela cerra os olhos sobre mim e eu me sinto constrangido - então o que está acontecendo?
- Nada.
- Então porque eu sinto que você está me escondendo algo? - eu dou de ombros e a ajudo a devolver os ternos para as araras - Vamos Danny, o que está te deixando ansioso?
- Não é nada, de verdade.
Eu não posso contar pra ela as vésperas do seu casamento que eu estou surtando com uma história boba de colegial e que pra piorar eu ainda envolvi um detetive nisso!
- Está sentindo que está ficando pra titio não é?
- O que? De onde você tirou isso???
- Ralph me contou que você estava se sentido deixado pra trás vendo todos os seus amigos casando e formando família.
Maldito Ralph.
- É mais ou menos isso. - Eu digo não querendo entrar muito na conversa.
- Olha Dan, nós somos melhores amigos desde sempre, se algo está te afetando você sabe que pode falar comigo.
- Nah, é só bobagem e além disso você vai casar daqui a duas semanas e tem coisa mais importante para de preocupar.
- Como se eu fosse cancelar meu casamento, Dan você é meu melhor amigo e eu me preocupo com você.
- Eu sei, eu também me preocupo com você.
Ela me olha tentando me analisar e e eu me sinto extremamente desconfortável.
- Ei - ela segura em meus ombros e arruma o tecido amarrotado - eu realmente estou preocupada com você sabia? Não quero que aquilo aconteça de novo.
Eu aceno levemente e ela me abraça carinhosa, eu deveria contar, antes que tudo se repita e ela não me perdoe dessa vez.

A Garota Do Casaco VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora